As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: André Fernando Gil Alcon Cabral
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/58352
Resumo: Pensar uma psicopatologia psicanalítica exige um labor do qual não podemos nos desviar. Se há uma psicopatologia a ser sustentada, tal perspectiva não é facilmente fundamentada, nem mesmo aceita de modo incontestável na cultura. Na realidade, torna-se cada dia mais imprescindível, tendo em vista o direcionamento da psiquiatria e da psicologia para o campo das neurociências e da sintomatologia, bem como os embates internos à própria psicanálise. Advindos da tradição cartesiana, dualismos entre corpo e alma, somático e psíquico, natureza e cultura, ressurgem como grandes novidades e com promessas, que mais cessam o debate do que propriamente o enriquecem. Parecemos retornar à velha unilateralidade médica no qual apenas o somático seria capaz de produzir sintomas e efeitos sobre o psíquico. Contrariando o discurso emergente na contemporaneidade, demonstramos que essas dicotomias se mostram insuficientes/insustentáveis, sobretudo, (a) quando abordamos as noções de trauma e sua relação com a historicidade; (b) interpelamos o sofrimento psíquico como litoral da anomia e indeterminação entre o mal-estar do gozo e o saber-verdade do sintoma; (c) versamos sobre as estruturas clínicas e sua suposta fixidez ontológica diante da variedade histórica e contingente; (d) discorremos à cerca dos sintomas não como déficit, mas como denúncia ao social e à ordem vigente; ou ainda, (e) debatemos as patologias sociais e contemporâneas como formas de manifestação localizada no espaço-tempo. Por isto, neste trabalho, propomos uma leitura que permita distinguir o campo das doenças biomédicas e as psicopatologias, compreendendo que, principalmente, para esta última, devemos nos afastar de um entendimento dicotômico. Portanto, propomos que quando afirmamos uma psicopatologia psicanalítica, apostamos na (1) proposição de uma indissociabilidade entre a ontologia e a epistemologia, no qual obtemos um realismo dialético ou nominalismo dinâmico. Tal aposta na indissociabilidade, todavia não nos leva a uma compreensão unitária da psicopatologia. Trata-se de afirmar (2) a condição litoral do tripleto entre real, verdade e saber, aquilo que analogamente descrevemos enquanto nossa rocha, nosso mar e areia, distinções que não devem ser apagadas por meio de díades ou unidades na psicanálise. Por último, (3) sustentamos a tríplice biopsicossocial como modo de leitura da psicopatologia freudiana e lacaniana. Estas três proposições de leitura da psicopatologia não poderiam ser afirmadas senão pelo conceito de pulsão bem como de sua origem. Acreditamos que, pelo infamiliar da pulsão, aproximamo-nos da dimensão estética da pulsão de morte em Freud, aquela que mais no interessa, uma vez que conduz às figuras do anormal, da anomia, do mutante, da indeterminação, ambos compreendidos como possibilidade de deformar e fazer críticas à dimensão egológica. Diferentemente das dimensões histórico-política e/ou biológica da pulsão de morte, que conduziriam à condição suicidária do indivíduo orgânico e do social, Freud e Lacan apontaram para a indeterminação em seu aspecto político. Uma revolução frente ao eu e às estruturas individuais e sociais, que permite formalizar uma crítica à Biopolítica e à Necropolítica, modelos de gestão do sofrimento psíquico notabilizados recentemente pelo Neoliberalismo. Pois bem, propomos a recuperação da matriz histórico-política e biológica da psicanálise a partir da dimensão estética da pulsão de morte, posto que a matriz estética, por sua condição litoral, permite afirmar tanto a indissociabilidade ontológico-epistemológico, quanto a tríplice real, verdade e saber. Por fim, vislumbramos a possibilidade de abrasileirar a psicanálise para que não permaneçamos em leituras eurocêntricas (reducionistas), incapazes de compreender a complexidade e diferença do povo negro e indígena, bem como seu perspectivismo multiculturalista e multinaturalista. Eis o modo como anunciamos os litorais da psicanálise brasileira frente aos demais saberes da cultura.
