Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Júlia Fonseca de Castro
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/30474
Resumo: O que se conhece sobre viagem é fruto de discursos que centralizaram sentidos para o ato de viajar, condicionando o campo conceitual e imaginário a ela relacionado. Constructo narrativo largamente difundido e integrado à cultura oral e escrita, viagem é um produto da linguagem e do pensamento que perpassa projetos de poder e de dominação territorial. A tese consiste em um espaço de reflexão e de questionamento que palmilha limites do discurso dominante de viagem e que entrevê enunciados criados por outros sujeitos, a partir de outras práticas, que são, por razões pouco refletidas, afastados do que convencionou-se nomear de viagem. Trata-se de um estudo crítico e criativo sobre textos narrativos de viagem para a identificação de centralidades discursivas e, também, do potencial de reinvenção do discurso dominante. A ênfase reflexiva da pesquisa recai sobre a viagem por dentro, que visa destacar a necessidade de que o sujeito compreenda-se plenamente enquanto viajante para construir um lugar de enunciação lúcido e transformador que supere o individualismo e o consumismo atrelados às viagens contemporâneas. Tal lugar enunciativo pode ser desenhado a partir da crítica da referência de viajante como sujeito universal cujo olhar centralizador permite o exercício de um posicionamento autoritário e pouco auto-crítico. A histórica assimetria discursiva, que direcionou o olhar viajante do exterior ao interior, necessita ser reconstruída a partir da apropriação da plataforma enunciativa de viagem. A narração de viagem é um tipo de empréstimo criativo que mistura várias formas de representação textual, que proporciona uma imaginação do eu com relação ao outro e que permite uma tomada de posição de si em articulação a um saber sobre o outro — lugar, paisagem, cultura, povo. Textos jornalísticos, ensaísticos e literários são posicionados em um mesmo patamar interpretativo para favorecer o debate acerca dos fundamentos do discurso ocidental hegemônico de viagem. A interpretação e a redação de textos de viagem são alinhadas ao objetivo de sublinhar determinados sentidos assumidos pelo viajante: testemunha, contemplativo, eurocêntrico, erudito e masculino. Gonçalo Cadilhe, Raquel Ochoa, Jonathan Swift, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges, Tiago Salazar, Mário de Andrade, Guimarães Rosa são autores cujos textos analisados proporcionam o aprofundamento das reflexões. As conclusões da pesquisa acentuam a necessidade da narração como processo que movimenta o sujeito em busca de sentido para a viagem, uma ação não menos importante que a de se deslocar fisicamente. Conclui-se que é necessário expandir referências para o desenvolvimento do potencial subversivo e emancipador das viagens.
id UFMG_d95bba65937d4632cbecd7d94f4722eb
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/30474
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Cássio Eduardo Viana Hissahttp://lattes.cnpq.br/4881571012899098Humberto Fois BragaAndre Velloso Batista FerreiraLuiz Henrique Assis GarciaJosé Geraldo Pedrosahttp://lattes.cnpq.br/2896064194733123Júlia Fonseca de Castro2019-10-17T16:38:57Z2019-10-17T16:38:57Z2019-04-29http://hdl.handle.net/1843/30474O que se conhece sobre viagem é fruto de discursos que centralizaram sentidos para o ato de viajar, condicionando o campo conceitual e imaginário a ela relacionado. Constructo narrativo largamente difundido e integrado à cultura oral e escrita, viagem é um produto da linguagem e do pensamento que perpassa projetos de poder e de dominação territorial. A tese consiste em um espaço de reflexão e de questionamento que palmilha limites do discurso dominante de viagem e que entrevê enunciados criados por outros sujeitos, a partir de outras práticas, que são, por razões pouco refletidas, afastados do que convencionou-se nomear de viagem. Trata-se de um estudo crítico e criativo sobre textos narrativos de viagem para a identificação de centralidades discursivas e, também, do potencial de reinvenção do discurso dominante. A ênfase reflexiva da pesquisa recai sobre a viagem por dentro, que visa destacar a necessidade de que o sujeito compreenda-se plenamente enquanto viajante para construir um lugar de enunciação lúcido e transformador que supere o individualismo e o consumismo atrelados às viagens contemporâneas. Tal lugar enunciativo pode ser desenhado a partir da crítica da referência de viajante como sujeito universal cujo olhar centralizador permite o exercício de um posicionamento autoritário e pouco auto-crítico. A histórica assimetria discursiva, que direcionou o olhar viajante do exterior ao interior, necessita ser reconstruída a partir da apropriação da plataforma enunciativa de viagem. A narração de viagem é um tipo de empréstimo criativo que mistura várias formas de representação textual, que proporciona uma imaginação do eu com relação ao outro e que permite uma tomada de posição de si em articulação a um saber sobre o outro — lugar, paisagem, cultura, povo. Textos jornalísticos, ensaísticos