O Evangelho de Homero: por uma outra história dos Estudos Clássicos
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/41265 https://orcid.org/0000-0002-8985-8315 |
Resumo: | Homero está morto. Quem matou Homero? A interrogação colocada por dois classicistas estadunidenses, Victor Davis Hanson e John Heath (1998), ecoa um tópos tradicional na história dos Estudos Clássicos e constitui o ponto de partida para uma investigação sobre a pretensa crise dessa disciplina na contemporaneidade. Para isso, o contexto das últimas décadas — em especial, no âmbito das culture wars — é analisado a partir dos conflitos entre diferentes perspectivas sobre a Antiguidade e seus significados para o presente: entre cânone e estudos culturais, entre filologia e teoria, aquilo que em inglês se chama de classics constitui um campo de batalha para classicistas e intelectuais, tanto conservadores quanto progressistas. Contudo, as questões suscitadas por esses debates sugerem que alguns dos impasses contemporâneos têm raízes mais antigas, remontando pelo menos à institucionalização da Altertumswissenschaft [Ciência da Antiguidade] na universidade alemã do século XIX, a partir da fusão de princípios humanistas e historicistas. O responsável por avançar a proposta de uma disciplina moderna para o estudo da Antiguidade é Friedrich August Wolf, autor também da obra que formaliza a “questão homérica” na Modernidade (Prolegomena ad Homerum, 1795). Essas duas frentes de seu trabalho intelectual estão profundamente imbricadas e revelam a que ponto uma reflexão sobre Homero e seus poemas fundamenta a ideia de uma prática filológica desde a Antiguidade. Homero seria não apenas metonímia dos Estudos Clássicos, mas condição de possibilidade para seu desenvolvimento desde os antigos até os (pós-)modernos. Para investigar essa hipótese, desenvolvida por Wolf e assumida como pressuposto pelos estudiosos que escreveram alguma História dos Estudos Clássicos (durante os séculos XIX e XX), a estratégia é remontar aos antigos e estudar suas práticas potencialmente filológicas à luz das especificidades de seus contextos históricos. Com isso, emerge um esboço de uma outra história dos Estudos Clássicos — de Homero a Wolf e além —, delineada a partir da perspectiva oblíqua de quem não deixa de refletir sobre a realidade contemporânea e, tomando consciência de sua própria história, busca enfrentar criticamente seus problemas. |
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Teodoro Rennó Assunçãohttp://lattes.cnpq.br/8502192331689449Nabil Araújo de SouzaJacyntho José Lins BrandãoGustavo Henrique Montes FradeAdriane da Silva DuarteChristian WernerBernardo Guadalupe Lins Brandão, Giuliana Ragusahttp://lattes.cnpq.br/7864336413389692Rafael Guimarães Tavares da Silva2022-04-29T15:47:29Z2022-04-29T15:47:29Z2022-04-06http://hdl.handle.net/1843/41265https://orcid.org/0000-0002-8985-8315Homero está morto. Quem matou Homero? A interrogação colocada por dois classicistas estadunidenses, Victor Davis Hanson e John Heath (1998), ecoa um tópos tradicional na história dos Estudos Clássicos e constitui o ponto de partida para uma investigação sobre a pretensa crise dessa disciplina na contemporaneidade. Para isso, o contexto das últimas décadas — em especial, no âmbito das culture wars — é analisado a partir dos conflitos entre diferentes perspectivas sobre a Antiguidade e seus significados para o presente: entre cânone e estudos culturais, entre filologia e teoria, aquilo que em inglês se chama de classics constitui um campo de batalha para classicistas e intelectuais, tanto conservadores quanto progressistas. Contudo, as questões suscitadas por esses debates sugerem que alguns dos impasses contemporâneos têm raízes mais antigas, remontando pelo menos à institucionalização da Altertumswissenschaft [Ciência da Antiguidade] na universidade alemã do século XIX, a partir da fusão de princípios humanistas e historicistas. O responsável por avançar a proposta de uma disciplina moderna para o estudo da Antiguidade é Friedrich August Wolf, autor também da obra que formaliza a “questão homérica” na Modernidade (Prolegomena ad Homerum, 1795). Essas duas frentes de seu trabalho intelectual estão profundamente imbricadas e revelam a que ponto uma reflexão sobre Homero e seus poemas fundamenta a ideia de uma prática filológica desde a Antiguidade. Homero seria não apenas metonímia dos Estudos Clássicos, mas condição de possibilidade para seu desenvolvimento desde os antigos até os (pós-)modernos. Para investigar essa hipótese, desenvolvida por Wolf e assumida como pressuposto pelos estudiosos que escreveram alguma História dos Estudos Clássicos (durante os séculos XIX e XX), a estratégia é remontar aos antigos e estudar suas práticas potencialmente filológicas à luz das especificidades de seus contextos históricos. Com isso, emerge um esboço de uma outra história dos Estudos Clássicos — de Homero a Wolf e além —, delineada a partir da perspectiva oblíqua de quem não deixa de refletir sobre a realidade contemporânea e, tomando consciência de sua própria história, busca enfrentar criticamente seus problemas.Homer is dead. Who killed Homer? The question posed by two American classicists, Victor Davis Hanson and John Heath (1998), echoes a traditional topos in the history of Classical Studies and constitutes the starting point for an investigation into the reality of a crisis in this discipline in contemporary times. This investigation analyzes the context of the last decades — especially the so-called culture wars — in order to understand the conflicts between different perspectives on Antiquity and its meanings for the present: between canon and cultural studies, between philology and theory, “classics” constitutes a battleground for classicists and intellectuals, both conservative and progressive. However, the questions raised by these debates suggest that some of the contemporary impasses have older roots, going back at least to the institutionalization of Altertumswissenschaft [the Science of Antiquity] in the German university of the 19th century, with its fusion of humanist and historicist principles. The person responsible for proposing a modern discipline for the study of Antiquity is Friedrich August Wolf, author of the work that formalizes the “Homeric question” in Modernity (with his Prolegomena ad Homerum, 1795). These two sides of his intellectual work are deeply intertwined and reveal the extent to which a reflection on Homer and his poems underpins the idea that philology is practiced since Antiquity. In this sense, Homer would be not just a metonymy of Classical Studies, but a condition of possibility for its development from the ancients to the (post-)moderns. To investigate this hypothesis, developed by Wolf and assumed by scholars who wrote Histories of Classical Scholarship (during the 19th and 20th centuries), the strategy is to go back to the ancients and study their potentially philological practices in the light of the specificities of their historical contexts. Doing so, an outline of another history of Classical Scholarship emerges — from Homer to Wolf and beyond —, sketched from the oblique perspective of someone who keeps reflecting on contemporary reality and, becoming aware of his own history, seek to critically confront its problems.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LiteráriosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRASHomero – Crítica e interpretaçãoLiteratura clássica – História e críticaHistória dos Estudos ClássicosHomeroFilologiaFriedrich August WolfRecepção ClássicaO Evangelho de Homero: por uma outra história dos Estudos ClássicosHomer's Gospel: For another history of Classical Studiesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALSILVA (2022). 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