A justiça social na formação universitária em saúde: o caso de um curso em odontologia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Michelle Cecille Bandeira
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/9916
Resumo: Parto de um olhar para as interações, contextos e situações que se dão na rede de relações da formação em saúde, para desvelar questões relacionadas à justiça social que interpenetram estruturas pedagógicas, políticas e organizacionais. Escolhi o curso de Odontologia para a pesquisa de campo, onde entrevistei estudantes e professores sobre a relação pedagógica professor(a)-estudante, destes com os pacientes nas clínicas universitárias e, ainda a relação entre estudantes. Os aprofundamentos das entrevistas eram provocados a partir de perguntas sobre diferentes tipos de violência, assédios e outros desrespeitos. Utilizei uma lente de justiça social para esta análise, de modo que o uso de uma concepção de justiça pudesse me trazer um critério de justificação moral e política para analisar os distintos contextos e situações que emergiam das falas dos entrevistados. Para tanto, optei por trabalhar com duas concepções de justiça – da capacitação, de Amartya Sen e Martha Nussbaum e dos funcionamentos, de Maria Clara Dias. Apesar de substancialmente distintas em sua base informacional, ambas as perspectivas trazem importantes aportes para se discutir educação universitária e justiça social, tal como proponho aqui. Da perspectiva da capacitação, trouxe os avanços originados de pesquisas e aplicações empíricas do uso de uma concepção de justiça para analisar os micro e macro processos da educação universitária. Da perspectiva dos funcionamentos, retirei o critério de justiça. Portanto, a referência sobre o que é justo ou injusto está baseada no respeito aos funcionamentos básicos dos indivíduos, entendendo sob a rubrica de funcionamentos o ser/fazer de cada indivíduo que constitui sua identidade e o torna singular. Assim, proponho perguntar quais os funcionamentos básicos dos estudantes deste curso quanto à justiça social, o quanto estes funcionamentos estão sendo ampliados ou prejudicados e quais as condições de possibilidade para alcançá-los ao longo da formação. Os funcionamentos dos estudantes encontrados são: Ação moral, social e política; reconhecimento e respeito à diversidade; autorrespeito, confiança e integridade emocional e integridade física e moral. A análise dos funcionamentos conseguiu desvelar quais os microprocessos institucionais e pedagógicos que estão sendo justos ou injustos nesta formação e indicar caminhos como condições de possibilidade para viabilizar tais funcionamentos. De tudo, ficou claro que existe um longo caminho para que possamos considerar que a justiça social seja um tema abordado e praticado no interior da universidade. Sua relevância para a formação de profissionais de saúde não pode ser negada e a violência como parte desta formação tampouco pode ser naturalizada
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Utilizei uma lente de justiça social para esta análise, de modo que o uso de uma concepção de justiça pudesse me trazer um critério de justificação moral e política para analisar os distintos contextos e situações que emergiam das falas dos entrevistados. Para tanto, optei por trabalhar com duas concepções de justiça – da capacitação, de Amartya Sen e Martha Nussbaum e dos funcionamentos, de Maria Clara Dias. Apesar de substancialmente distintas em sua base informacional, ambas as perspectivas trazem importantes aportes para se discutir educação universitária e justiça social, tal como proponho aqui. Da perspectiva da capacitação, trouxe os avanços originados de pesquisas e aplicações empíricas do uso de uma concepção de justiça para analisar os micro e macro processos da educação universitária. Da perspectiva dos funcionamentos, retirei o critério de justiça. Portanto, a referência sobre o que é justo ou injusto está baseada no respeito aos funcionamentos básicos dos indivíduos, entendendo sob a rubrica de funcionamentos o ser/fazer de cada indivíduo que constitui sua identidade e o torna singular. Assim, proponho perguntar quais os funcionamentos básicos dos estudantes deste curso quanto à justiça social, o quanto estes funcionamentos estão sendo ampliados ou prejudicados e quais as condições de possibilidade para alcançá-los ao longo da formação. Os funcionamentos dos estudantes encontrados são: Ação moral, social e política; reconhecimento e respeito à diversidade; autorrespeito, confiança e integridade emocional e integridade física e moral. A análise dos funcionamentos conseguiu desvelar quais os microprocessos institucionais e pedagógicos que estão sendo justos ou injustos nesta formação e indicar caminhos como condições de possibilidade para viabilizar tais funcionamentos. De tudo, ficou claro que existe um longo caminho para que possamos considerar que a justiça social seja um tema abordado e praticado no interior da universidade. Sua relevância para a formação de profissionais de saúde não pode ser negada e a violência como parte desta formação tampouco pode ser naturalizadaIt begins from the observation of interactions, contexts and situations that occur in the relationship network within health professional formation to reveal issues related to social justice which interconnect pedagogic, political and organizational structures. It was choosen the course of Dentistry for the field research, with interviews of students and professors about the pedagogic relationship within the academic community and also with patients. The deepening of interviews was motivated by questions about different types of violence, harassment and other disrespects. I used a lens of social justice for this analysis so that the use of a conception of justice could bring me a moral and political justification criteria to analyze the different contexts and situations that emerged from the interviewees’ speech. Therefore, I chose to work with two conceptions of justice – the capability approach, from Amartya Sen and Martha Nussbaum and the functioning approach, from Maria Clara Dias. Although substantially different on its informational basis, both perspectives have important contributions to discuss university education and social justice as I propose here. From the capability approach I brought the developments from research and empirical applications that uses a social justice conception to analyze macro and micro processes of the university education. From the functioning approach I used the criteria of justice. Thus, I propose to ask what are the basic functionings of the students of this course related to social justice, if it is being expanded of damaged and what are the conditions of possibility to achieve them throughout their university education. The students’ functionings were defined as: moral, social and political action; recognition and respect for diversity; self-respect, confidence and emotional integrity and physical and moral integrity. The analysis of functionings that make up each of these groups could reveal which institutional and educational micro processes being just or unjust in this formation and indicate possible conditions to enable such functionings. All it became clear that there is a long way for us to consider that social justice is one topic discussed and practiced within the university and its relevance for the formation of health professionals can not be denied and violence as part of this formation can either be naturalized247f.Ribeiro, Carlos Dimas MartinsRego, Marisa Palácios da Cunha e Melo de AlmeidaTeixeira, Moema de PoliCosta, Alexandre da SilvaFigueiredo, Gustavo de OliveiraDias, Maria Clara Marqueshttp://lattes.cnpq.br/4681164608632685http://lattes.cnpq.br/7088605883393705http://lattes.cnpq.br/0296512027038386http://lattes.cnpq.br/7088605883393705http://lattes.cnpq.br/0296512027038386http://lattes.cnpq.br/8335670215421793http://lattes.cnpq.br/0803950971595274http://lattes.cnpq.br/2774615732286626Teixeira, Michelle Cecille Bandeira2019-06-10T14:11:37Z2019-06-10T14:11:37Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfTEIXEIRA, Michelle Cecille Bandeira. 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