Músicos de rua: luzes e sombras sobre uma prática social contemporânea no Rio de Janeiro e em Barcelona

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Denise Falcão
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-ARKGV3
Resumo: Com o objetivo de compreender a prática dos músicos de rua, que tocam em duas cidades turísticas, Rio de Janeiro e Barcelona, a presente pesquisa mergulhou no universo cotidiano desses músicos e trouxe, para o diálogo, autores como Bauman, Delgado, Harvey, Lefebvre, Lypovetsky e Sennett, para discutir o contexto social contemporâneo desta prática. Encontrar músicos de rua, tocando pelas cidades turísticas, é uma cena comum e, para compreender essa dinâmica social, foi preciso considerar alguns eixos que nortearam a pesquisa: a ocupação de espaços públicos com práticas sociais que reivindicam o direito à cidade e ressignificam as ruas como espaços vivos de encontros e confrontos; a idealização estética das cidades que, muitas vezes, choca-se com o uso diversificado dos espaços pelos sujeitos, provocando disputas pelas formas de ocupações e revelando o jogo de forças entre o Estado, o sujeito e a sociedade na apropriação dos espaços; o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação que, deflagrando a compressão do tempo-espaço, gera transformações nas relações sociais em várias esferas da vida humana, entre elas o trabalho e o lazer, tornando-as fluidas. Para se alcançar o objetivo proposto, adotou-se a abordagem qualitativa como metodologia. A pesquisa etnográfica foi desenvolvida no período de dezembro de 2014 a dezembro de 2016, tendo sido dedicados 12 meses em cada cidade, num total de 24 meses de imersão em campo. Foram feitas 23 entrevistas semiestruturadas e a análise interpretativa dos dados se deu, sobretudo, pela tensão entre o que foi observado no trabalho de campo, as regulamentações políticas, os planejamentos estratégicos e o que foi relatado nas entrevistas pelos sujeitos. A perspectiva crítica ao sistema capitalista contemporâneo se fez presente, nesta tese, a partir da percepção de que a música de rua, apropriada pela estetização das cidades turísticas, tenta transformar uma parte sensível das metrópoles em mercadoria para consumo, impondo, a uma prática social milenar, condições precarizadas de (sobre)vivência pela arte. Os espaços públicos, quando regulados, apresentam uma perspectiva higienista com intenções privativas para a ocupação, tensionando, assim, a apropriação das ruas pelas artes como expressão dos sujeitos. Por fim, a compreensão de que, por mais que esses sujeitos estejam envolvidos e pressionados por todo processo estético que abarca o mundo contemporâneo, em especial os músicos das cidades turísticas, essa prática social resiste como possibilidade de expressão desses músicos pelo seu fazer artístico marginal. Ao escorregar pelas brechas do sistema homogeneizador, transgredindo os códigos e as hierarquias postulados, os músicos de rua mantêm viva uma prática social que sensibiliza as cidades.
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Encontrar músicos de rua, tocando pelas cidades turísticas, é uma cena comum e, para compreender essa dinâmica social, foi preciso considerar alguns eixos que nortearam a pesquisa: a ocupação de espaços públicos com práticas sociais que reivindicam o direito à cidade e ressignificam as ruas como espaços vivos de encontros e confrontos; a idealização estética das cidades que, muitas vezes, choca-se com o uso diversificado dos espaços pelos sujeitos, provocando disputas pelas formas de ocupações e revelando o jogo de forças entre o Estado, o sujeito e a sociedade na apropriação dos espaços; o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação que, deflagrando a compressão do tempo-espaço, gera transformações nas relações sociais em várias esferas da vida humana, entre elas o trabalho e o lazer, tornando-as fluidas. Para se alcançar o objetivo proposto, adotou-se a abordagem qualitativa como metodologia. A pesquisa etnográfica foi desenvolvida no período de dezembro de 2014 a dezembro de 2016, tendo sido dedicados 12 meses em cada cidade, num total de 24 meses de imersão em campo. Foram feitas 23 entrevistas semiestruturadas e a análise interpretativa dos dados se deu, sobretudo, pela tensão entre o que foi observado no trabalho de campo, as regulamentações políticas, os planejamentos estratégicos e o que foi relatado nas entrevistas pelos sujeitos. A perspectiva crítica ao sistema capitalista contemporâneo se fez presente, nesta tese, a partir da percepção de que a música de rua, apropriada pela estetização das cidades turísticas, tenta transformar uma parte sensível das metrópoles em mercadoria para consumo, impondo, a uma prática social milenar, condições precarizadas de (sobre)vivência pela arte. Os espaços públicos, quando regulados, apresentam uma perspectiva higienista com intenções privativas para a ocupação, tensionando, assim, a apropriação das ruas pelas artes como expressão dos sujeitos. Por fim, a compreensão de