id UFMG_813d8cc2bf323a70d66b65de824539d8
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/58352
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Gilson de Paulo Moreira Ianninihttp://lattes.cnpq.br/2758348799133801Marcia Maria Rosa Vieira LuchinaMarcelo Ricardo PereiraPaulo Antonio de Campos BeerVladimir Pinheiro Safatlehttp://lattes.cnpq.br/4716091994359825André Fernando Gil Alcon Cabral2023-08-30T19:07:49Z2023-08-30T19:07:49Z2023-03-03http://hdl.handle.net/1843/58352Pensar uma psicopatologia psicanalítica exige um labor do qual não podemos nos desviar. Se há uma psicopatologia a ser sustentada, tal perspectiva não é facilmente fundamentada, nem mesmo aceita de modo incontestável na cultura. Na realidade, torna-se cada dia mais imprescindível, tendo em vista o direcionamento da psiquiatria e da psicologia para o campo das neurociências e da sintomatologia, bem como os embates internos à própria psicanálise. Advindos da tradição cartesiana, dualismos entre corpo e alma, somático e psíquico, natureza e cultura, ressurgem como grandes novidades e com promessas, que mais cessam o debate do que propriamente o enriquecem. Parecemos retornar à velha unilateralidade médica no qual apenas o somático seria capaz de produzir sintomas e efeitos sobre o psíquico. Contrariando o discurso emergente na contemporaneidade, demonstramos que essas dicotomias se mostram insuficientes/insustentáveis, sobretudo, (a) quando abordamos as noções de trauma e sua relação com a historicidade; (b) interpelamos o sofrimento psíquico como litoral da anomia e indeterminação entre o mal-estar do gozo e o saber-verdade do sintoma; (c) versamos sobre as estruturas clínicas e sua suposta fixidez ontológica diante da variedade histórica e contingente; (d) discorremos à cerca dos sintomas não como déficit, mas como denúncia ao social e à ordem vigente; ou ainda, (e) debatemos as patologias sociais e contemporâneas como formas de manifestação localizada no espaço-tempo. Por isto, neste trabalho, propomos uma leitura que permita distinguir o campo das doenças biomédicas e as psicopatologias, compreendendo que, principalmente, para esta última, devemos nos afastar de um entendimento dicotômico. Portanto, propomos que quando afirmamos uma psicopatologia psicanalítica, apostamos na (1) proposição de uma indissociabilidade entre a ontologia e a epistemologia, no qual obtemos um realismo dialético ou nominalismo dinâmico. Tal aposta na indissociabilidade, todavia não nos leva a uma compreensão unitária da psicopatologia. Trata-se de afirmar (2) a condição litoral do tripleto entre real, verdade e saber, aquilo que analogamente descrevemos enquanto nossa rocha, nosso mar e areia, distinções que não devem ser apagadas por meio de díades ou unidades na psicanálise. Por último, (3) sustentamos a tríplice biopsicossocial como modo de leitura da psicopatologia freudiana e lacaniana. Estas três proposições de leitura da psicopatologia não poderiam ser afirmadas senão pelo conceito de pulsão bem como de sua origem. Acreditamos que, pelo infamiliar da pulsão, aproximamo-nos da dimensão estética da pulsão de morte em Freud, aquela que mais no interessa, uma vez que conduz às figuras do anormal, da anomia, do mutante, da indeterminação, ambos compreendidos como possibilidade de deformar e fazer críticas à dimensão egológica. Diferentemente das dimensões histórico-política e/ou biológica da pulsão de morte, que conduziriam à condição suicidária do indivíduo orgânico e do social, Freud e Lacan apontaram para a indeterminação em seu aspecto político. Uma revolução frente ao eu e às estruturas individuais e sociais, que permite formalizar uma crítica à Biopolítica e à Necropolítica, modelos de gestão do sofrimento psíquico notabilizados recentemente pelo Neoliberalismo. Pois bem, propomos a recuperação da matriz histórico-política e biológica da psicanálise a partir da dimensão estética da pulsão de morte, posto que a matriz estética, por sua condição litoral, permite afirmar tanto a indissociabilidade ontológico-epistemológico, quanto a tríplice real, verdade e saber. Por fim, vislumbramos a possibilidade de abrasileirar a psicanálise para que não