Sedimentos clásticos em cavernas da região cárstica de Lagoa Santa (MG): origem, mecanismos de deposição e estratigrafia

• Autor(a) principal: Jorge Duarte Rosário
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/41206
• topic: Sedimentos; Cavernas; Carste Lagoa Santa (MG); Origem; Transporte; Estratigrafia; Sedimentos (Geologia); Grutas; Carste - Lagoa Santa (MG); Transporte de sedimento

A organização, análise e discussão sobre os sedimentos encontrados em algumas cavernas da região cárstica de Lagoa Santa foi o objetivo deste projeto, que teve como etapa inicial o levantamento daquelas cavernas que continham sedimentos clásticos investigados e seus dados disponíveis na literatura, em que os primeiros modelos sobre a origem, transporte e deposição foram sugeridos. De modo geral, os principais autores para o tema na região demonstram que os sedimentos encontrados nas cavernas são oriundos da cobertura metapelítica (siltitos e argilitos) da Formação Serra de Santa Helena que deu origem a cobertura pedológica atual – alóctone. Esse material inconsolidado chega até as cavernas por meio de fissuras e fendas alargadas – material epicárstico, e com a acoplagem entre as aberturas das cavernas com a vertente. Possuem percentuais elevados de SiO3, Al2O3 e concentrações importantes de FeO3, indicando maior tempo de exposição a condições de lixiviação e concentração de minerais – oxidação e redução. Os sedimentos clásticos autóctones são caracterizados por blocos abatidos de granulometria variada, fragmentos de espeleotemas e o produto residual da rocha, que para os calcários do Membro Lagoa Santa, é incipiente. Quanto aos mecanismos de transporte, prevalecem as corridas de lama ou detritos e suspensão. Estes mecanismos promovem a mistura e seleção do material inconsolidado de acordo com o ambiente de deposição (rede de condutos), que impõem condições distintas a circulação das águas, muitas vezes numa mesma galeria. Quanto à organização dos sedimentos – estratigrafia, apresentam sequências de fácies sedimentares argilosas (muitas vezes cimentadas por calcita), entre o vermelho e o amarelo, com restos fossilíferos da megafauna extinta e da fauna atual, além de fragmentos de calcário, intercalados por níveis calcíticos (pisos estalagmíticos). Desta maneira, foram selecionadas novas cavernas com depósitos de sedimentos passíveis de análises: Grutas da Escada e Irmãos Piriás. Apreendendo um misto de ambientes de deposição influenciados por processos fluviais/lacustres (Gruta Irmãos Piriás) e vadoso (Gruta da Escada), foram realizadas análises descritivas e laboratoriais das fácies sedimentares levantadas nas duas cavernas para relacionar a origem, mecanismos de transporte e o ambiente de deposição aos quais foram submetidos. Os modelos de origem, mecanismos de transporte e deposição apresentados por diversos autores para os depósitos em cavernas da região foram corroborados, tanto nos padrões de granulometria, composição química, organização estratigráfica, como para o ambiente de deposição. Na Gruta da Escada a textura predominantemente argilosa encontrada nas fácies, os elevados percentuais de SiO3, Al2O3 e FeO3, a estratigrafia com contatos erosivos, piso estalagmítico revestindo/selando o depósito, demostram atributos comuns aos da região. Por outro lado, na Gruta Irmãos Piriás, a característica fluvial e o produto residual da rocha (SiO3) deram novas informações sobre tipos de configurações para depósitos de sedimentos clásticos em cavernas do carste Lagoa Santa, onde a granulometria, estratigrafia e a composição química dos sedimentos sofrem forte influência hídrica, concentrando ainda mais óxidos de SiO3 e Al2O3, além de fornecer um ambiente de mistura dos materiais, e organização das fácies representadas por laminações e lentes, associadas a oscilação do nível de água. Particularmente as altas concentrações de sílica podem estar relacionadas ao resíduo insolúvel da rocha (membro Pedro Leopoldo), que apresenta concentrações importantes de sílica (23%), alumínio (2,95%) e ferro (1,75%), superiores às observadas nos calcários do Membro Lagoa Santa.