O que é ler na disciplina ciências da natureza?: um olhar sobre práticas de leitura promovidas na sala de aula de um professor em início de carreira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Natalia Almeida Ribeiro
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99MF2K
Resumo: A presente dissertação teve como objetivo investigar as práticas de leitura promovidas por um professor de Ciências da Natureza. O professor participante, denominado Domingos, leciona em uma turma de 25 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de um projeto de Extensão em uma Universidade Federal do sudeste do Brasil. O estudo caracteriza-se como uma investigação naturalista em que adotamos ferramentas da etnografia. Realizamos observação participante, com auxílio de registros tecnológicos, por meio da gravação de vídeo e áudio. Ainda produzimos notas de campo e arquivamos cópias de textos empregados pelo professor e elaborados pelos estudantes. Uma entrevista de cerca de uma hora foi realizada com o docente. Elaboramos mapas de eventos e linhas de tempo das aulas observadas, bem como algumas transcrições em turnos de fala. Inicialmente, construímos uma descrição das atividades de leitura desenvolvidas por Domingos com a turma de EJA. Para o docente, a leitura era um fenômeno complexo que demandava cuidado para ser explorado na escola e, particularmente, na EJA. A leitura não podia ser limitada à aquisição de informações contidas no texto escrito. Para se aprender Ciências, era preciso ler, discutir em grupo, escrever algo sobre o assunto lido, ler outros textos e apresentar para a turma. A discussão em grupo tinha um papel central, pois era por meio dela que Domingos esperava que os estudantes elaborassem seu texto e apresentação. Com essa configuração de leitura na sala de aula de Domingos, selecionamos um grupo de cinco aulas sequenciais, a fim de analisar as interações discursivas entre professor e alunos. Buscamos ver como se davam as construções de intertextualidades. Percebemos alguns tipos de interações discursivas, gerando um conjunto de categorias analíticas que foi importante para compreender a leitura como prática de intertextualidade. Vimos que a forma como o professor conversava com os alunos variava, dependendo do estudante e do grupo. A construção social discursiva de conexões intertextuais aconteceu nessa comunidade à medida que Domingos orientava os grupos, dando importância à interação com os textos escritos lidos. Os processos de elaboração de ligações intertextuais estavam relacionados com outras atividades, bem como a produção de um novo texto e a apresentação oral para a sala. A intertextualidade, então, é uma prática reconhecida como fundamental para uma leitura adequada no grupo. Por fim, o que conta como leitura nessa sala de aula de Ciências da Natureza na EJA inclui práticas de escrita e de intertextualidade. Ler, portanto, não era simplesmente decodificar um texto escrito e deste extrair informações. Ler, segundo as atividades planejadas pelo professor e desenvolvidas com a turma de EJA, era engajar-se em uma dinâmica de ações que transitam entre o individual e o coletivo.
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spelling Danusa MunfordNatalia Almeida Ribeiro2019-08-12T22:18:22Z2019-08-12T22:18:22Z2013-02-27http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99MF2KA presente dissertação teve como objetivo investigar as práticas de leitura promovidas por um professor de Ciências da Natureza. O professor participante, denominado Domingos, leciona em uma turma de 25 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de um projeto de Extensão em uma Universidade Federal do sudeste do Brasil. O estudo caracteriza-se como uma investigação naturalista em que adotamos ferramentas da etnografia. Realizamos observação participante, com auxílio de registros tecnológicos, por meio da gravação de vídeo e áudio. Ainda produzimos notas de campo e arquivamos cópias de textos empregados pelo professor e elaborados pelos estudantes. Uma entrevista de cerca de uma hora foi realizada com o docente. Elaboramos mapas de eventos e linhas de tempo das aulas observadas, bem como algumas transcrições em turnos de fala. Inicialmente, construímos uma descrição das atividades de leitura desenvolvidas por Domingos com a turma de EJA. Para o docente, a leitura era um fenômeno complexo que demandava cuidado para ser explorado na escola e, particularmente, na EJA. A leitura não podia ser limitada à aquisição de informações contidas no texto escrito. Para se aprender Ciências, era preciso ler, discutir em grupo, escrever algo sobre o assunto lido, ler outros textos e apresentar para a turma. A discussão em grupo tinha um papel central, pois era por meio dela que Domingos esperava que os estudantes elaborassem seu texto e apresentação. Com essa configuração de leitura na sala de aula de Domingos, selecionamos um grupo de cinco aulas sequenciais, a fim de analisar as