Lo tengo, pero me cuesta: o processamento do clítico acusativo de terceira pessoa por bilíngues do par espanhol/português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lílian Rodrigues de Almeida
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MGSS-9R3LTP
Resumo: O uso de anáforas pronominais de terceira pessoa do caso acusativo é um evento gramatical com regras pragmáticas divergentes entre o espanhol e o português brasileiro, além de entre os registros formal e informal desta última língua, também chamados de dialetos por Guy eZilles (2008), o português brasileiro popular e o português brasileiro culto. O clítico acusativo de terceira pessoa é anáfora considerada natural apenas no espanhol e no registro culto do português brasileiro. De acordo com a teoria das múltiplas gramáticas (ROEPER,1999; AMARAL; ROEPER, 2014), cada um dos conjuntos de regras divergentes na mente do falante consiste em uma subgramática distinta. O objetivo deste estudo foi, então, investigar se o processamento do clítico acusativo de terceira pessoa por bilíngues proficientes nas línguas ou registros que apresentam subgramáticas distintas com relação a seu uso geraria um conflito linguístico na mente do falante, em razão da competição entre esses subconjuntos de regras. Essa previsão corresponde ao que estabelece a Hipótese dasInterfaces (SORACE; FILIACI, 2006; SORACE, 2011), segundo a qual na interface entre sintaxe e pragmática os bilíngues encontram dificuldade de ordem computacional para a integração das fontes intralinguísticas e extralinguísticas de conhecimento. Essa hipótese foi avaliada pelo confronto entre uma técnica on-line de processamento, o maze task, e uma técnica off-line, o julgamento de aceitabilidade. Caso o conflito linguístico estivesse presente, esperava-se obter padrões distintos de resposta por entre as duas técnicas (HOPP, 2009; SORACE; SERRATRICE, 2009). O julgamento entre os bilíngues e os monolínguespara os quais o uso do clítico fosse natural poderia ser semelhante, sugerindo boa aceitação da estrutura, ou, alternativamente, o julgamento dos bilíngues poderia revelar nota superior, pois sua maior capacidade de consciência metalinguística (JESSNER, 2008) poderia tornálosmais estritos para avaliar a adequação da estrutura. Quanto à tarefa on-line, estimava-se que os tempos de reação nela obtidos seriam maiores nos bilíngues, caso houvesse conflito linguístico. Os achados da pesquisa indicaram, com resultados estatisticamente significantese marginalmente significantes, que há conflito linguístico na mente bilíngue durante o processamento da estrutura sob análise, tanto para bilíngues falantes do espanhol e do português brasileiro quanto para aqueles falantes dos dialetos culto e popular deste último. Aestrutura investigada tem alta taxa de aceitação no teste de julgamento entre esses falantes, o que sugere que não se instalou um processo de erosão linguística. Por outro lado, o maior ônus de processamento observado no teste on-line poderia ser explicado pelo custo cognitivoda inibição da regra pragmática concorrente, ou seja, da regra que não correspondia à língua alvo.
