Pessoas em situação de rua de Fortaleza: a expressão da pobreza e modos de enfrentamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Esmeraldo Filho, Carlos Eduardo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/62595
Resumo: This research approachs the expression of poverty in the context of homeless people, as well as their ways of coping, based on the following questions: how is poverty manifested among homeless people? What ways of coping practices against poverty are used by people living on the streets? Each question originated two studies, the first of which has the general objective: to analyze the manifestation of poverty among homeless people in Fortaleza-CE; the second aims to understand the ways of confronting poverty implemented by people living on the streets in the city of Fortaleza-CE. This research used quantitative and qualitative approaches. The first enabled the construction of the Multidimensional Poverty Index (MPI) specific for this population, as well as the measurement of multidimensional poverty. A total of 236 homeless people participated, by answering the questionnaire. Using the SPSS 21 software, we performed Analysis of Variance (ANOVA), Analysis of Correlations, Student's t test, Chi-Square test and Descriptive Statistics. The qualitative stage allowed the study of the meanings attributed by the participants about the condition of poverty and coping practices. For data analysis, we used Atlas ti 5.2, based on Bardin's Content Analysis. The multidimensional concept proved to be adequate for investigating the poverty of homeless people, considering the multiplicities of deprivation and the insufficiency of the monetary perspective. Almost all participants are in multidimensional poverty or vulnerable to poverty. Considering the work/income, health, education, subjective and human rights dimensions, the results showed the scope of the precariousness of life on the streets. Just over half of the participants have work activities, usually informally. Those who ask for money are the ones with the greatest multidimensional poverty, while those who receive the Bolsa Família showed less poverty. Despite the support network that helps with food, there are reports of hunger and searching for food in the garbage. On the psychosocial implications of poverty, the results point to self-blame, humiliation and shame. Associated with these processes, the intensity of the rights violations of the homeless population drew attention, with an emphasis on discrimination in the public service and violence of all types. The poorest participants are also the ones who suffer the most violence and discrimination, with the main aggressors being other people living on the streets and the police. The consequences of these practices imply psychosocial suffering and feelings of inferiority. The ways of coping were shown to be associated with the available social support network. The most common practices are of an individual nature, such as begging and work activities, but collective actions were also identified, mainly around the National Movement of the Street Population (MNPR), which, even though incipient, tries to fight for the guarantee of rights and public policy. The conclusions indicate that homeless people experience extreme multidimensional poverty, and it is essential to understand these conditions as a structurally determined process, a result of the current model of neoliberal capitalism.
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The first enabled the construction of the Multidimensional Poverty Index (MPI) specific for this population, as well as the measurement of multidimensional poverty. A total of 236 homeless people participated, by answering the questionnaire. Using the SPSS 21 software, we performed Analysis of Variance (ANOVA), Analysis of Correlations, Student's t test, Chi-Square test and Descriptive Statistics. The qualitative stage allowed the study of the meanings attributed by the participants about the condition of poverty and coping practices. For data analysis, we used Atlas ti 5.2, based on Bardin's Content Analysis. The multidimensional concept proved to be adequate for investigating the poverty of homeless people, considering the multiplicities of deprivation and the insufficiency of the monetary perspective. Almost all participants are in multidimensional poverty or vulnerable to poverty. Considering the work/income, health, education, subjective and human rights dimensions, the results showed the scope of the precariousness of life on the streets. Just over half of the participants have work activities, usually informally. Those who ask for money are the ones with the greatest multidimensional poverty, while those who receive the Bolsa Família showed less poverty. Despite the support network that helps with food, there are reports of hunger and searching for food in the garbage. On the psychosocial