Efeitos dos fruto-oligossacarídeos no pré-tratamento e tratamento total sobre a mucosite intestinal, induzida por 5-fluorouracil

• Autor(a) principal: Paula Lopes Armond Carvalho
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/33797
• topic: Mucosite intestinal; 5-fluorouracil; Fruto-oligossacarídeos; Prebióticos

O uso do antimetabólico 5-fluorouracil (5-FU) no tratamento de câncer, leva ao desenvolvimento de efeitos colaterais como a mucosite. Esta debilita o estado nutricional do paciente e dificulta o processo do tratamento. Estudos têm demostrado efeitos benéficos na utilização do prebiótico fruto-oligossacarídeo (FOS) em doenças inflamatórias intestinais. O FOS contribui para a homeostase intestinal, podendo amenizar a inflamação causada pela mucosite. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do pré-tratamento e do tratamento total com FOS na mucosite intestinal induzida pelo 5-FU investigando possíveis mecanismos envolvidos na ação deste prebiótico. Foram utilizados camundongos BALB/c machos, divididos em 5 grupos: Controle (sem mucosite + solução salina), FOS (sem mucosite + 6 % de FOS), MUC (com mucosite + solução salina), PT (com mucosite + suplementação com 6 % de FOS antes da indução da doença) e TT (com mucosite + suplementação com 6 % de FOS durante todo o período experimental). Os animais foram alimentados com dieta comercial e suplementados com FOS ou salina via gavagem durante 10 dias. A mucosite foi induzida com uma única injeção intraperitoneal (300 mg/kg) de 5-FU no sétimo dia. Após 72 horas da injeção, os camundongos foram anestesiados e eutanasiados, foi então feita a coleta de material para as análises. Antes da indução da mucosite não foi observada modificações no consumo de ração e variação ponderal em todos os grupos (p>0,05). Entretanto, após a indução da mucosite observou-se redução de ambos os parâmetros para o grupo MUC (p<0,05) e a suplementação com FOS não foi capaz de prevenir a redução no consumo e na perda de peso. Os animais que receberam FOS mostraram níveis fisiológicos de permeabilidade intestinal (PI) em ambos os tratamentos. Os grupos PT e TT apresentaram redução da translocação bacteriana (TB) em relação ao grupo MUC (p<0,05). Os resultados de PI e TB estão de acordo com os dados histológicos que apresentaram preservação parcial da arquitetura intestinal no íleo com manutenção da altura das vilosidades e profundidade das criptas nos animais que receberam o pré tratamento e tratamento total. A análise das junções mostrou que as duas modalidades de tratamento foram capazes de preservar expressão de ocludina e zonulina, prevenindo a PI e a TB. Observou-se aumento das atividades de MPO e EPO no grupo MUC (p<0,05) em relação aos demais grupos e ambos os tratamentos foram capazes de prevenir o infiltrado inflamatório. A análise da citocina IL-10 não apresentou diferença entre os grupos (p>0,05) e a concentração de TNF-α demonstrou redução significativa nos grupos com mucosite (p<0,05). A suplementação com FOS foi capaz de aumentar a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), porém os animais com mucosite que receberam os tratamentos apresentaram níveis de acetato e butirato semelhantes ao grupo MUC (p>0,05), a concentração de propionato nos grupos PT e TT foi semelhante ao controle (p>0,05). A concentração de sIgA mostrou-se reduzida no grupo MUC e TT apresentou níveis semelhantes ao CTL (p<0,05). O tratamento total foi capaz de manter a produção de muco semelhante ao grupo controle, assim como a produção de sIgA além de apresentar maior preservação da mucosa na análise histológica, promovendo efeitos benéficos sobre a mucosite intestinal, mostrando ser mais eficaz do que a modalidade do pré-tratamento.