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O objetivo deste estudo foi, então, investigar se o processamento do clítico acusativo de terceira pessoa por bilíngues proficientes nas línguas ou registros que apresentam subgramáticas distintas com relação a seu uso geraria um conflito linguístico na mente do falante, em razão da competição entre esses subconjuntos de regras. Essa previsão corresponde ao que estabelece a Hipótese dasInterfaces (SORACE; FILIACI, 2006; SORACE, 2011), segundo a qual na interface entre sintaxe e pragmática os bilíngues encontram dificuldade de ordem computacional para a integração das fontes intralinguísticas e extralinguísticas de conhecimento. Essa hipótese foi avaliada pelo confronto entre uma técnica on-line de processamento, o maze task, e uma técnica off-line, o julgamento de aceitabilidade. Caso o conflito linguístico estivesse presente, esperava-se obter padrões distintos de resposta por entre as duas técnicas (HOPP, 2009; SORACE; SERRATRICE, 2009). O julgamento entre os bilíngues e os monolínguespara os quais o uso do clítico fosse natural poderia ser semelhante, sugerindo boa aceitação da estrutura, ou, alternativamente, o julgamento dos bilíngues poderia revelar nota superior, pois sua maior capacidade de consciência metalinguística (JESSNER, 2008) poderia tornálosmais estritos para avaliar a adequação da estrutura. Quanto à tarefa on-line, estimava-se que os tempos de reação nela obtidos seriam maiores nos bilíngues, caso houvesse conflito linguístico. Os achados da pesquisa indicaram, com resultados estatisticamente significantese marginalmente significantes, que há conflito linguístico na mente bilíngue durante o processamento da estrutura sob análise, tanto para bilíngues falantes do espanhol e do português brasileiro quanto para aqueles falantes dos dialetos culto e popular deste último. Aestrutura investigada tem alta taxa de aceitação no teste de julgamento entre esses falantes, o que sugere que não se instalou um processo de erosão linguística. Por outro lado, o maior ônus de processamento observado no teste on-line poderia ser explicado pelo custo cognitivoda inibição da regra pragmática concorrente, ou seja, da regra que não correspondia à língua alvo.The use of third person pronominal anaphora in the accusative case is a grammatical event that has divergent rules for Spanish and Brazilian Portuguese, as well as for the formal and informal registers of the latter, which are also called dialects by Guy and Zilles (2008), thePopular Brazilian Portuguese and the standard Brazilian Portuguese. The third person accusative clitic is considered to be a natural anaphor only in Spanish and in the standard register of Brazilian Portuguese. According to the multiple grammars theory (ROEPER, 1999; AMARAL; ROEPER, 2014), each of the divergent rule sets present in a speakersmind corresponds to a different subgrammar. The aim of this study was, then, to investigate whether processing of the third person accusative clitic by bilinguals proficient in languages or dialects which have different subgrammars concerning its usage would generate a linguistic conflict in the speakers mind, by reason of the fact that these rule subsetscompete. This prediction matches the Interface Hypothesis (SORACE; FILIACI, 2006; SORACE, 2011), according to which bilinguals face computational difficulties to integrate intralinguistic and extralinguistic sources of knownledge in the interface between syntax andpragmatics. This hypothesis was checked by confronting an online processing technique, the maze task, and an offline one, the acceptability judgment. If the linguistic conflict was present, it would be expected to find answers with different patterns between the two techniques (HOPP, 2009; SORACE; SERRATRICE, 2009). The judgment could be similaramong bilinguals and monolinguals to which the usage of the clitic is natural, that suggesting that the structure has a good acceptance rate. Or, alternatively, bilinguals judgment could achieve higher scores, as their greater metalinguistic awareness capacity (JESSNER, 2008) could turn them stricter to assess the structure adequacy. Regarding theonline task, it was expected that the reaction times obtained would be faster among bilinguals, in case in which there was a linguistic conflict. The findings of the research, with statistically and marginally significant results, pointed to the existence of linguistic conflict within the bilingual mind during the processing of the structure under analysis, as much tobilinguals who speak both Brazilian Portuguese and Spanish as to those who speak the standard and the popular dialects of this latter. The structure investigated has a high acceptance rate among these speakers in the judgment test, a fact that suggests that a linguistic attrition process is not occurring. On the other hand, the increased processingcharge observed in the online test could be explained by the cognitive charge of inhibiting the concurrent pragmatic rule, that is, of inhibiting the rule that did not correspond to the target language.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLíngua espanhola PronomesGramatica comparada e geralLíngua portuguesa GramáticaLíngua espanhola GramáticaLíngua portuguesa PronomesEspanholportuguês brasileiro cultoportuguês brasileiro popularHipótese das Interfacesclítico acusativo de terceira pessoaportuguês brasileiroLo tengo, pero me cuesta: o processamento do clítico acusativo de terceira pessoa por bilíngues do par espanhol/português brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL1683m.pdfapplication/pdf981842https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9R3LTP/1/1683m.pdf256f2b654b6d175a2b5e497103de91a2MD51TEXT1683m.pdf.txt1683m.pdf.txtExtracted texttext/plain185243https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9R3LTP/2/1683m.pdf.txt5079a89c739bf3d8692f11411166cb2cMD521843/MGSS-9R3LTP2019-11-14 13:04:52.173oai:repositorio.ufmg.br:1843/MGSS-9R3LTPRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T16:04:52Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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