que, por mais que esses sujeitos estejam envolvidos e pressionados por todo processo estético que abarca o mundo contemporâneo, em especial os músicos das cidades turísticas, essa prática social resiste como possibilidade de expressão desses músicos pelo seu fazer artístico marginal. Ao escorregar pelas brechas do sistema homogeneizador, transgredindo os códigos e as hierarquias postulados, os músicos de rua mantêm viva uma prática social que sensibiliza as cidades.To understand the practice of street musicians, playing in two touristic towns, Rio de Janeiro and Barcelona, in this study we have dived into the daily universe of such musicians and brought authors, such as Bauman, Delgado, Harvey, Lefebvre, Lypovetsky and Sennett, to discuss the contemporary social context of this kind of practice. It is a common scenario to find street musicians, playing through touristic towns. To understand such social dynamics, it was necessary to consider a few axes, which directed the research: the occupation of public spaces with social practices that claim a right to the city and re-signify the streets as live spaces for meetings and disputes; the aesthetic idealization of towns, which very often clashes with the diversified use of spaces by subjects, generating arguments as to how to go about the occupation and revealing the power struggle involving State, subject and society in terms of space appropriation; the development of information and communication technologies which, by challenging space-time understanding, generates transformation in social relationships in many spheres of human life, among which, work and leisure, making them fluid. To reach the proposed objective, a qualitative approach has been adopted as methodology. The ethnographic research was developed between December, 2014 and December, 2016, a year in each city, totaling 24 months of field immersion. Twenty-three semi-structured interviews were carried out and the data analysis focused on the tension involving observations in field work, political regulations, strategic planning and reports by the subjects interviewed. A critical perspective of capitalism today is present in this dissertation, based on the perception that street music, appropriated by the aesthetics of touristic towns, tries to transform an expressive part of the metropolises into consumption goods, thus imposing upon an ancient social practice, poor surviving conditions to artists. When regulated, public spaces are subject to a hygienic perspective, aiming at private occupational intentions. This measure causes tension with street appropriation by art as expression. Finally, we have come to the understanding that, despite the pressures suffered by touristic cities musicians, among other subjects, from the aesthetics of the contemporary world, this social practice resists as a possibility of expression for such musicians, through their marginal artistic makings. Slipping away through the breaches of a homogenizing system, transgressing the codes and the postulated hierarchies, street musicians keep alive a kind of social practice that sensitizes the town.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGSociabilidadeMúsicosTurismoLazerEspaços públicosTrabalhoOcupação do espaço públicoMúsicos de ruaPrática socialLazerMúsicos de rua: luzes e sombras sobre uma prática social contemporânea no Rio de Janeiro e em Barcelonainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALm_sicos_de_rua__luzes_e_sombras_sobre_uma_pr_tica_social_no_rio_de_janeiro_e__em_barcelona__tese_do_programa_de_p_s_graua__o_interdisciplinar_em_estudos_do__lazer__denise_falc_o__ufmg_biblioteca_digital.pdfapplication/pdf3118117https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-ARKGV3/1/m_sicos_de_rua__luzes_e_sombras_sobre_uma_pr_tica_social_no_rio_de_janeiro_e__em_barcelona__tese_do_programa_de_p_s_graua__o_interdisciplinar_em_estudos_do__lazer__denise_falc_o__ufmg_biblioteca_digital.pdfc0afcd10fb64a6e4f62bc9bd8a846979MD51TEXTm_sicos_de_rua__luzes_e_sombras_sobre_uma_pr_tica_social_no_rio_de_janeiro_e__em_barcelona__tese_do_programa_de_p_s_graua__o_interdisciplinar_em_estudos_do__lazer__denise_falc_o__ufmg_biblioteca_digital.pdf.txtm_sicos_de_rua__luzes_e_sombras_sobre_uma_pr_tica_social_no_rio_de_janeiro_e__em_barcelona__tese_do_programa_de_p_s_graua__o_interdisciplinar_em_estudos_do__lazer__denise_falc_o__ufmg_biblioteca_digital.pdf.txtExtracted texttext/plain542580https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-ARKGV3/2/m_sicos_de_rua__luzes_e_sombras_sobre_uma_pr_tica_social_no_rio_de_janeiro_e__em_barcelona__tese_do_programa_de_p_s_graua__o_interdisciplinar_em_estudos_do__lazer__denise_falc_o__ufmg_biblioteca_digital.pdf.txt1b4c84427eea0fef0af639d09c6cc10aMD521843/BUOS-ARKGV32019-11-14 18:21:14.056oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-ARKGV3Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T21:21:14Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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