Representational cognitive pluralism : towards a cognitive science of relevance sensitivity

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carlos Henrique Barth
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/69045
Resumo: A tese busca contribuir para a explicação de duas capacidades cognitivas fundamentais da inteligência humana denominadas senso comum e holismo situacional. Nas ciências cognitivas, a tarefa de explicar essas capacidades enfrenta um desafio fundacional: como é possível à cognição humana distinguir o que é ou não relevante em um número indefinidamente multiplicável de contextos? O desafio se caracteriza por uma circularidade: potenciais soluções acabam pressupondo aquilo que pretendiam explicar, i.e. a sensibilidade ao que é contextualmente relevante. O argumento desenvolvido é uma tentativa de escapar dessa circularidade. Ele tem por base uma análise bidimensional do problema. A primeira dimensão é representacional e abarca como o conhecimento cognitivo sobre o que é relevante pode ser armazenado. Ela se associa ao “frame problem” da inteligência artificial. Na tese argumenta-se que a dimensão representacional do problema pode ser neutralizada pelo abandono de esquemas representacionais linguísticos em virtude de uma pluralidade de esquemas representacionais estruturais. Estes permitem que estados representacionais possam exercer um papel explicativo claro e não trivial, e ao mesmo tempo permitem um tipo de produtividade representacional que evita o “frame problem”. A segunda dimensão é inferencial. Ela abarca a sensibilidade à relevância que caracteriza nossa produtividade inferencial, i.e. nossa capacidade de inferir o que é relevante em um número indefinidamente multiplicável de contextos, incluindo aquelas que nunca encontramos antes. A esse respeito, argumenta-se que a sensibilidade à relevância não pode ser nem inata, pois mecanismos inatos não podem evitar a circularidade mencionada, nem aprendida através de mecanismos inatos, pois processos de aprendizado tomam a sensibilidade à relevância como pressuposto. A alternativa sugerida é que a sensibilidade à relevância é um "gadget" cognitivo. Um tipo de mecanismo mental que é herdado não geneticamente, mas culturalmente. Essa possibilidade é viabilizada a partir do trabalho de Cecilia Heyes, que descreve como vieses de desenvolvimento culturalmente sedimentados podem informar a constituição de mecanismos cognitivos. Assim, fatores culturais participam da cognição não apenas na forma de informação disponível para processamento, mas também como elementos que enviesam esse processamento na direção daquilo que é culturalmente estabelecido como relevante em cada contexto.
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Ele tem por base uma análise bidimensional do problema. A primeira dimensão é representacional e abarca como o conhecimento cognitivo sobre o que é relevante pode ser armazenado. Ela se associa ao “frame problem” da inteligência artificial. Na tese argumenta-se que a dimensão representacional do problema pode ser neutralizada pelo abandono de esquemas representacionais linguísticos em virtude de uma pluralidade de esquemas representacionais estruturais. Estes permitem que estados representacionais possam exercer um papel explicativo claro e não trivial, e ao mesmo tempo permitem um tipo de produtividade representacional que evita o “frame problem”. A segunda dimensão é inferencial. Ela abarca a sensibilidade à relevância que caracteriza nossa produtividade inferencial, i.e. nossa capacidade de inferir o que é relevante em um número indefinidamente multiplicável de contextos, incluindo aquelas que nunca encontramos antes. A esse respeito, argumenta-se que a sensibilidade à relevância não pode ser nem inata, pois mecanismos inatos não podem evitar a circularidade mencionada, nem aprendida através de mecanismos inatos, pois processos de aprendizado tomam a sensibilidade à relevância como pressuposto. A alternativa sugerida é que a sensibilidade à relevância é um "gadget" cognitivo. Um tipo de mecanismo mental que é herdado não geneticamente, mas culturalmente. Essa possibilidade é viabilizada a partir do trabalho de Cecilia Heyes, que descreve como vieses de desenvolvimento culturalmente sedimentados podem informar a constituição de mecanismos cognitivos. Assim, fatores culturais participam da cognição não apenas na forma de informação disponível para processamento, mas também como elementos que enviesam esse processamento na direção daquilo que é culturalmente estabelecido como relevante em cada contexto.This work aims to contribute to the explanation of cognitive capacities that are essential to human intelligence: commonsense and situation holism. The attempt to explain them within the field of cognitive sciences raises a foundational challenge. How can human cognition distinguish what's relevant and what's not in an open-ended set of contexts? The challenge is characterized by a circularity. Potential solutions end up relying on the very capacity that they should be explaining, i.e. the sensitivity to what's contextually relevant. The argument here developed is an attempt to get out of this circularity. It is grounded on a bi-dimensional analysis of the problem. The first one is representational and is about how cognitive knowledge on what's relevant can be stored. This dimension is related to the frame problem from artificial intelligence. I claim that this representational aspect of the issue can be neutralized by abandoning language-like representational schemes and sticking to a plurality of structural ones. They allow representational states to play a clear and non-trivial explanatory role while enabling a kind of representational productivity that is not bothered by the frame problem. The second dimension is the inferential one. It encompasses our relevance-sensitive inferential productivity, i.e. our capacity to efficiently infer what's relevant in indefinitely many contexts, including ones we've never faced before. I argue that such relevance sensitivity cannot be neither innate, for innate mechanisms result in the aforementioned circularity, nor learned through innate mechanisms, for learning processes themselves rely on relevance sensitivity. The suggested alternative is that relevance sensitivity is a cognitive gadget. A kind of mental mechanism that is culturally, rather than genetically, inherited. This possibility is rendered plausible within Cecilia Heyes’ “cognitive gadgets” framework. She shows how developmental tweaks and biases culturally established can participate in the constitution of cognitive mechanisms. Thus, cultural elements can participate in human cognition not only as information sources, but also in the form of tweaks that bias the processing of that information towards what's culturally established as contextually relevant.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorUniversidade Federal de Minas GeraisBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIAPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFMGErnesto Perini Frizzera da Mota Santoshttp://lattes.cnpq.br/2351082986169976André Joffily AbathMarco Aurélio Sousa AlvesFelipe Nogueira de CarvalhoMaria Eunice Quilici GonzalezCarlos Henrique Barth2024-06-10T20:26:21Z2024-06-10T20:26:21Z2024-02-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1843/690450000-0002-9327-9818enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMG2024-06-10T20:26:21Zoai:repositorio.ufmg.br:1843/69045Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oairepositorio@ufmg.bropendoar:2024-06-10T20:26:21Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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