Hamaca paraguaya: perda e trabalho de luto no cinema latino-americano contemporâneo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbara Xavier Franca
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-ARJFB6
Resumo: Como o filme paraguaio Hamaca Paraguaya (Paz Encina, 2006) cifra a história? O filme apresenta um casal de velhos sentados em uma rede, reclamando das intempéries do dia e da ausência do filho, que partiu para uma guerra e possivelmente lá morreu. A dissertação associa o longa-metragem a uma série de outros trabalhos, produzidos na América Latina dos anos 2000 em diante, que também lidam com experiências menores, comezinhas, banais, até insignificantes, reunidos por Galo Alfredo Torres (2011) sob a categoria neorrealismo cotidiano. Os grandes acontecimentos são elididos, dando lugar ao cotidiano de personagens simples em seu próprio ambiente, constituindo narrativas em que não acontece praticamente nada. Diferentemente do cinema produzido na América Latina dos anos 1960 e 1970, com uma posição declaradamente crítica com relação às mazelas do então chamado Terceiro Mundo, ao imperialismo norte-americano, à corrupção política, à exploração dos povos e à colonização de sua cultura, o cinema apontado por Torres parece se abster dessas questões. Segundo Andrea Molfetta (2011), o ímpeto crítico do cinema de outrora deu lugar a filmes que trabalham com personagens enlutados, presos ao passado, vivendo histórias que não avançam. Se é possível apontar essa mudança de posicionamento de um cinema para o outro, indagamos como Hamaca Paraguaya lida com a história, tendo como ponto de partida a questão da perda do filho. Para isso, problematizamos o conceito de neorrealismo cotidiano de Torres e os aspectos do cinema latino-americano contemporâneo apontados por Molfetta, e acionamos o neorrealismo italiano para discutir um cinema da perda. Através da análise da mise-en-scène, do extracampo e do tempo em Hamaca, sugerimos um filme em estado de melancolia.
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