Dialética intempestiva: dimensões pós-históricas do patrimônio

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Breno Guimaraes Mendes
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-B7BGV8
Resumo: A tese determina-se a perscrutar os fundamentos projetuais, estéticos e discursivos que subsumem a criação arquitetural contemporânea em contextos conceitualizados como históricos, bem como seus processos diferenciais dimanados no tempo espaço. Trata-se de tatear a genealogia e o estado da arte resultantes da problemática que se descortina a partir da indagação sobre os modos de ação, diversidade, legitimidade e limites de atuação atinentes à criação de novas arquiteturas diante de um determinado locus histórico-simbólico. No conjunto, a pesquisa estrutura-se em três eixos precípuos. O primeiro aborda a genealogia histórica do que denominamos como cultura patrimonial e o problema das copresenças arquiteturais. Pontua-se um longo arco temporal, abarcando desde as apropriações arquitetônicas a partir do renascimento, a querela entre antigos e modernos, as polêmicas clássicas entre Eugène Viollet-le-Duc e John Ruskin, deslindando na subversão do horizonte de expectativas avistadas nas primeiras manifestações do "modernismo ortodoxo" e na contraposição dos partidários do "contextualismo" no pós-guerra. A segunda parte elabora uma exposição do conjunto de teorias e obras arquitetônicas realizadas no panorama da segunda metade do século XX que explicitam o amadurecimento do debate e a multiplicidade de abordagens no enfrentamento da controvérsia. Por um lado, aprofundam-se as reflexões dissertadas por três proeminentes críticos e teóricos da arquitetura e da restauração: Cesare Brandi, Aldo Rossi e Ignasi de Solà-Morales. Por outro, são apresentados uma seleção expressiva de obras dentro de uma classificação de suas estratégias projetuais e trópicas, inspiradas pela analítica de Hayden White. A terceira parte objetiva expor a dificuldade ou mesmo impossibilidade de estabelecer critérios valorativos e projetuais unívocos no campo de interseção entre arquitetura e patrimônio, visto mesmo a disjunção epistemológica dos sistemas normativos fortes, a ascensão do relativismo axiológico e a dissolução do sentido da tradição na modernidade. Para a problematização destes sintomas retorna-se ao seio do século XIX, procedendo a contemplação das críticas enunciadas por relevantes autores do período, mais precisamente Alois Riegl, Wilhelm Dilthey e Friedrich Nietzsche. Destas aproximações recai-se na formulação do conceito de pós-história, em especial as elaborações discorridas pelo crítico de arte Arthur Danto e pelo filósofo Gianni Vattimo, entremeados diretamente pelas contribuições de uma filosofia da temporalidade e da diferença. Compreende-se a dissolução do sentido da história como processo unitário e teleológico, sendo que categorias de estruturação narrativa recorrentes como as ideias de "superação", "novidade", "vanguarda", "progresso", entre outras, são colocadas sob suspensão. No campo da arquitetura, essas críticas serão moduladas ao escrutínio das noções de zeitgeist e genius loci. Em síntese, o fundo da investigação se abre na tensão imposta pela diferença, seja como resultado da dispersão do devir-tempo, seja pela dispersão do devir-espaço, consumando-se na celebração do dissenso e da pluralidade, não somente como fundamento ético-estético-político, mas, epistemologicamente, como uma tentativa de direcionamento não metafísico para abordagem patrimonial.
