Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carlos Roberto Horta
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AA3GJK
Resumo: Este trabalho focaliza práticas de formação profissional e de formação política organizadas e dirigidas por trabalhadores e militantes que se juntavam a eles, em uma trajetória de solidariedade e resistência no chão de fábrica e com uma história conhecida no meio operário. O tema é a construção histórica de sujeitos políticos, através do trabalho e da educação que se faz na relação com o trabalho. A classe trabalhadora acontece no cotidiano e se constroi no processo de resistência ao poder da fábrica, viabilizando as lutas a partir do conhecimento. A resistência acompanha o aperfeiçoamento das formas de exploração do trabalhador com o surgimento de novas formas de luta no interior da fábrica. O período é o da retomada dos movimentos sociais, do desgaste da ditadura militar, com as mobilizações e as greves operárias, em que se fortaleceu a oposição sindical. O grupo Mutirão passou a organizar o acolhimento aos que haviam sido demitidos nas greves, manifestando seu projeto de construir a oficina-escola a fim de dar a eles emprego e avançar para o fortalecimento da oposição sindical. A experiências operária avança com a tentativa de transformar pela educação a cultura e o grupo se articula com os movimentos comunitários e com a igreja católica progressista, no objetivo de fazer avançar a luta popular. Parte da experiência é desenvolvida na preparação e no desencadeamento das greves de 1978 e 1979, que propiciaram aos trabalhadores a sua visibilidade na imprensa, na política e funcionaram como educação para os moradores dos bairros operários da região, fazendo avançar o seu papel na consolidação da cidadania. A experiência adquirida nas lutas no interior das fábricas é extremamente importante, para esta perspectiva, por ter significado um processo permanente de educação do educador e de vivência nas práticas da solidariedade. O processo de construção de uma escola de educação operária, suas relações com os moradores do bairro, a relação com o sindicalismo italiano também fazem parte do escopo deste trabalho. O que chama a atenção em todas essas narrativas é que a educação perpassa a fábrica, o bairro, o sindicato, bem como as greves, atividades culturais, religiosas e políticas e, neste caso, culmina na institucionalização de uma escola do trabalho para trabalhadores, processo prenhe de tensões político-pedagógicas. Nesse processo os setores da classe trabalhadora se formam, entre as situações de trabalho e as demais relações que eles vivem no seu cotidiano de vida comunitária. Todas essas narrativas desvelam o constante vir a ser da consciência e da identidade de classe.
id UFMG_404f427e9e6de8fd745dd11b0cbf8d68
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-AA3GJK
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Daisy Moreira CunhaCândida Soares da CostaCândida da CostaGeraldo Márcio Alves dos SantosRogerio Cunha de CamposMagda Maria Bello de Almeida NevesLeila Maria da Silva BlassCarlos Roberto Horta2019-08-10T02:06:50Z2019-08-10T02:06:50Z2016-02-24http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AA3GJKEste trabalho focaliza práticas de formação profissional e de formação política organizadas e dirigidas por trabalhadores e militantes que se juntavam a eles, em uma trajetória de solidariedade e resistência no chão de fábrica e com uma história conhecida no meio operário. O tema é a construção histórica de sujeitos políticos, através do trabalho e da educação que se faz na relação com o trabalho. A classe trabalhadora acontece no cotidiano e se constroi no processo de resistência ao poder da fábrica, viabilizando as lutas a partir do conhecimento. A resistência acompanha o aperfeiçoamento das formas de exploração do trabalhador com o surgimento de novas formas de luta no interior da fábrica. O período é o da retomada dos movimentos sociais, do desgaste da ditadura militar, com as mobilizações e as greves operárias, em que se fortaleceu a oposição sindical. O grupo Mutirão passou a organizar o acolhimento aos que haviam sido demitidos nas greves, manifestando seu projeto de construir a oficina-escola a fim de dar a eles emprego e avançar para o fortalecimento da oposição sindical. A experiências operária avança com a tentativa de transformar pela educação a cultura e o grupo se articula com os movimentos comunitários e com a igreja católica progressista, no objetivo de fazer avançar a luta popular. Parte da experiência é desenvolvida na preparação e no desencadeamento das greves de 1978 e 1979, que propiciaram aos trabalhadores a sua visibilidade na imprensa, na política e funcionaram como educação para os moradores dos bairros operários da região, fazendo avançar o seu papel na consolidação da cidadania. A experiência adquirida nas lutas no interior das fábricas é extremamente importante, para esta perspectiva, por ter significado um processo permanente de educação do educador e de vivência nas práticas da solidariedade. O processo de construção de uma escola de educação operária, suas relações com os moradores do bairro, a relação com o sindicalismo italiano também fazem parte do escopo deste trabalho. O que chama a atenção em todas essas narrativas é que a educação perpassa a fábrica, o bairro, o sindicato, bem como as greves, atividades culturais, religiosas e políticas e, neste caso, culmina na institucionalização de uma escola do trabalho para trabalhadores, processo prenhe de tensões político-pedagógicas. Nesse processo os setores da classe trabalhadora se formam, entre as situações de trabalho e as demais relações que eles vivem no seu cotidiano de vida comunitária. Todas essas narrativas desvelam o constante vir a ser da consciência e da identidade de classe.This work focuses on practices of professional and political training organized and directed by workers and militants that joined them, in a path of solidarity and resistance on the shop floor and with a known history in the worker's environment. The theme is the historical construction of political subjects, through work and education, which takes place in the relationship with work. The working class happens in the daily life and builds itself in the process of resistance to the power of the factory, allowing for the struggles from knowledge. The resistance follows the perfecting of the means for exploiting the workers with the surfacing of new forms of struggle within the factory. This is the period of the reignition of social movements, of the wearing out of the military dictatorship, with the worker's strikes and mobilizations in which the union opposition grew stronger. The Mutirão (Task Force) group began to organize the safe havens to those that had been dismissed at the strikes, stating its project of building school-workshops so as to provide employment to them and go on to strengthening the union opposition. The workers' experience advances with the attempt to transform through education the culture and the group articulates itself with the community movements and with the