Fazendas e casas de taipa: a dinÃmica do sistema de moradores no semiÃrido

• Autor(a) principal: Edgar Braga Neto
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=19687
• topic: Moradores; Fazendas; SemiÃrido; DominaÃÃo; Seca; ResistÃncia Camponesa; Moradores; Farms; Semi-arid; Domination; Peasant Resistance; SOCIOLOGIA

Da mesma forma que extinguiram os Ãndios do Cearà por meio de um decreto na segunda metade do sÃculo XIX, querem extinguir a categoria de moradores, âesvaziando as fazendasâ, em razÃo de uma suposta modernizaÃÃo das relaÃÃes de produÃÃo do semiÃrido. Influenciados por estudos sobre zonas rurais de alta capitalizaÃÃo, que modernizaram as relaÃÃes de trabalho, generalizam, pois, esta particularidade para todo o territÃrio brasileiro. Assim, com a âliquidaÃÃo da moradaâ, decretam o fim da dominaÃÃo tradicional â do coronelismo, do voto de cabresto, dos currais eleitorais etc. Esta tese, todavia, destaca a dinÃmica dos processos sociais do semiÃrido, mostrando que hà um movimento contÃnuo de povoamento, esvaziamento e repovoamento dos moradores nas fazendas, que, na histÃria estrutural da regiÃo, vem pendendo para a estabilidade do sistema de moradores. Com efeito, este sistema permanece como alternativa econÃmica para as fazendas e empresas rurais, porque a expansÃo capitalista e o acesso dos moradores aos direitos sociais e trabalhistas nÃo foram capazes de dissolvÃ-lo por completo, mas sim de transformÃ-lo, sem expropriar, de forma generalizada, os trabalhadores residentes. Demonstro esta dinÃmica das relaÃÃes de morada atravÃs da dialÃtica marxista, ao comparar o passado, inscrito numa longa duraÃÃo, com o tempo presente. Deste modo, na primeira parte deste trabalho, problematizo os elementos formadores do sistema de moradores (estrutura fundiÃria, organizaÃÃo patrimonialista do trabalho, os protagonistas, as peculiaridades, a seca e a intervenÃÃo do Estado na regiÃo). E, na segunda parte, questiono seus elementos dissolventes (migraÃÃo, seca, desenvolvimento das trocas capitalistas, e reforma agrÃria). Para tanto, faÃo uso de fontes da histÃria e de tÃcnicas de investigaÃÃo, tais como observaÃÃo participante, participaÃÃo observante e entrevistas semiestruturadas em duas fazendas do semiÃrido: a Fazenda AssunÃÃo, no Norte Cearense, e a Fazenda Santa FÃ, no SertÃo Central.