Relações de gênero na conformação de uma nova morfologia do trabalho: o fazer-se das Agentes Comunitárias de Saúde
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/16056 |
Resumo: | Essa tese analisa as relações entre gênero e trabalho comunitário em saúde, tendo como objeto de estudo o fazer-se de mulheres-trabalhadoras como Agentes Comunitárias de Saúde. Para tanto, reconstrói a gênese histórica da categoria mediada pelos movimentos sociais populares e pelo Estado, considerando as relações de gênero nos sentidos atribuídos ao trabalho do cuidado. Destaca-se que desde o início do Programa de Agentes Comunitários no Nordeste (1990), foram contratadas mulheres como forma de diminuir a mortalidade materna infantil na região, sendo que um requisito para a contratação dessas trabalhadoras era/é que sejam moradoras das comunidades onde trabalham. O sentido dado à “comunidade” transformou-se nos processos históricos nos quais sua profissão foi forjada, mas manteve uma dimensão de gênero que a compreende como extensão do trabalho doméstico e como tal é significativa de um trabalho precarizado. Para compreender a formação dessas trabalhadoras no município do Rio de Janeiro, além do levantamento da literatura sobre o tema, foram entrevistadas mulheres que por serem antigas na Estratégia de Saúde da Família vivenciaram as transformações no processo de trabalho que ocorreram entre 1999 e 2012 com a expansão da cobertura durante o período. As fontes evidenciam que as experiências construídas em outras esferas da vida - na família, na religião, na escola, na relação como comunidade, entre outras- foram constituintes do trabalho comunitário em saúde marcado por políticas neoliberais que subtraem os direitos de trabalhadores/trabalhadoras. Constatou-se que a solidariedade, historicamente herdada e vivida no âmbito da comunidade, modificou-se ao longo do fazer-se dessas mulheres. Nesse processo, elas construíram uma cultura que permite dar sentido ao seu trabalho e minimizar o quadro de carência, na qual elas e os usuários se inserem. Por fim, analisam-se os efeitos da Reforma da Atenção Primária (2009) na cultura do trabalho comunitário, quando se passa a valorizar a quantidade de informação em detrimento da qualidade, a competição entre os trabalhadores, entre outras estratégias de gestão que fragilizam o vínculo com a comunidade. Para entender as relações de gênero como elemento da cultura do trabalho, bem como o protagonismo das ACS na sua formação, a pesquisa fundamenta-se no pensamento do historiador marxista de E. P. Thompson, principalmente nos conceitos de classe social, cultura e experiência |
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Relações de gênero na conformação de uma nova morfologia do trabalho: o fazer-se das Agentes Comunitárias de SaúdeGêneroCultura do trabalho comunitárioAgentes Comunitárias de SaúdeGêneroTrabalhoCulturaAgente comunitário de saúdeGenderCulture of community workCommunity Health AgentsEssa tese analisa as relações entre gênero e trabalho comunitário em saúde, tendo como objeto de estudo o fazer-se de mulheres-trabalhadoras como Agentes Comunitárias de Saúde. Para tanto, reconstrói a gênese histórica da categoria mediada pelos movimentos sociais populares e pelo Estado, considerando as relações de gênero nos sentidos atribuídos ao trabalho do cuidado. Destaca-se que desde o início do Programa de Agentes Comunitários no Nordeste (1990), foram contratadas mulheres como forma de diminuir a mortalidade materna infantil na região, sendo que um requisito para a contratação dessas trabalhadoras era/é que sejam moradoras das comunidades onde trabalham. O sentido dado à “comunidade” transformou-se nos processos históricos nos quais sua profissão foi forjada, mas manteve uma dimensão de gênero que a compreende como extensão do trabalho doméstico e como tal é significativa de um trabalho precarizado. Para compreender a formação dessas trabalhadoras no município do Rio de Janeiro, além do levantamento da literatura sobre o tema, foram entrevistadas mulheres que por serem antigas na Estratégia de Saúde da Família vivenciaram as transformações no processo de trabalho que ocorreram entre 1999 e 2012 com a expansão da cobertura durante o período. As fontes evidenciam que as experiências construídas em outras