Estudo prosódico das disfluências de reparo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alexandre Delfino Xavier
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7R6GLS
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de descrever aspectos prosódicos presentes na fala espontânea contendo disfluências de reparo e comparar quais desses aspectos se diferenciam da fala considerada fluente. Disfluências de reparo são trechos de frases em que o falante se corrige após detectar a produção de uma informação errada. Consideradas, muitas vezes, simplesmente como erros ocorridos durante o processamento lingüístico, as disfluências podem servir como evidência do funcionamento dos sistemas de produção e compreensão da linguagem. A maioria dos estudos sobre disfluência considera apenas aspectos sintáticos e semânticos do processamento. A proposta deste trabalho segue um grupo de estudos que analisam a influência de aspectos fonológicos das disfluências nos modelos de processamento lingüístico (Ferreira, 2005; Fodor, 1998, 2002; Levelt, 1989, Shriberg, 1994, 1999, entre outros). Partindo do modelo de auto-monitoramento e das observações sobre a marcação prosódica de disfluências de reparo descritas por Levelt (1983, 1989), avaliamos parâmetros acústicos que caracterizam a fala disfluente. Utilizamos como base de formação do corpus de disfluências o trabalho de Magalhães (2000) sobre o dialeto mineiro de Belo Horizonte. O primeiro parâmetro analisado foi o contorno melódico, sobretudo no trecho correspondente à informação errada (reparandum) e à informação corrigida (reparo). Analisamos, ainda, o comportamento do pico de F0 nos dois trechos. Em seguida, analisamos a questão da ruptura abrupta do contorno melódico como evidência acústica do fim do reparandum. O segundo parâmetro foi a intensidade: como na análise de F0, comparamos os valores de intensidade nos dois trechos. O terceiro parâmetro foi a velocidade de fala, medida pelas taxas de elocução e de articulação. Analisamos ainda a ocorrência de pausas silenciosas e pausas preenchidas. Por fim, a presença de outras características, como alongamentos, laringealizações e creaky voice foram também analisadas. Os resultados de análise acústica e estatística indicam que, de fato, o falante produz pistas acústicas significativas que possam evidenciar uma diferença entre o reparandum e o reparo. Em relação à F0 e à intensidade, existe uma marcação acentual contrastiva, de forma a destacar ou enfatizar a informação do reparo. A interrupção do contorno melódico é resultante da detecção do erro por parte do sistema de auto-monitoramento de detecção de erros. Os alongamentos e as pausas ocorrem quando o falante necessita planejar mais a mensagem à frente enquanto fala. Os resultados deste trabalho corroboram as idéias de que a prosódia é um importante componente no processamento frasal e de que o falante dispõe de um mecanismo de monitoramento da fala.
id UFMG_176615e6c802d63276f929b4b661a623
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/ALDR-7R6GLS
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Jose Olimpio de MagalhaesRui Rothe-nevesJoao Antonio MoraesAlexandre Delfino Xavier2019-08-10T00:40:54Z2019-08-10T00:40:54Z2009-04-02http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7R6GLSEste trabalho tem o objetivo de descrever aspectos prosódicos presentes na fala espontânea contendo disfluências de reparo e comparar quais desses aspectos se diferenciam da fala considerada fluente. Disfluências de reparo são trechos de frases em que o falante se corrige após detectar a produção de uma informação errada. Consideradas, muitas vezes, simplesmente como erros ocorridos durante o processamento lingüístico, as disfluências podem servir como evidência do funcionamento dos sistemas de produção e compreensão da linguagem. A maioria dos estudos sobre disfluência considera apenas aspectos sintáticos e semânticos do processamento. A proposta deste trabalho segue um grupo de estudos que analisam a influência de aspectos fonológicos das disfluências nos modelos de processamento lingüístico (Ferreira, 2005; Fodor, 1998, 2002; Levelt, 1989, Shriberg, 1994, 1999, entre outros). Partindo do modelo de auto-monitoramento e das observações sobre a marcação prosódica de disfluências de reparo descritas por Levelt (1983, 1989), avaliamos parâmetros acústicos que caracterizam a fala disfluente. Utilizamos como base de formação do corpus de disfluências o trabalho de Magalhães (2000) sobre o dialeto mineiro de Belo Horizonte. O primeiro parâmetro analisado foi o contorno melódico, sobretudo no trecho correspondente à informação errada (reparandum) e à informação corrigida (reparo). Analisamos, ainda, o comportamento do pico de F0 nos dois trechos. Em seguida, analisamos a questão da ruptura