O "terrível flagello da humanidade": os discursos médico-higienistas no combate à sífilis na Paraíba (1921-1940).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ARAÚJO, Rafael Nóbrega.
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/12461
Resumo: Esta dissertação analisa os discursos médico-higienistas no combate à sífilis na Paraíba no período que compreende o recorte de 1921 a 1940. Serão problematizados os enunciados médicos feitos sobre a doença, com ênfase as práticas educativas tecidas a partir da preocupação com o cuidado da higiene corporal e, principalmente, sexual. Significada como uma praga sexual, a propagação desta enfermidade esteve diretamente associada aos vícios sexuais e à prostituição, mobilizando os discursos médicos em prol de uma educação higiênica para a incorporação de hábitos e práticas sexuais saudáveis por parte da população. Urgia a necessidade de tornar hígidos os corpos por parte, principalmente, dos homens, e de mulheres paraibanas, para fomentar casamentos saudáveis do ponto de vista higiênico e eugênico, com a finalidade de proteger a infância das nefastas consequências da sífilis hereditária ou adquirida, salvaguardando assim, as futuras gerações. Nesse contexto, os poderes públicos investiram em instalações sanitárias e políticas de saúde pública a partir de um modelo de medicina social, com a construção de dispensários antivenéreos na capital e no interior do estado para combater o “terrível flagello da humanidade” que corroía a população paraibana. Folheando as páginas de impressos da época, os leitores poderiam ter acesso também a práticas de cura a partir de anúncios de medicamentos e tratamentos médicos com especialistas que prometiam curar a sífilis. Busco problematizar as sensibilidades dos corpos enfermos acometidos pela sífilis nas primeiras décadas do século XX, revelando os estigmas negativos que estavam associados a doença que fragilizavam ainda mais estes sujeitos históricos. As principais fontes que compõe o corpus documental da pesquisa são periódicos impressos que circularam na Paraíba no período, tais como o jornal A União, algumas revistas como Era Nova e Medicina, além de documentos oficias como os Relatórios de Presidente de Estado e Relatórios do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, a fim de perceber os discursos que eram enunciados sobre a sífilis. A análise do discurso a partir do que foi proposto por Michel Foucault (2012) é utilizada como metodologia, possibilitando problematizar os interesses e as relações de poder que produziram enunciados sobre a doença na Paraíba. Ao discutir como os discursos foram elaborados, o historiador se apropria dos sentidos presente nas fontes e produz novos significados ao enunciar e estabelecer as interpretações dos acontecimentos que ora elabora em seu discurso. Conceitos como o de medicina social, formação discursiva, disciplina e biopolítica, postulados por Michel Foucault (2008; 2013; 2014; 2015), a noção de doença como metáfora de Susan Sontag (2007) e estigma a partir de Goffman (2013) permeiam toda a discussão, contribuindo para historicizar o fenômeno mórbido da sífilis na Paraíba.