interações discursivas entre professor e alunos. Buscamos ver como se davam as construções de intertextualidades. Percebemos alguns tipos de interações discursivas, gerando um conjunto de categorias analíticas que foi importante para compreender a leitura como prática de intertextualidade. Vimos que a forma como o professor conversava com os alunos variava, dependendo do estudante e do grupo. A construção social discursiva de conexões intertextuais aconteceu nessa comunidade à medida que Domingos orientava os grupos, dando importância à interação com os textos escritos lidos. Os processos de elaboração de ligações intertextuais estavam relacionados com outras atividades, bem como a produção de um novo texto e a apresentação oral para a sala. A intertextualidade, então, é uma prática reconhecida como fundamental para uma leitura adequada no grupo. Por fim, o que conta como leitura nessa sala de aula de Ciências da Natureza na EJA inclui práticas de escrita e de intertextualidade. Ler, portanto, não era simplesmente decodificar um texto escrito e deste extrair informações. Ler, segundo as atividades planejadas pelo professor e desenvolvidas com a turma de EJA, era engajar-se em uma dinâmica de ações que transitam entre o individual e o coletivo.This study aimed to investigate the reading practices promoted by a natural sciences teacher in the middle school level. We call the participant teacher Mr. Sunday. He was teaching in the Adult Education system in a 25 students class inside a outreach university project. The school and the university are situated in the southeast region of Brazil. Our research is a naturalistic inquiry and we adopted some ethnographic research tools/strategies. We collected our data through participant observation, with technological registers complementing the field notes produced, such as video and audio recording. We also kept copies of the activities delivered by Mr. Sunday and some texts produced by the students. We conducted an one-hour-long interview. Event maps and timelines were elaborated for the observed classes, such as some transcriptions word-by-word. First, we focused in the characterization of the reading activities. Through these analysis, we perceived that Mr. Sunday held a complex notion of reading. Reading process couldn't be reduced to information extraction from the written text. Learning science through reading needs, besides reading itself, group discussion, writing about the issue read, to read other texts, and present for the class (talking about what was read for someone else). Group discussion had a central role, since it was the way the teacher expected the students to produce their own texts and the presentation. We chose a five class sequence in order to analyze the discursive interactions between teacher and students. The focus at this moment was in the intertextuality construction. A set of categories were constructed out of the different kinds of discursive interactions observed in these five class sequence. Therefore, it pointed the reading phenomena in this class as an intertextuality practice. Mr. Sunday talked differently with each student or group. The discursive social construction of intertextuality links happened as the teacher oriented the groups. The intertextuality construction process was related to other activities, such as the writing of a new text, and the oral presentation for the whole class. So, the intertextuality is a practice acknowledged as essential for an appropriate reading in the community. Finally, what counts as reading in this science classroom in the Adult Education comprises writing and intertextuality practices. Reading isn't just to decode a written text, and extract from it information. According to the activities planned by Mr. Sunday and developed in the Adult Education classroom participant, reading is a phenomena of engagement in an actions dynamic that moves among the individual to the collectives instances.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCiencia  Estudo e ensino  LeituraEducaçãoEducação de adultosConhecimentoEducaçãoInclusão socialO que é ler na disciplina ciências da natureza?: um olhar sobre práticas de leitura promovidas na sala de aula de um professor em início de carreirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertaco_natalia.pdfapplication/pdf2592074https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99MF2K/1/dissertaco_natalia.pdf6b0ab16fb0a35d78404888edc7a7567cMD51TEXTdissertaco_natalia.pdf.txtdissertaco_natalia.pdf.txtExtracted texttext/plain347076https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99MF2K/2/dissertaco_natalia.pdf.txtacee4c114eb0561944d3862eda2d5ad0MD521843/BUOS-99MF2K2019-11-14 20:07:57.474oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-99MF2KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T23:07:57Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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