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Pontua-se um longo arco temporal, abarcando desde as apropriações arquitetônicas a partir do renascimento, a querela entre antigos e modernos, as polêmicas clássicas entre Eugène Viollet-le-Duc e John Ruskin, deslindando na subversão do horizonte de expectativas avistadas nas primeiras manifestações do "modernismo ortodoxo" e na contraposição dos partidários do "contextualismo" no pós-guerra. A segunda parte elabora uma exposição do conjunto de teorias e obras arquitetônicas realizadas no panorama da segunda metade do século XX que explicitam o amadurecimento do debate e a multiplicidade de abordagens no enfrentamento da controvérsia. Por um lado, aprofundam-se as reflexões dissertadas por três proeminentes críticos e teóricos da arquitetura e da restauração: Cesare Brandi, Aldo Rossi e Ignasi de Solà-Morales. Por outro, são apresentados uma seleção expressiva de obras dentro de uma classificação de suas estratégias projetuais e trópicas, inspiradas pela analítica de Hayden White. A terceira parte objetiva expor a dificuldade ou mesmo impossibilidade de estabelecer critérios valorativos e projetuais unívocos no campo de interseção entre arquitetura e patrimônio, visto mesmo a disjunção epistemológica dos sistemas normativos fortes, a ascensão do relativismo axiológico e a dissolução do sentido da tradição na modernidade. Para a problematização destes sintomas retorna-se ao seio do século XIX, procedendo a contemplação das críticas enunciadas por relevantes autores do período, mais precisamente Alois Riegl, Wilhelm Dilthey e Friedrich Nietzsche. Destas aproximações recai-se na formulação do conceito de pós-história, em especial as elaborações discorridas pelo crítico de arte Arthur Danto e pelo filósofo Gianni Vattimo, entremeados diretamente pelas contribuições de uma filosofia da temporalidade e da diferença. Compreende-se a dissolução do sentido da história como processo unitário e teleológico, sendo que categorias de estruturação narrativa recorrentes como as ideias de "superação", "novidade", "vanguarda", "progresso", entre outras, são colocadas sob suspensão. No campo da arquitetura, essas críticas serão moduladas ao escrutínio das noções de zeitgeist e genius loci. Em síntese, o fundo da investigação se abre na tensão imposta pela diferença, seja como resultado da dispersão do devir-tempo, seja pela dispersão do devir-espaço, consumando-se na celebração do dissenso e da pluralidade, não somente como fundamento ético-estético-político, mas, epistemologicamente, como uma tentativa de direcionamento não metafísico para abordagem patrimonial.This thesis aims to scrutinise the projectual, aesthetic and discursive foundations that insert contemporary architectural creation into contexts conceptualised as historical, as well as their differential processes that flow from space-time. This process concerns grasping the genealogy and the state of the art concerning the modes of action, the legitimacy and the operating limits involved in creating new architectures within a certain historical and symbolic locus. This research, in its completed form, is structured around three core axes. The first axis tackles the historical genealogy revolving around what is deemed heritage culture and the issue of architectural co-presences. A long temporal arc is defined, with the architectural appropriations starting at the Renaissance as its starting point, encompassing the quarrel between ancient and modern, the classical controversies between Eugène Viollet-le-Duc and John Ruskin. It also outlines the subversion of the horizon of expectations by the first displays of orthodox modernism and the contrast between post-war contextualism advocates. The second part presents an exposition of the range of architectural works and theories established within the second half of the 20th century that elucidate the maturing of this debate and the multiplicity of ways in which the controversy can be tackled. In this section, further attention is given to the reflections of three prominent critics and scholars of the fields of architecture and restoration: Cesare Brandi, Aldo Rossi and Ignasio de Solà-Morales. Furthermore, an expressive selection of works is introduced: works which are classified according to their projectual and tropical strategies, inspired by the analytics proposed by Hayden White. The third part aims to expose the difficulty (or even the impossibility) of establishing unequivocal valuing and projectual criteria concerning the intersection between architecture and heritage, due to the epistemological disjunction of strict normative systems, the ascension of axiological relativism and the dissolution of the sense within modern tradition. In order to problematize these issues, it is necessary to return to the 19th century and contemplate works of criticism enunciated by relevant authors of the time, most notably Alois Riegl, Wilhelm Dilthey and Friedrich Nietzsche. These convergences lead to the creation of the concept of post-history; the lead especially to the critical elaborations made by the art critic Arthur Danto and philosopher Gianni Vattimo, both directly influenced by philosophies of temporality and difference. The dissolution of a sense of history as a unitary and teleological process can be thus construed, as the categories of overcoming, of new and of time as progress are modulated under the scrutiny of the notions of zeitgeist and genius loci, with the contrast between Christian Norberg-Schulz and Michel Foucault. To summarize, this investigation probes the depths of the tension imposed by difference, be it as a result of historical-temporal dispersion, be it by spatial-cultural dispersion, and accomplished in the celebration of dissension and plurality, not only as an ethical-aesthetical-political foundation, but epistemologically as a non-metaphysical direction for the handling of heritage-related issues.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEstética arquitetônicaFenomenologiaPatrimonio historicoArquiteturaPós-históriaPatrimônio históricoFenomenologia do tempoTeoria da arquiteturaPreexistênciasDialética intempestiva: dimensões pós-históricas do patrimônioinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_breno_guimaraes_mendes.pdfapplication/pdf36412294https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-B7BGV8/1/tese_breno_guimaraes_mendes.pdf350248c218f89ab870b6be17aac195b0MD511843/MMMD-B7BGV82019-08-10 20:51:29.441oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-B7BGV8Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-08-10T23:51:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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