Progressive Catholic Church, with the intent of advancing the popular struggle. Part of the experiment is developed in the preparation and triggering of the strikes of 1978 and 1979, which allowed the workers to have their visibility in the media and in politics and worked as an education for the inhabitants of neighborhoods, workers of the region, advancing their role in consolidating citizenship. The experience acquired in the struggles within the factories is extremely important, for this perspective, as it meant a permanent process of educating the educators and experiencing solidarity practices. The process for building a school with workers' education, its relations with the neighborhood inhabitants, the relationship with Italian unionism are also part of the scope of this work. What is surprising about all of these narratives is that the education goes through the factory, the neighborhood and the union as well as strikes, cultural, religious and political activities and, in this case, it culminates in the institutionalizing of a labor school for workers, a process filled with political-pedagogical tensions. In this process, the sectors of the working class form, among the working situations and the other relations they experience in their community day-to-day life. All of these narratives show the constant becoming of class consciousness and identity.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducaçãoEducaçãoConhecimento e Inclusão socialMutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poderinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtexto_final_para_entrega.pdfapplication/pdf1924450https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AA3GJK/1/texto_final_para_entrega.pdf4fdf3ba12508ee73229ede0cbd23269eMD51TEXTtexto_final_para_entrega.pdf.txttexto_final_para_entrega.pdf.txtExtracted texttext/plain940692https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AA3GJK/2/texto_final_para_entrega.pdf.txtbd1b05e762ec5853d07941cc8892ab3bMD521843/BUBD-AA3GJK2019-11-14 07:00:21.055oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-AA3GJKRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T10:00:21Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
title Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
spellingShingle Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
Carlos Roberto Horta
Educação
Conhecimento e Inclusão social
Educação
title_short Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
title_full Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
title_fullStr Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
title_full_unstemmed Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
title_sort Mutirão, trabalho e formação humana: forjando novas relações entre o saber e o poder
author Carlos Roberto Horta
author_facet Carlos Roberto Horta
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Daisy Moreira Cunha
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Cândida Soares da Costa
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Cândida da Costa
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Geraldo Márcio Alves dos Santos
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Rogerio Cunha de Campos
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Magda Maria Bello de Almeida Neves
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Leila Maria da Silva Blass
dc.contributor.author.fl_str_mv Carlos Roberto Horta
contributor_str_mv Daisy Moreira Cunha
Cândida Soares da Costa
Cândida da Costa
Geraldo Márcio Alves dos Santos
Rogerio Cunha de Campos
Magda Maria Bello de Almeida Neves
Leila Maria da Silva Blass
dc.subject.por.fl_str_mv Educação
Conhecimento e Inclusão social
topic Educação
Conhecimento e Inclusão social
Educação
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Educação
description Este trabalho focaliza práticas de formação profissional e de formação política organizadas e dirigidas por trabalhadores e militantes que se juntavam a eles, em uma trajetória de solidariedade e resistência no chão de fábrica e com uma história conhecida no meio operário. O tema é a construção histórica de sujeitos políticos, através do trabalho e da educação que se faz na relação com o trabalho. A classe trabalhadora acontece no cotidiano e se constroi no processo de resistência ao poder da fábrica, viabilizando as lutas a partir do conhecimento. A resistência acompanha o aperfeiçoamento das formas de exploração do trabalhador com o surgimento de novas formas de luta no interior da fábrica. O período é o da retomada dos movimentos sociais, do desgaste da ditadura militar, com as mobilizações e as greves operárias, em que se fortaleceu a oposição sindical. O grupo Mutirão passou a organizar o acolhimento aos que haviam sido demitidos nas greves, manifestando seu projeto de construir a oficina-escola a fim de dar a eles emprego e avançar para o fortalecimento da oposição sindical. A experiências operária avança com a tentativa de transformar pela educação a cultura e o grupo se articula com os movimentos comunitários e com a igreja católica progressista, no objetivo de fazer avançar a luta popular. Parte da experiência é desenvolvida na preparação e no desencadeamento das greves de 1978 e 1979, que propiciaram aos trabalhadores a sua visibilidade na imprensa, na política e funcionaram como educação para os moradores dos bairros operários da região, fazendo avançar o seu papel na consolidação da cidadania. A experiência adquirida nas lutas no interior das fábricas é extremamente importante, para esta perspectiva, por ter significado um processo permanente de educação do educador e de vivência nas práticas da solidariedade. O processo de construção de uma escola de educação operária, suas relações com os moradores do bairro, a relação com o sindicalismo italiano também fazem parte do escopo deste trabalho. O que chama a atenção em todas essas narrativas é que a educação perpassa a fábrica, o bairro, o sindicato, bem como as greves, atividades culturais, religiosas e políticas e, neste caso, culmina na institucionalização de uma escola do trabalho para trabalhadores, processo prenhe de tensões político-pedagógicas. Nesse processo os setores da classe trabalhadora se formam, entre as situações de trabalho e as demais relações que eles vivem no seu cotidiano de vida comunitária. Todas essas narrativas desvelam o constante vir a ser da consciência e da identidade de classe.
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016-02-24
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T02:06:50Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T02:06:50Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AA3GJK
url http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AA3GJK
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AA3GJK/1/texto_final_para_entrega.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AA3GJK/2/texto_final_para_entrega.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 4fdf3ba12508ee73229ede0cbd23269e
bd1b05e762ec5853d07941cc8892ab3b
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589509643763712