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Urgia a necessidade de tornar hígidos os corpos por parte, principalmente, dos homens, e de mulheres paraibanas, para fomentar casamentos saudáveis do ponto de vista higiênico e eugênico, com a finalidade de proteger a infância das nefastas consequências da sífilis hereditária ou adquirida, salvaguardando assim, as futuras gerações. Nesse contexto, os poderes públicos investiram em instalações sanitárias e políticas de saúde pública a partir de um modelo de medicina social, com a construção de dispensários antivenéreos na capital e no interior do estado para combater o “terrível flagello da humanidade” que corroía a população paraibana. Folheando as páginas de impressos da época, os leitores poderiam ter acesso também a práticas de cura a partir de anúncios de medicamentos e tratamentos médicos com especialistas que prometiam curar a sífilis. Busco problematizar as sensibilidades dos corpos enfermos acometidos pela sífilis nas primeiras décadas do século XX, revelando os estigmas negativos que estavam associados a doença que fragilizavam ainda mais estes sujeitos históricos. As principais fontes que compõe o corpus documental da pesquisa são periódicos impressos que circularam na Paraíba no período, tais como o jornal A União, algumas revistas como Era Nova e Medicina, além de documentos oficias como os Relatórios de Presidente de Estado e Relatórios do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, a fim de perceber os discursos que eram enunciados sobre a sífilis. A análise do discurso a partir do que foi proposto por Michel Foucault (2012) é utilizada como metodologia, possibilitando problematizar os interesses e as relações de poder que produziram enunciados sobre a doença na Paraíba. Ao discutir como os discursos foram elaborados, o historiador se apropria dos sentidos presente nas fontes e produz novos significados ao enunciar e estabelecer as interpretações dos acontecimentos que ora elabora em seu discurso. Conceitos como o de medicina social, formação discursiva, disciplina e biopolítica, postulados por Michel Foucault (2008; 2013; 2014; 2015), a noção de doença como metáfora de Susan Sontag (2007) e estigma a partir de Goffman (2013) permeiam toda a discussão, contribuindo para historicizar o fenômeno mórbido da sífilis na Paraíba.This dissertation analyzes the medical-hygienist discourses in the fight against syphilis in Paraíba during the period from 1921 to 1940. The medical statements made about the disease will be problematized, with emphasis on educational practices based on the concern with hygiene care. body and especially sexual. Signified as a sexual plague, the spread of this disease was directly associated with sexual addictions and prostitution, mobilizing medical discourses in favor of a hygienic education for the incorporation of healthy sexual habits and practices by the population. Urged the need to make the bodies of men and women of Paraíba healthy, to promote healthy marriages from the hygienic and eugenic point of view, in order to protect the child from the harmful consequences of hereditary or acquired syphilis, safeguarding thus, future generations. In this context, the public authorities invested in sanitary facilities and public health policies based on a model of social medicine, with the construction of anti-aircraft dispensaries in the capital and the interior of the state to combat the “terrible flagello of humanity” that eroded the population of Paraíba. Flipping through the print pages of the time, readers could also gain access to healing practices from drug advertisements and medical treatments with specialists who promised to cure syphilis. I seek to problematize the sensitivities of the diseased bodies affected by syphilis in the first decades of the twentieth century, revealing the negative stigmas that were associated with the disease that further weakened these historical subjects. The main sources that make up the documentary corpus of the research are printed periodicals that circulated in Paraíba in the period, such as the newspaper A União, some magazines such as Era Nova and Medicina, as well as official documents such as the President's Reports and Service Reports. Sanitation and Rural Prophylaxis, in order to understand the speeches that were stated about syphilis. The discourse analysis based on what was proposed by Michel Foucault (2012) is used as a methodology, making it possible to problematize the interests and power relations that produced statements about the disease in Paraíba. By discussing how the discourses were elaborated, the historian appropriates the senses present in the sources and produces new meanings by stating and establishing the interpretations of the events that he elaborates in his discourse. Concepts such as social medicine, discursive formation, discipline and biopolitics, postulated by Michel Foucault (2008; 2013; 2014; 2015), Susan Sontag's notion of disease as a metaphor (2007) and stigma from Goffman (2013) permeate the whole discussion, contributing to historicize the morbid phenomenon of syphilis in Paraíba.CapesUniversidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHPÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIAUFCGSOARES JÚNIOR, Azemar dos Santos.SOARES JÚNIOR, A. S.http://lattes.cnpq.br/5548182860228173MIRANDA, Carlos Alberto Cunha.OLIVEIRA , Iranilson Buriti de.ANDRADE, Vivian Galdino de.MARIANO, Serioja Rodrigues Cordeiro.ARAÚJO, Rafael Nóbrega.2020-02-072020-03-10T11:46:22Z2020-03-102020-03-10T11:46:22Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/12461ARAÚJO, R. N. O "terrível flagello da humanidade": os discursos médico-higienistas no combate à sífilis na Paraíba (1921-1940). 2020. 250 f. Dissertação (Mestrado em História) Pós-Graduação em História, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2020. 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