Arquitetura e outras artes: a pintura de Hammershøi e o sentido do espaço

• Autor(a) principal: André Bambirra Vaillant
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/59561; https://orcid.org/0000-0001-7884-6127
• topic: Atmosfera; Técnica; Poética; Lugar; Sentido; Crítica arquitetônica; Espaço urbano; Arte e arquitetura; Poética; Ontologia

Esta dissertação procura traçar uma crítica da técnica no que concerne o projeto arquitetônico sobretudo a partir da década de 1980. Nesse ínterim, trata mormente do conflito entre a arte e a técnica moderna, mais detidamente dos problemas pertinentes à arquitetura: sua debatida exclusão do campo das disciplinas artísticas e o argumento que a fundamenta, aquele de sua funcionalidade; as questões imbricadas de lugar e percepção, tentando entender as implicações existenciais da constituição humana para o habitar; a partir dessa última problemática, inserimos aquela da Stimmung, disposição ou atmosfera, e a pergunta pelo sentido. Para tanto, a presente escrita procede de duas formas, é dizer, a crítica de caráter filosófico e a análise comparada; traça um breve panorama histórico de sua problemática a partir da filosofia da primeira metade do século XX e, a seguir, debruça-se sobre a mais recente historiografia da arquitetura; como sua terceira etapa, dedica-se à análise de uma curta série de edifícios e, por fim, a uma série de pinturas do dinamarquês Vilhelm Hammershøi. Dessa forma, tem como objetivo principal operar reaproximações entre a arquitetura e as demais artes através do conceito de poética, retomando o sentido heideggeriano do termo no âmbito da crítica deste à técnica moderna. Nesse viés, contrapomos ao poético a reificação operada por essa técnica e a exclusão da consciência humana dos objetos produzidos na forma da alienação. À essa fratura destinamos uma segunda reaproximação, ou seja, aquela do humano, desde sua constituição ontológica, aos objetos produzidos – tratando, aqui, de edifícios – em que tomamos a obra de arte como modelo dessa reunião, como o produto em que o fazedor pode sempre encontrar-se. Dessa forma é que inserimos a discussão da Stimmung (disposição), conforme o §29 de Ser e Tempo, como um dos existenciais do modo de ser do humano (Dasein) e sua relação com a produção de sentido em geral, sobretudo a partir da ideia de Bestimmung (determinação, definição). Comentamos igualmente acerca do par αἴσθησις e νόησις na crítica da epistemologia da ciência. A parte final do trabalho dedica-se a procurar entender a relação da disposição com os objetos à mão, com os espaços que a arquitetura configura e o encontrar-se no mundo de modo mais geral. Este texto se conclui retomando a questão inicial pela afirmação da arquitetura enquanto arte e pretende ter podido demonstrá-lo em seu percurso.