e literários são posicionados em um mesmo patamar interpretativo para favorecer o debate acerca dos fundamentos do discurso ocidental hegemônico de viagem. A interpretação e a redação de textos de viagem são alinhadas ao objetivo de sublinhar determinados sentidos assumidos pelo viajante: testemunha, contemplativo, eurocêntrico, erudito e masculino. Gonçalo Cadilhe, Raquel Ochoa, Jonathan Swift, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges, Tiago Salazar, Mário de Andrade, Guimarães Rosa são autores cujos textos analisados proporcionam o aprofundamento das reflexões. As conclusões da pesquisa acentuam a necessidade da narração como processo que movimenta o sujeito em busca de sentido para a viagem, uma ação não menos importante que a de se deslocar fisicamente. Conclui-se que é necessário expandir referências para o desenvolvimento do potencial subversivo e emancipador das viagens.What is known about traveling is the result of discourses that have centralized the meaning of the action of traveling, shaping the conceptual and imaginary fields related to it. Traveling, a largely diffused narrative construct integrated to the oral and written traditions, is a product of the language and thinking that are associated to projects of power and territory domination. This dissertation is a space for thinking and questioning this, it tracks the limits of the dominating traveling discourse, and foresees definitions, created by other subjects through other practices, which were distanced, for some unclear reason, from what has been commonly defined as traveling. It is a creative study that sees through narrative texts about the act of traveling to identify aspects of the discourse monopoly, but also the possibility of reinventing the dominant discourse. The reflexive essence of the research revisits traveling on the inside, in order to highlight the traveler’s necessity to understand herself completely so as to build a place of lucid expression and transformation, which may overcome the individualism and consumerism currently associated to traveling. Such place of expression can be described through the questioning of the idea of the traveler as a universal being, whose centralizing eye allows for an authoritarian and self-centered perspective. The historical asymmetry in discourse, which has moved the traveler’s eyesight from the outside to the inside, needs to be rebuilt through the appropriation of the platform for defining traveling. The narrative is a type of creative borrowing that entails several paths of creating a text, which enables imagining oneself in the place of other, allowing for understanding our own perspective through knowing the other’s place, landscape, culture, and people. Columns, essays, and literary texts were all considered from the same perspective to encourage debate about the essence of the mainstream western discourse about traveling. The interpretation and writing of texts on traveling aimed at underscoring meanings given by the traveler, as that of a witness, and also contemplative, Eurocentric, knowing, and masculine. Gonçalo Cadilhe, Raquel Ochoa, Jonathan Swift, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges, Tiago Salazar, Mário de Andrade, Guimarães Rosa: are some of the authors whose texts were read, allowing for deeper reflection. The research’s conclusion highlights the need of the narrative as a process for encouraging people towards having meaning in traveling, a no less important action than that of physically dislocating oneself. We conclude that it is necessary to increase the references that may help realize the subversive and transformative potentials in the act of traveling.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em GeografiaUFMGBrasilIGC - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIAhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessViagem na literaturaGeografia na literaturaViagemNarrativaDiscursoLiteraturaSubjetividadeRepresentaçãoSobre viagem: palmilhar limites, entrever transformaçõesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALJulia Fonseca de Castro tese.pdfJulia Fonseca de Castro tese.pdfAbertoapplication/pdf11760842https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/1/Julia%20Fonseca%20de%20Castro%20tese.pdfa5858f436d0ef5a29700e677c740f110MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/3/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD53TEXTJulia Fonseca de Castro tese.pdf.txtJulia Fonseca de Castro tese.pdf.txtExtracted texttext/plain418481https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/4/Julia%20Fonseca%20de%20Castro%20tese.pdf.txt34815208cebc65f6a02011c30ead9cc5MD541843/304742019-11-14 12:50:08.376oai:repositorio.ufmg.br:1843/30474TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T15:50:08Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
title Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
spellingShingle Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
Júlia Fonseca de Castro
Viagem
Narrativa
Discurso
Literatura
Subjetividade
Representação
Viagem na literatura
Geografia na literatura
