Estudo diacrônico da construção V1(chegar) + PREP(a) + V2(infinitivo) no português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Elizene Sebastiana de Oliveira Nunes
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MGSS-9HSPJD
Resumo: Em uma perspectiva diacrônica, na interface entre a teoria da variação e mudança linguística e da gramaticalização, estudou-se a construção V1CHEGAR + PREPa + V2infinitivo no PB. O objetivo maior deste estudo foi averiguar se o verbo chegar se gramaticalizou como verbo auxiliar e, tendo se gramaticalizado, se passou a marcar funções aspectuais e/ou modais, conforme hipótese inicialmente aventada. As análises encontraram aporte teórico em autores que discorrem sobre a gramaticalização, tais como Lehmann (1982), Hopper (1987, 1991), Hopper e Traugott (1993, 2003), Gonçalves et al (2007), dentre outros. Além disso, autores como Pontes (1973), Lobato (1975), Longo e Campos (2002), Travaglia (1985), Neves (2006), Koch (1995, 2006), Guimarães (1995) e Cabral (2011) subsidiaram as análises acerca da auxiliaridade verbal e da marcação aspectual e modal. Em um primeiro momento, com base em consultas lexicográficas e comprovações com dados do corpus, foram identificados diferentes usos e acepções de chegar no PB, o que permitiu comprovar o processo de abstratização do item, levando-o à gramaticalização. Num segundo momento, a construção V1CHEGAR + PREPa + V2infinitivo foi submetida a 12 critérios de auxiliaridade recorrentes entre os autores que estudam o referido tema, sendo que desse total 8 critérios foram atualizados, o que confere ao chegar o estatuto de auxiliar. Depois, analisou-se a construção tomando por base a classificação aspectual proposta por Travaglia (1985) e averiguou-se que, do ponto de vista do completamento, é predominante na construção o aspecto perfectivo. Do ponto de vista das fases de realização, há expressão de contornos terminativos, o que não é suficiente para afirmar categoricamente que o item marca esse aspecto, pois ele se comporta distintamente de auxiliares terminativos prototípicos como terminar e acabar. A marcação modal foi estudada com base em Neves (2006), mas, distintamente do que se imaginava, não foi possível classificá-la em deôntica e em epistêmica. Analisando a construção pelo viés da argumentação, a modalidade ficou comprovada via escala, o que também imprime ao chegar a função de operador argumentativo, já que, ao escalonar eventos ou ações nos enunciados, confere ao evento ou à ação escalonados uma maior força argumentativa.
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Além disso, autores como Pontes (1973), Lobato (1975), Longo e Campos (2002), Travaglia (1985), Neves (2006), Koch (1995, 2006), Guimarães (1995) e Cabral (2011) subsidiaram as análises acerca da auxiliaridade verbal e da marcação aspectual e modal. Em um primeiro momento, com base em consultas lexicográficas e comprovações com dados do corpus, foram identificados diferentes usos e acepções de chegar no PB, o que permitiu comprovar o processo de abstratização do item, levando-o à gramaticalização. Num segundo momento, a construção V1CHEGAR + PREPa + V2infinitivo foi submetida a 12 critérios de auxiliaridade recorrentes entre os autores que estudam o referido tema, sendo que desse total 8 critérios foram atualizados, o que confere ao chegar o estatuto de auxiliar. Depois, analisou-se a construção tomando por base a classificação aspectual proposta por Travaglia (1985) e averiguou-se que, do ponto de vista do completamento, é predominante na construção o aspecto perfectivo. Do ponto de vista das fases de realização, há expressão de contornos terminativos, o que não é suficiente para afirmar categoricamente que o item marca esse aspecto, pois ele se comporta distintamente de auxiliares terminativos prototípicos como terminar e acabar. A marcação modal foi estudada com base em Neves (2006), mas, distintamente do que se imaginava, não foi possível classificá-la em deôntica e em epistêmica. Analisando a construção pelo viés da argumentação, a modalidade ficou comprovada via escala, o que também imprime ao chegar a função de operador argumentativo, já que, ao escalonar eventos ou ações nos enunciados, confere ao evento ou à ação escalonados uma maior força argumentativa.In a diachronic perspective, the interface between the theory of linguistic variation and change and grammaticalization, we studied the construction V1CHEGAR + PREPa + V2infinitive in PB. The major objective of this study was to investigate whether the verb chegar grammaticalized itself as an auxiliary one and, having grammaticalized, it began to present aspectual and / or modal functions. The analyses found theoretical support in authors who talk about grammaticalization, such as Lehmann (1982), Hopper (1987, 1991), Hopper and Traugott (1993, 2003), Gonçalves (2007), among others. Furthermore, authors such as Pontes (1973), Lobato (1975), Longo and Campos (2002), Travaglia (1985), Neves (2006), Koch (1995, 2006), Guimarães (1995) and Cabral (2011) subsidized the analyses regarding the verbal condition of being auxiliarityand aspectual and modal marking. Firstly, based on lexicographical consultations and evidences with corpus data, different uses and meanings of chegar in PB were identified, which helped to check the process of abstratization of the item, leading it to grammaticalization. Secondly, the construction V1CHEGAR + PREPa + V2infinitive was subjected to 12 condition of being auxiliarity criteria among authors who study the referred topic, and, of this total, 8 criteria were updated, giving to chegar the status of an auxiliary verb. Then we analyzed the construction in an aspectual classification proposed by Travaglia (1985) and it was evidenced that, from the standpoint of completion, the perfective aspect is predominant in the construction. From the point of view of realization stages, there are terminative contour expressions, which is not enough to state that the item presents that aspect because it behaves distinctly from prototypical auxiliary terminatives such as terminar and acabar. The modal marking was studied based on Neves (2006). Analyzing the construction of argumentation bias, the modality was proven via scale, which also provides chegar with the function of argumentative operator, as, when one schedules events or actions in the enunciations, it gives the staggered event or action a greater argumentative force.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLíngua portuguesa GramaticalizaçãoLíngua portuguesa VerbosLinguística de corpusModalidade (Linguística)Gramaticalização V1CHEGAR + PREPa + V2infinitivo Aspecto Modalidade Operador argumentativoEstudo diacrônico da construção V1(chegar) + PREP(a) + V2(infinitivo) no português brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALelizene_sebastiana_de_oliveira_nunes__versao_final_da_disserta__o_.pdfapplication/pdf1170070https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9HSPJD/1/elizene_sebastiana_de_oliveira_nunes__versao_final_da_disserta__o_.pdfb724522a0f980104ce22666f529c48fbMD51TEXTelizene_sebastiana_de_oliveira_nunes__versao_final_da_disserta__o_.pdf.txtelizene_sebastiana_de_oliveira_nunes__versao_final_da_disserta__o_.pdf.txtExtracted texttext/plain293843https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9HSPJD/2/elizene_sebastiana_de_oliveira_nunes__versao_final_da_disserta__o_.pdf.txt6049b06c51da5826ba74be01a56e036dMD521843/MGSS-9HSPJD2019-11-14 04:56:56.985oai:repositorio.ufmg.br:1843/MGSS-9HSPJDRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:56:56Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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