permaneçamos em leituras eurocêntricas (reducionistas), incapazes de compreender a complexidade e diferença do povo negro e indígena, bem como seu perspectivismo multiculturalista e multinaturalista. Eis o modo como anunciamos os litorais da psicanálise brasileira frente aos demais saberes da cultura.Reasoning about psychoanalytical psychopathology is a task we cannot run away from. If there is a psychopathology to be upheld, such a perspective is neither easily substantiated nor unconditionally accepted in one’s culture. Actually, it is more and more essential, given the path taken by psychiatry and psychology towards the neurosciences and symptomatology fields, and due to internal clashes observed within psychoanalysis itself. Dualisms deriving from the Cartesian tradition, such as body and soul, somatic and psychic, nature and culture, reappear as great novelties and bring along promises that mostly cease, rather than enrich, this debate. We seem to return to the old medical one-sidedness, according to which, only what is somatic can produce symptoms and effects on individuals’ psyche. Unlike the discourse emerging in contemporary times, we herein advocate that these dichotomies are insufficient/unsustainable, mainly (a) when we approach concepts of trauma and their association with historicity; (b) when we question psychic suffering as the “littoral” of anomie and indetermination between the discontent of jouissance and the knowledge-truth of the symptom; (c) when we talk about clinical structures and their supposed ontological fixity towards historical and contingent variety; (d) when we address symptoms as claim to society and to the current order, rather than as deficit; or yet, (e) when we debate social and contemporary pathologies as manifestation forms located in space-time. Thus, the aim of the current study is to propose a reading to enable differentiating biomedical diseases from psychopathologies, based on the awareness that we must move away from dichotomous understanding, mainly in case of psychopathologies. Therefore, by addressing psychoanalytic psychopathology, we bet on (1) the proposition of inseparability between ontology and epistemology, based on which, we get dialectical realism or dynamic nominalism. However, such a bet on inseparability does not enable the unitary understanding about psychopathology. It is about affirming (2) the “littoral” condition of the “real, truth and knowledge” triplet, which we similarly describe as our rock, sea and sand; these distinctions should not be erased by means of dyads or units in psychoanalysis. Finally, (3) we defend the biopsychosocial triad as way of reading both the Freudian and the Lacanian psychopathologies. These three psychopathology-reading propositions could only be substantiated by the concept of drive and by its origin. Based on the “unfamiliar” of the drive, we approach the aesthetic dimension of the death drive in Freud, which is the one that mostly interests us, since it leads to abnormal, anomie, mutant, indetermination figures understood as the likelihood to deform and criticize the ego dimension. Unlike the historical-political and/or biological dimensions of the death drive, which would lead organic and social individuals to the suicidal condition, Freud and Lacan point towards indetermination in its political aspect. It is a revolution towards the self, as well as towards individual and social structures, and it enables formalizing a critique of Biopolitics and Necropolitics, which are psychic suffering-management models recently made famous by Neoliberalism. Thus, we propose recovering the historical-political and biological matrix of psychoanalysis through the aesthetic dimension of the death drive, since, due to its “littoral” condition, the aesthetic matrix enables affirming both the ontological-epistemological indissociability and the “real, truth and knowledge” triad. Finally, we see the possibility of ‘Brazilianizing’ psychoanalysis to avoid insisting in Eurocentric (reductionist) readings that are not capable of understanding both the complexity of, and difference between, black and indigenous people, as well as their multiculturalist and multi-naturalist perspective. This is how we announce the “littorals” of Brazilian psychoanalysis, in comparison to other cultural knowledge sets.