Cartografias do olhar: devir-aracniano, autismo, Fernand Deligny

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbosa, Marcele Cristina Teixeira
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/21488
Resumo: A pesquisa de doutoramento Cartografias do olhar: devir-aracniano, autismo e Fernand Deligny vinculada a Linha de pesquisa dos Estudos do Cotidiano da Educação Popular do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, evoca uma maneira outra de estarcom crianças “autistas” com comportamentos comunicativos não-verbais, especialmente a partir da trajetória e da potência teórico-prática de Fernand Deligny (1913-1996). A pesquisa se realiza num espaço público municipal de educação, regulamentado de acordo com as diretrizes e resoluções nacionais da Política de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva. Trata- se do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), localizado na região sul da cida- de de Juiz de Fora, Minas Gerais. O percurso metodológico opera por tentativas de mapear a movi- mentação espaçotemporal de “crianças autistas”, em contexto de atendimento individual e/ou cole- tivo, através de imagens fotográficas, fílmicas ou mapas, tanto de um certo ponto de vista (o olhar em 2a pessoa de uma presença próxima), quanto do ponto de ver (o zóiar do ser autista, em 1a pes- soa). Assim, o que surge desse estudo é a criação de lugares de existência a partir de experimenta- ções estéticas-sensoriais que fizeram-me deparar com blocos de devir: a escrituração da palavra/ na forma do texto e esboços de mapas e, a imagem-em-si do zóiar autístico, cartografiado através de um corpo que fala e que encarna uma língua outra... Nos blocos de escrita, o meu olhar- pesquisador esboça a ideia de singular de um Corpoescrevente. Tal conceito se avoluma e se instau- ra através de um agir em ato (escrever, olhar, andar, fotografar). No caso do corpoescrevente das crianças nomeadas de “autistas” a sua revelia, o zóiar representa um exemplo extraordinário tanto de resistência às práticas hegemônicas de normatização/ dominação social, quanto de possibilidades para que possamos vislumbrar outras políticas cognitivas. Deligny reconhece no agir autístico, em “vacância de linguagem”, uma potência corporal que não sucumbe as formas hegemônicas de pen- sar. O devir-aracniano do autismo produz seus efeitos no fora e consiste, então, em uma etnia singu- lar que nos aproxima de um extrato fóssil do humano. Ou seja, daquilo que há de inato em nós: o agir desinteressado e a constituição de redes. Conclui-se que as múltiplas ressonâncias dessa pes- quisa-experimentação nos aproximam do pensamento filosófico delignyano e operam um campo de discussão/reflexão bastante complexo na criação de um espaço-tempo (escolar ou não) que não faça desaparecer as singularidades e as diferenças da criança “autista”
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Trata- se do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), localizado na região sul da cida- de de Juiz de Fora, Minas Gerais. O percurso metodológico opera por tentativas de mapear a movi- mentação espaçotemporal de “crianças autistas”, em contexto de atendimento individual e/ou cole- tivo, através de imagens fotográficas, fílmicas ou mapas, tanto de um certo ponto de vista (o olhar em 2a pessoa de uma presença próxima), quanto do ponto de ver (o zóiar do ser autista, em 1a pes- soa). Assim, o que surge desse estudo é a criação de lugares de existência a partir de experimenta- ções estéticas-sensoriais que fizeram-me deparar com blocos de devir: a escrituração da palavra/ na forma do texto e esboços de mapas e, a imagem-em-si do zóiar autístico, cartografiado através de um corpo que fala e que encarna uma língua outra... Nos blocos de escrita, o meu olhar- pesquisador esboça a ideia de singular de um Corpoescrevente. Tal conceito se avoluma e se instau- ra através de um agir em ato (escrever, olhar, andar, fotografar). No caso do corpoescrevente das crianças nomeadas de “autistas” a sua revelia, o zóiar representa um exemplo extraordinário tanto de resistência às práticas hegemônicas de normatização/ dominação social, quanto de possibilidades para que possamos vislumbrar outras políticas cognitivas. Deligny reconhece no agir autístico, em “vacância de linguagem”, uma potência corporal que não sucumbe as formas hegemônicas de pen- sar. O devir-aracniano do autismo produz seus efeitos no fora e consiste, então, em uma etnia singu- lar que nos aproxima de um extrato fóssil do humano. Ou seja, daquilo que há de inato em nós: o agir desinteressado e a constituição de redes. Conclui-se que as múltiplas ressonâncias dessa pes- quisa-experimentação nos aproximam do pensamento filosófico delignyano e operam um campo de discussão/reflexão bastante complexo na criação de um espaço-tempo (escolar ou não) que não faça desaparecer as singularidades e as diferenças da criança “autista”The PhD research Cartographies of the eye: devir-aracniano, "autism" and Fernand Deligny, linked to the Line of Research of the Studies of the Daily Life of Popular Education of the Postgraduate Program in Education of the Fluminense Federal University, evokes another way of “beingwith” (one of the word created by the author) "autistic" children with non-verbal communicative behaviours, especially from the trajectory and theoretical-practical power of Fernand Deligny (1913-1996). The research is carried out in a public municipal education space, regulated according to the national guidelines and resolutions of the Special Education Policy, from the perspective of Inclusive Education. It is the Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), located in the southern region of the city of Juiz de Fora, Minas Gerais. The methodological path operates through attempts to map the spatial and temporal movement of "autistic" children, in the context of specialized educational assistance (AEE), which takes place in an individual and/or collective manner. The attempt operated through photographic and/or film images, as well as with cartographic records, both from a certain point of view (the 2nd or 3rd person look - close presence), and from the point of view (the “zóiar” (word created by the author) of the autistic being, in 1st person according to the author). Thus, what emerges from this study is the creation of places of existence on the basis of aesthetic-sensorial experimentation, which has made me come across blocks of becoming: the writing of the word in the form of the text; and the imaginative narratives, especially of the autistic zoo, mapped through a body that is written in act and which incarnates another language... In one of the blocks, my gaze-researcher tries to sketch out the idea of a body- writing that grows and establishes itself through an act of the species. In the other, the zóiarity of these children, named "autistic" their revelation, represents an extraordinary example both of resistance to hegemonic practices of normalization/social domination, and to glimpse cognitive policies that take corporeality as powers for learning.... Deligny recognizes in the "vagueness of language", a body potency that does not need the thought to produce its effects. The autism “devir- aracnian” would then consist of a singular ethnicity which would bring us closer to a fossil extract of the human, of what is innate in us: the disinterested acting and the constitution of networks... I believe that the multiple resonances of this research-experimentation bring us closer to delignyan philosophical thought and operate a rather complex field of discussion/reflection in the creation of a space-time (school or not) that does not make the singularities and differences disappear133 f.Pérez, Carmen Lúcia VidalFerreira, Helen PereiraAguiar, KatiaRibetto, AnelicePires, Luciana AlvesClaretto, SoniaMatos, Sônia Regina da LuzBarbosa, Marcele Cristina Teixeira2021-03-29T17:43:47Z2021-03-29T17:43:47Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfBARBOSA, Marcele Cristina Teixeira. Cartografias do olhar: devir-aracniano, autismo e Fernand Deligny. 2020. 133 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.https://app.uff.br/riuff/handle/1/21488http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-12-09T02:08:05Zoai:app.uff.br:1/21488Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202021-12-09T02:08:05Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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