title_short Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
title_full Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
title_fullStr Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
title_full_unstemmed Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
title_sort Sobre viagem: palmilhar limites, entrever transformações
author Júlia Fonseca de Castro
author_facet Júlia Fonseca de Castro
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Cássio Eduardo Viana Hissa
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4881571012899098
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Humberto Fois Braga
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Andre Velloso Batista Ferreira
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Luiz Henrique Assis Garcia
dc.contributor.referee4.fl_str_mv José Geraldo Pedrosa
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2896064194733123
dc.contributor.author.fl_str_mv Júlia Fonseca de Castro
contributor_str_mv Cássio Eduardo Viana Hissa
Humberto Fois Braga
Andre Velloso Batista Ferreira
Luiz Henrique Assis Garcia
José Geraldo Pedrosa
dc.subject.por.fl_str_mv Viagem
Narrativa
Discurso
Literatura
Subjetividade
Representação
topic Viagem
Narrativa
Discurso
Literatura
Subjetividade
Representação
Viagem na literatura
Geografia na literatura
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Viagem na literatura
Geografia na literatura
description O que se conhece sobre viagem é fruto de discursos que centralizaram sentidos para o ato de viajar, condicionando o campo conceitual e imaginário a ela relacionado. Constructo narrativo largamente difundido e integrado à cultura oral e escrita, viagem é um produto da linguagem e do pensamento que perpassa projetos de poder e de dominação territorial. A tese consiste em um espaço de reflexão e de questionamento que palmilha limites do discurso dominante de viagem e que entrevê enunciados criados por outros sujeitos, a partir de outras práticas, que são, por razões pouco refletidas, afastados do que convencionou-se nomear de viagem. Trata-se de um estudo crítico e criativo sobre textos narrativos de viagem para a identificação de centralidades discursivas e, também, do potencial de reinvenção do discurso dominante. A ênfase reflexiva da pesquisa recai sobre a viagem por dentro, que visa destacar a necessidade de que o sujeito compreenda-se plenamente enquanto viajante para construir um lugar de enunciação lúcido e transformador que supere o individualismo e o consumismo atrelados às viagens contemporâneas. Tal lugar enunciativo pode ser desenhado a partir da crítica da referência de viajante como sujeito universal cujo olhar centralizador permite o exercício de um posicionamento autoritário e pouco auto-crítico. A histórica assimetria discursiva, que direcionou o olhar viajante do exterior ao interior, necessita ser reconstruída a partir da apropriação da plataforma enunciativa de viagem. A narração de viagem é um tipo de empréstimo criativo que mistura várias formas de representação textual, que proporciona uma imaginação do eu com relação ao outro e que permite uma tomada de posição de si em articulação a um saber sobre o outro — lugar, paisagem, cultura, povo. Textos jornalísticos, ensaísticos e literários são posicionados em um mesmo patamar interpretativo para favorecer o debate acerca dos fundamentos do discurso ocidental hegemônico de viagem. A interpretação e a redação de textos de viagem são alinhadas ao objetivo de sublinhar determinados sentidos assumidos pelo viajante: testemunha, contemplativo, eurocêntrico, erudito e masculino. Gonçalo Cadilhe, Raquel Ochoa, Jonathan Swift, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges, Tiago Salazar, Mário de Andrade, Guimarães Rosa são autores cujos textos analisados proporcionam o aprofundamento das reflexões. As conclusões da pesquisa acentuam a necessidade da narração como processo que movimenta o sujeito em busca de sentido para a viagem, uma ação não menos importante que a de se deslocar fisicamente. Conclui-se que é necessário expandir referências para o desenvolvimento do potencial subversivo e emancipador das viagens.
publishDate 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-10-17T16:38:57Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-10-17T16:38:57Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-04-29
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/30474
url http://hdl.handle.net/1843/30474
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Geografia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv IGC - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/1/Julia%20Fonseca%20de%20Castro%20tese.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/2/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/3/license.txt
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30474/4/Julia%20Fonseca%20de%20Castro%20tese.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv a5858f436d0ef5a29700e677c740f110
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
34badce4be7e31e3adb4575ae96af679
34815208cebc65f6a02011c30ead9cc5
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589334662643712