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAPsicologia - TesesPsicopatologia - TesesFreud, Sigmund, 1856-1939Lacan, Jacques, 1901-1981Psicanálise - TesesPsicopatologiaPulsãoInfamiliarObjeto aPsicanáliseAs pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litoraisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTESE ULTIMA VERSÃO ANDRE CABRAL ENTREGAR As pulsões e a (in) determinação nas psicanálises de Freud e Lacan elementos para uma leitura ENTREGAR.pdfTESE ULTIMA VERSÃO ANDRE CABRAL ENTREGAR As pulsões e a (in) determinação nas psicanálises de Freud e Lacan elementos para uma leitura ENTREGAR.pdfapplication/pdf3185893https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58352/1/TESE%20ULTIMA%20VERS%c3%83O%20ANDRE%20CABRAL%20%20%20ENTREGAR%20As%20puls%c3%b5es%20e%20a%20%28in%29%20determina%c3%a7%c3%a3o%20nas%20psican%c3%a1lises%20de%20Freud%20e%20Lacan%20elementos%20para%20uma%20leitura%20ENTREGAR.pdf1c487c3fb4cb9a8e74bae3f4003582beMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58352/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/583522023-08-30 16:07:50.2oai:repositorio.ufmg.br:1843/58352TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-08-30T19:07:50Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
title As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
spellingShingle As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
André Fernando Gil Alcon Cabral
Psicopatologia
Pulsão
Infamiliar
Objeto a
Psicanálise
Psicologia - Teses
Psicopatologia - Teses
Freud, Sigmund, 1856-1939
Lacan, Jacques, 1901-1981
Psicanálise - Teses
title_short As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
title_full As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
title_fullStr As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
title_full_unstemmed As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
title_sort As pulsões e a (in)determinação nas psicanálises de Freud e Lacan : elementos para uma leitura abrasileirada da psicopatologia e seus litorais
author André Fernando Gil Alcon Cabral
author_facet André Fernando Gil Alcon Cabral
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Gilson de Paulo Moreira Iannini
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2758348799133801
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Marcia Maria Rosa Vieira Luchina
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Marcelo Ricardo Pereira
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Paulo Antonio de Campos Beer
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Vladimir Pinheiro Safatle
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4716091994359825
dc.contributor.author.fl_str_mv André Fernando Gil Alcon Cabral
contributor_str_mv Gilson de Paulo Moreira Iannini
Marcia Maria Rosa Vieira Luchina
Marcelo Ricardo Pereira
Paulo Antonio de Campos Beer
Vladimir Pinheiro Safatle
dc.subject.por.fl_str_mv Psicopatologia
Pulsão
Infamiliar
Objeto a
Psicanálise
topic Psicopatologia
Pulsão
Infamiliar
Objeto a
Psicanálise
Psicologia - Teses
Psicopatologia - Teses
Freud, Sigmund, 1856-1939
Lacan, Jacques, 1901-1981
Psicanálise - Teses
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Psicologia - Teses
Psicopatologia - Teses
Freud, Sigmund, 1856-1939
Lacan, Jacques, 1901-1981
Psicanálise - Teses
description Pensar uma psicopatologia psicanalítica exige um labor do qual não podemos nos desviar. Se há uma psicopatologia a ser sustentada, tal perspectiva não é facilmente fundamentada, nem mesmo aceita de modo incontestável na cultura. Na realidade, torna-se cada dia mais imprescindível, tendo em vista o direcionamento da psiquiatria e da psicologia para o campo das neurociências e da sintomatologia, bem como os embates internos à própria psicanálise. Advindos da tradição cartesiana, dualismos entre corpo e alma, somático e psíquico, natureza e cultura, ressurgem como grandes novidades e com promessas, que mais cessam o debate do que propriamente o enriquecem. Parecemos