Isolamento e identificação de leveduras do gênero Candida em pacientes com câncer orogástrico: susceptibilidade a drogas antifúngicas, virulência e perfil de resposta imune

• Autor(a) principal: Lourimar Viana do Nascimento Franco de Sousa
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-ABZH78
• topic: Candida spp; Resposta imune; Leveduras; Diagnóstico; Antifúngicos; Câncer orogástrico; Identificação; Microbiologia; Resposta imune; Neoplasias bucais; Candida; Leveduras (Fungos)

O câncer é uma enfermidade crônica degenerativa que apresenta um crescimento desordenado (maligno) de células, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. O processo de carcinogênese ou oncogênese compreende desde alterações precoces no DNA até a formação do tumor, podendo acarretar a destruição do organismo hospedeiro, de maneira lenta e progressiva. Como em outras neoplasias malignas, o câncer de boca tem o seu desenvolvimento estimulado pela interação de fatores ambientais, agentes cancerígenos ou carcinógenos e fatores do hospedeiro como idade, raça, sexo e herança genética. Alguns agentes externos também são fatores predisponentes ao desenvolvimento do câncer como exposição à radiação solar, e tabagismo e etilismo crônicos. As infecções oportunistas da cavidade bucal são primariamente causadas por fungos do gênero Candida e ocorrem frequentemente nesse grupo de pacientes. Considerando os aspectos relacionados à presença de fungos na cavidade bucal e seu discutível papel no câncer, o objetivo deste trabalho foi verificar o potencial agressor das leveduras do gênero Candida entre os diferentes pacientes que apresentam câncer orogástrico, incluindo aspectos relacionados ao diagnóstico da neoplasia bucal, a produção de proteinase e fosfolipase, e a capacidade de adesão das leveduras, à terapia antifúngica e à população celular envolvida na resposta imune do paciente. Foram incluídos neste estudo 59 pacientes com diagnóstico clínico confirmado para o câncer e presença de Candida spp. e 34 indivíduos do grupo controle. Para confirmação do diagnóstico de câncer, fragmentos de tecido foram submetidos às análises cito e histológicas. As amostras de swabs orais foram semeadas em ágar Sabouraud dextrose, para posterior identificação das espécies. As leveduras foram identificadas por testes presuntivos através da produção de pigmento no meio de CRHOMagarCandida, características morfológicas e teste confirmativo através da espectrometria de massa MALDI-TOF. No grupo com câncer foram identificadas 32 (51,6%) amostras como Candida albicans, 4 (6,5%) como C. tropicalis, 9 (14,5%) como C. glabrata, 4 (6,5%) como C. krusei, 8 (12,9%) como C. parapsilosis e 5 (8%) como C. lusitaneae. Para o grupo controle 14 (66,7%) foram identificadas como C. albicans, 5 (23,8%) como C. parapsilosis,1 (4,8%) como C. krusei e 1 (4,8%) como C. glabrata. As leveduras foram também avaliadas quanto à expressão de fatores de virulência como a produção de proteinase e fosfolipase, a sua capacidade de adesão, e quanto ao perfil de susceptibilidade aos antifúngicos, comumente utilizados na clínica médica. Também foi feita uma avaliação no soro dos pacientes com câncer oro-gástrico e grupo controle para que fosse determinado o perfil de resposta imune nos indivíduos envolvidos no trabalho. Tanto o exame histopatológico que é o método mais utilizado para a análise de lesões suspeitas de malignidade, quanto o exame citopatológico, considerado uma forma de diagnóstico alternativo, demonstraram sensibilidade de 100% em todas as amostras analisadas, sendo este método uma ferramenta promissora para a realização do diagnóstico de câncer de boca. Cinquenta e nove por cento dos indivíduos do grupo controle e 85% dos pacientes com câncer orogástrico apresentaram levedura na cavidade oral sendo a espécie Candida albicans a mais prevalente com 66,7% nos indivíduos do grupo controle e 48,4% nos pacientes com câncer. As leveduras recuperadas dos indivíduos com câncer foram mais aderentes que os isolados provenientes do grupo controle. Quanto à produção de fosfolipase, foi observado uma maior produção, tanto para as amostras recuperados dos indivíduos do grupo controle quanto para os pacientes com câncer, com 61,9% e 51,6% respectivamente. Já para a proteinase, foi observada maior produção nas amostras proveniente dos pacientes com câncer com 41,9%. Para grupo controle, somente 4,8% apresentaram esta característica. Diante do teste de susceptibilidade à drogas antifúngicas, a maiorias das amostras para os dois grupos que fizeram parte do estudo apresentaram sensibilidade a todos os antifúngicos testados sendo que, as amostras do grupo controle apresentaram maior sensibilidade dos que as amostras dos pacientes com câncer. Por fim, quanto ao perfil imunológico avaliado a partir do soro dos pacientes com câncer e grupo controle, foi observado que nos pacientes com câncer, houve um aumento estatisticamente significativo das citocinas IL-2, IL-10, TNF- IFN-e IL-17 em relação aos indivíduos do grupo controle (saudáveis), mostrando haver uma alteração sistêmica nestas citocinas inflamatórias entre os indivíduos com câncer oro gástrico.