abrupta do contorno melódico como evidência acústica do fim do reparandum. O segundo parâmetro foi a intensidade: como na análise de F0, comparamos os valores de intensidade nos dois trechos. O terceiro parâmetro foi a velocidade de fala, medida pelas taxas de elocução e de articulação. Analisamos ainda a ocorrência de pausas silenciosas e pausas preenchidas. Por fim, a presença de outras características, como alongamentos, laringealizações e creaky voice foram também analisadas. Os resultados de análise acústica e estatística indicam que, de fato, o falante produz pistas acústicas significativas que possam evidenciar uma diferença entre o reparandum e o reparo. Em relação à F0 e à intensidade, existe uma marcação acentual contrastiva, de forma a destacar ou enfatizar a informação do reparo. A interrupção do contorno melódico é resultante da detecção do erro por parte do sistema de auto-monitoramento de detecção de erros. Os alongamentos e as pausas ocorrem quando o falante necessita planejar mais a mensagem à frente enquanto fala. Os resultados deste trabalho corroboram as idéias de que a prosódia é um importante componente no processamento frasal e de que o falante dispõe de um mecanismo de monitoramento da fala.The aim of this dissertation is to describe the prosodic features present in spontaneous speech containing repair disfluências and compare which of these features can diferentiate from the fluent speech. Repair disfluencies strings of sentences in which the speaker corrects himself just after noticing the production of a wrong information. Although they are often considered only as an error during the linguistic processing, thedisfluencies can work as an evidence for the production and comprehension language systems. A major part of studies on disfluencies is concerned to aspects as syntax and semantics. The proposal of this work follows a group of investigations that analise theinfluence of phonological aspects of the disfluencies for the linguist processing models (Ferreira, 2005; Fodor, 1998, 2002; Levelt, 1989, Shriberg, 1994, 1999; among others). Starting from the self-monitoring model and from the remarks on the prosodic marking in repair disfluencies described by Levelt (1983, 1989), we evaluated acoustic features that may characterize a disfluent speech. We used as a basis for the repair corpus the larger previous corpus from Magalhães (2000) about the mineiro accent from Belo Horizonte. The first feature to be analised was the pitch contour, especially the part correspondentto the wrong information (reparandum) e to the corrected information (repair). Furthermore, we analised the behaviour of the F0 peak during the two parts. After that, we analised the issue on the picht contour interruption as an acoustic evidence for the end of the reparandum. The second feature was the intensity values; as the F0 analysis, we compared the value of intensity during the two parts. The third feature was the speech rate, comparing the elocution rate and the articulation rate of speech. We analised the occurence of silent pauses and filled pauses too. Last, we studied the presence of other features, such as lengthening, laryngelizations and creaky voice. Indeed, the results of the acoustic and the statistical analysis point towards to our original hypothesis that the speaker produces significant acoustic cues that may show the difference between the reparandum and the repair. Considering the F0 and the intensity, there is a contrastive accent marking, as a way of highlighting or emphatizing the repair information. The pitch contour interruption is seen as a result of the self-monitoring error detection. The lengthening and the pauses may occur when the speaker needs to plan more the upcoming message as he speaks.The results from this dissertation corroborate the ideas that prosody is an relevant component in the phrasal processing and that the speaker has a self-monitoring speech mecanism.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAnálise prosódica (Linguística)LingüísticaFonética acústicaDistúrbios da falaEntonação (Fonética)Lingua portuguesa VersificaçãoESTUDOS LINGÜÍSTICOS/MEstudo prosódico das disfluências de reparoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL1238m.pdfapplication/pdf1606384https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ALDR-7R6GLS/1/1238m.pdfb7cd8d7f51d2b1dcb463bd492044b749MD51TEXT1238m.pdf.txt1238m.pdf.txtExtracted texttext/plain211539https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ALDR-7R6GLS/2/1238m.pdf.txt87ffdd26bf266d913f09c53f5fa8d641MD521843/ALDR-7R6GLS2019-11-14 10:56:23.261oai:repositorio.ufmg.br:1843/ALDR-7R6GLSRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T13:56:23Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Estudo prosódico das disfluências de reparo