retornar à velha unilateralidade médica no qual apenas o somático seria capaz de produzir sintomas e efeitos sobre o psíquico. Contrariando o discurso emergente na contemporaneidade, demonstramos que essas dicotomias se mostram insuficientes/insustentáveis, sobretudo, (a) quando abordamos as noções de trauma e sua relação com a historicidade; (b) interpelamos o sofrimento psíquico como litoral da anomia e indeterminação entre o mal-estar do gozo e o saber-verdade do sintoma; (c) versamos sobre as estruturas clínicas e sua suposta fixidez ontológica diante da variedade histórica e contingente; (d) discorremos à cerca dos sintomas não como déficit, mas como denúncia ao social e à ordem vigente; ou ainda, (e) debatemos as patologias sociais e contemporâneas como formas de manifestação localizada no espaço-tempo. Por isto, neste trabalho, propomos uma leitura que permita distinguir o campo das doenças biomédicas e as psicopatologias, compreendendo que, principalmente, para esta última, devemos nos afastar de um entendimento dicotômico. Portanto, propomos que quando afirmamos uma psicopatologia psicanalítica, apostamos na (1) proposição de uma indissociabilidade entre a ontologia e a epistemologia, no qual obtemos um realismo dialético ou nominalismo dinâmico. Tal aposta na indissociabilidade, todavia não nos leva a uma compreensão unitária da psicopatologia. Trata-se de afirmar (2) a condição litoral do tripleto entre real, verdade e saber, aquilo que analogamente descrevemos enquanto nossa rocha, nosso mar e areia, distinções que não devem ser apagadas por meio de díades ou unidades na psicanálise. Por último, (3) sustentamos a tríplice biopsicossocial como modo de leitura da psicopatologia freudiana e lacaniana. Estas três proposições de leitura da psicopatologia não poderiam ser afirmadas senão pelo conceito de pulsão bem como de sua origem. Acreditamos que, pelo infamiliar da pulsão, aproximamo-nos da dimensão estética da pulsão de morte em Freud, aquela que mais no interessa, uma vez que conduz às figuras do anormal, da anomia, do mutante, da indeterminação, ambos compreendidos como possibilidade de deformar e fazer críticas à dimensão egológica. Diferentemente das dimensões histórico-política e/ou biológica da pulsão de morte, que conduziriam à condição suicidária do indivíduo orgânico e do social, Freud e Lacan apontaram para a indeterminação em seu aspecto político. Uma revolução frente ao eu e às estruturas individuais e sociais, que permite formalizar uma crítica à Biopolítica e à Necropolítica, modelos de gestão do sofrimento psíquico notabilizados recentemente pelo Neoliberalismo. Pois bem, propomos a recuperação da matriz histórico-política e biológica da psicanálise a partir da dimensão estética da pulsão de morte, posto que a matriz estética, por sua condição litoral, permite afirmar tanto a indissociabilidade ontológico-epistemológico, quanto a tríplice real, verdade e saber. Por fim, vislumbramos a possibilidade de abrasileirar a psicanálise para que não permaneçamos em leituras eurocêntricas (reducionistas), incapazes de compreender a complexidade e diferença do povo negro e indígena, bem como seu perspectivismo multiculturalista e multinaturalista. Eis o modo como anunciamos os litorais da psicanálise brasileira frente aos demais saberes da cultura.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-08-30T19:07:49Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-08-30T19:07:49Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-03-03
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/58352
url http://hdl.handle.net/1843/58352
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Psicologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58352/1/TESE%20ULTIMA%20VERS%c3%83O%20ANDRE%20CABRAL%20%20%20ENTREGAR%20As%20puls%c3%b5es%20e%20a%20%28in%29%20determina%c3%a7%c3%a3o%20nas%20psican%c3%a1lises%20de%20Freud%20e%20Lacan%20elementos%20para%20uma%20leitura%20ENTREGAR.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58352/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 1c487c3fb4cb9a8e74bae3f4003582be
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589291702484992