esferas da vida - na família, na religião, na escola, na relação como comunidade, entre outras- foram constituintes do trabalho comunitário em saúde marcado por políticas neoliberais que subtraem os direitos de trabalhadores/trabalhadoras. Constatou-se que a solidariedade, historicamente herdada e vivida no âmbito da comunidade, modificou-se ao longo do fazer-se dessas mulheres. Nesse processo, elas construíram uma cultura que permite dar sentido ao seu trabalho e minimizar o quadro de carência, na qual elas e os usuários se inserem. Por fim, analisam-se os efeitos da Reforma da Atenção Primária (2009) na cultura do trabalho comunitário, quando se passa a valorizar a quantidade de informação em detrimento da qualidade, a competição entre os trabalhadores, entre outras estratégias de gestão que fragilizam o vínculo com a comunidade. Para entender as relações de gênero como elemento da cultura do trabalho, bem como o protagonismo das ACS na sua formação, a pesquisa fundamenta-se no pensamento do historiador marxista de E. P. Thompson, principalmente nos conceitos de classe social, cultura e experiênciaThis thesis analyzes the relations between gender and community work in health, having as object of study the making of women-workers as Community Health Agents. For this purpose, it reconstructs the historical genesis of the category mediated by popular social movements and by the State, considering the gender relations in the meanings attributed to care work. It should be noted that since the beginning of the Community Agents Program in the Northeast (1990), women were hired as a way to reduce maternal and child mortality in the region, given that a requirement for the hiring of these workers was/is that they are residents of the communities where they work. The meaning given to “community”, has been transformed into the historical processes in which their profession was forged, but has maintained a gender dimension that understands it as an extension of domestic work and as such is the indicator of precarious work. To understand the formation of these female workers in the city of Rio de Janeiro, in addition to the gathering of the literature on the subject, women were interviewed who, because they were ancient in the Family Health Strategy, experienced the changes in the work process that occurred between 1999 and 2012 with the expansion of coverage during the period. The sources show that experiences built in other spheres of life – in the family, in religion, in school, in community relations, among others – constituted community health work marked by neoliberal policies that subtract the rights of male/female workers. It was found that the solidarity historically inherited and lived within the community, has been modified over the course of its building. In this process, women have built a culture that allows them to give meaning to their work and to minimize the framework of need, in which they and the users are inserted. Finally, the effects of the Primary Care Reform (2009) on the culture of community work are analyzed, when the value of information rather than quality is emphasized, the competition among workers, among other management strategies that weaken the link with the community. In order to understand gender relations as an element of the work culture, as well as the protagonism of the CHAs in their formation, the research is based on the thinking of the marxist historian of E. P. Thompson, mainly about the concepts of social class, culture and experience236 f.Tiriba, LiaTrein, Einice SchillingLopes, Márcia Cavalcanti RaposoVieira, MonicaBarborsa, Regina Helena SimõesFonseca, Angélica Ferreirahttp://lattes.cnpq.br/7221590839853064http://lattes.cnpq.br/2006259738336754http://lattes.cnpq.br/2006259738336754http://lattes.cnpq.br/0766029731919114http://lattes.cnpq.br/6327630205061702http://lattes.cnpq.br/5894176545174349http://lattes.cnpq.br/0707962248097319http://lattes.cnpq.br/7206658439222602Durão, Anna Violeta Ribeiro2020-11-23T20:34:00Z2020-11-23T20:34:00Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfDURÃO, Anna Violeta Ribeiro. 2018. 236 f. Relações de gênero na conformação de uma nova morfologia do trabalho: o fazer-se das Agentes Comunitárias de Saúde. 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