implications of poverty, the results point to self-blame, humiliation and shame. Associated with these processes, the intensity of the rights violations of the homeless population drew attention, with an emphasis on discrimination in the public service and violence of all types. The poorest participants are also the ones who suffer the most violence and discrimination, with the main aggressors being other people living on the streets and the police. The consequences of these practices imply psychosocial suffering and feelings of inferiority. The ways of coping were shown to be associated with the available social support network. The most common practices are of an individual nature, such as begging and work activities, but collective actions were also identified, mainly around the National Movement of the Street Population (MNPR), which, even though incipient, tries to fight for the guarantee of rights and public policy. The conclusions indicate that homeless people experience extreme multidimensional poverty, and it is essential to understand these conditions as a structurally determined process, a result of the current model of neoliberal capitalism.Essa pesquisa aborda a expressão da pobreza no contexto das pessoas em situação de rua, bem como as suas formas de enfrentamento, partindo dos seguintes questionamentos: como se manifesta a pobreza junto a pessoas em situação de rua? Quais os modos de enfrentamento à pobreza são utilizados pelas pessoas em situação de rua? Cada pergunta originou dois estudos, sendo que o primeiro tem como objetivo geral: analisar a manifestação da pobreza junto a pessoas em situação de rua de Fortaleza-CE; já o segundo objetiva compreender os modos de enfrentamento à pobreza concretizados pelas pessoas em situação de rua do município de Fortaleza-CE. Trata-se de uma pesquisa com uso de abordagens quantitativa e qualitativa. A primeira possibilitou a construção do Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) específico para essa população, bem como a mensuração de pobreza multidimensional. Participaram 236 pessoas em situação de rua, que responderam ao questionário. Com auxílio do software SPSS 21, realizamos Análises de Variância (ANOVA), Análises de Correlações, teste t de Student, teste de Qui-Quadrado e Estatísticas Descritivas. A etapa qualitativa permitiu o estudo dos significados atribuídos pelos participantes sobre a condição de pobreza e as práticas de enfrentamento. Para a análise do dados, usamos o Atlas ti 5.2, baseando-se na Análise de Conteúdo de Bardin. A concepção multidimensional se revelou adequada à investigação da pobreza de pessoas em situação de rua, tendo em vista as multiplicidades de privações e a insuficiência da perspectiva monetária. Quase todos os participantes estão em situação de pobreza multidimensional ou vulneráveis à pobreza. Considerando as dimensões trabalho/renda, saúde, educação, subjetiva e direitos humanos, os resultados evidenciaram a abrangência da precariedade da vida nas ruas. Pouco mais da metade dos participantes exercem atividades de trabalho, geralmente na informalidade. Os que pedem dinheiro são os que apresentaram maior pobreza multidimensional, já os que recebem bolsa família manifestaram menor pobreza. Apesar da rede de apoio que auxilia com a alimentação, há relatos de fome e de busca de comida no lixo. Sobre as implicações psicossociais da pobreza, os resultados apontam para autoculpabilização, humilhação e vergonha. Associada a esses processos, chamou atenção a intensidade das violações de direitos da população em situação de rua, com ênfase na discriminação no serviço público e na violência de todos os tipos. Os participantes mais pobres são também os que mais sofrem violência e discriminação, sendo que os principais agressores são outras pessoas em situação de rua e a polícia. As consequências dessas práticas implicam em sofrimento psicossocial e sentimentos de inferioridade. Os modos de enfrentamento se mostraram associados à rede de apoio social disponível. As práticas mais comuns são de cunho individual, como a mendicância e atividades de trabalho, mas também foram identificadas ações coletivas, principalmente em torno do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), que, mesmo que incipiente, tenta lutar por garantia de direitos e políticas públicas. As conclusões indicam que as pessoas em situação de rua vivenciam pobreza extrema multidimensional, sendo fundamental entender essas condições como processo estruturalmente determinado, resultado do atual modelo de capitalismo neoliberal.Ximenes, Verônica MoraisEsmeraldo Filho, Carlos Eduardo2021-11-30T17:39:08Z2021-11-30T17:39:08Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfESMERALDO FILHO, Carlos Eduardo. Pessoas em situação de rua de Fortaleza: a expressão da pobreza e modos de enfrentamento. Orientadora: Verônica Morais Ximenes. 2021. 269 f. 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