title Estudo prosódico das disfluências de reparo
spellingShingle Estudo prosódico das disfluências de reparo
Alexandre Delfino Xavier
ESTUDOS LINGÜÍSTICOS/M
Análise prosódica (Linguística)
Lingüística
Fonética acústica
Distúrbios da fala
Entonação (Fonética)
Lingua portuguesa Versificação
title_short Estudo prosódico das disfluências de reparo
title_full Estudo prosódico das disfluências de reparo
title_fullStr Estudo prosódico das disfluências de reparo
title_full_unstemmed Estudo prosódico das disfluências de reparo
title_sort Estudo prosódico das disfluências de reparo
author Alexandre Delfino Xavier
author_facet Alexandre Delfino Xavier
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Jose Olimpio de Magalhaes
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Rui Rothe-neves
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Joao Antonio Moraes
dc.contributor.author.fl_str_mv Alexandre Delfino Xavier
contributor_str_mv Jose Olimpio de Magalhaes
Rui Rothe-neves
Joao Antonio Moraes
dc.subject.por.fl_str_mv ESTUDOS LINGÜÍSTICOS/M
topic ESTUDOS LINGÜÍSTICOS/M
Análise prosódica (Linguística)
Lingüística
Fonética acústica
Distúrbios da fala
Entonação (Fonética)
Lingua portuguesa Versificação
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Análise prosódica (Linguística)
Lingüística
Fonética acústica
Distúrbios da fala
Entonação (Fonética)
Lingua portuguesa Versificação
description Este trabalho tem o objetivo de descrever aspectos prosódicos presentes na fala espontânea contendo disfluências de reparo e comparar quais desses aspectos se diferenciam da fala considerada fluente. Disfluências de reparo são trechos de frases em que o falante se corrige após detectar a produção de uma informação errada. Consideradas, muitas vezes, simplesmente como erros ocorridos durante o processamento lingüístico, as disfluências podem servir como evidência do funcionamento dos sistemas de produção e compreensão da linguagem. A maioria dos estudos sobre disfluência considera apenas aspectos sintáticos e semânticos do processamento. A proposta deste trabalho segue um grupo de estudos que analisam a influência de aspectos fonológicos das disfluências nos modelos de processamento lingüístico (Ferreira, 2005; Fodor, 1998, 2002; Levelt, 1989, Shriberg, 1994, 1999, entre outros). Partindo do modelo de auto-monitoramento e das observações sobre a marcação prosódica de disfluências de reparo descritas por Levelt (1983, 1989), avaliamos parâmetros acústicos que caracterizam a fala disfluente. Utilizamos como base de formação do corpus de disfluências o trabalho de Magalhães (2000) sobre o dialeto mineiro de Belo Horizonte. O primeiro parâmetro analisado foi o contorno melódico, sobretudo no trecho correspondente à informação errada (reparandum) e à informação corrigida (reparo). Analisamos, ainda, o comportamento do pico de F0 nos dois trechos. Em seguida, analisamos a questão da ruptura abrupta do contorno melódico como evidência acústica do fim do reparandum. O segundo parâmetro foi a intensidade: como na análise de F0, comparamos os valores de intensidade nos dois trechos. O terceiro parâmetro foi a velocidade de fala, medida pelas taxas de elocução e de articulação. Analisamos ainda a ocorrência de pausas silenciosas e pausas preenchidas. Por fim, a presença de outras características, como alongamentos, laringealizações e creaky voice foram também analisadas. Os resultados de análise acústica e estatística indicam que, de fato, o falante produz pistas acústicas significativas que possam evidenciar uma diferença entre o reparandum e o reparo. Em relação à F0 e à intensidade, existe uma marcação acentual contrastiva, de forma a destacar ou enfatizar a informação do reparo. A interrupção do contorno melódico é resultante da detecção do erro por parte do sistema de auto-monitoramento de detecção de erros. Os alongamentos e as pausas ocorrem quando o falante necessita planejar mais a mensagem à frente enquanto fala. Os resultados deste trabalho corroboram as idéias de que a prosódia é um importante componente no processamento frasal e de que o falante dispõe de um mecanismo de monitoramento da fala.
publishDate 2009
dc.date.issued.fl_str_mv 2009-04-02
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T00:40:54Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T00:40:54Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7R6GLS
url http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7R6GLS
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ALDR-7R6GLS/1/1238m.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ALDR-7R6GLS/2/1238m.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv b7cd8d7f51d2b1dcb463bd492044b749
87ffdd26bf266d913f09c53f5fa8d641
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589198950694912