Kanhgang Êg My Há : para uma psicologia Kaingang
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/212727 |
Resumo: | As especificidades culturais na saúde colocam inúmeros desafios, entre eles a necessidade de formação adequada dos profissionais na área de saúde mental. Este trabalho de conclusão propõe refletir sobre as questões relativas às causas do sofrimento dos indígenas, que continuam em grande medida tão desconhecidos quanto a nossa riqueza étnica e cultural. A partir da experiência, tanto das dificuldades, quanto das superações de ser kanhgág, da marca tribal kamê, conectada com o mundo espiritual do meu povo e ao mesmo tempo estar no espaço da universidade, reflito sobre como compreendemos a nossa “saúde mental” de forma distinta do fóg. Na escrita deste relato vou tecendo as tramas do cesto, entre as minhas conversas com os kófas, na aldeia. Por nossa conexão sagrada com a natureza quando a mesma é tratada como mercadoria nos causa adoecimento, quando a Mãe Terra não tem mais forças para produzir e é abandonada, meu povo a chama para que não nos falte e volte a ter vida, nos dar vida para continuarmos fortes na nossa luta, que é constante. Quando nossas crianças nascem, enterramos o umbigo na porta da nossa casa, isso, para que os espíritos dos nossos kósig (filhos) não sejam capturados pelos vênh-kuprîg kórég (espíritos ruins). O vínculo com o território é tão forte que quando a pessoa kanhgág morre, ela tem que voltar para sua terra de origem. A quebra desse e de outros tantos preceitos culturais pode nos trazer sofrimento psicológico, assim como nos separar de nossos filhos. Por meio dessa trança entre relatos e vivências, busco trazer as particularidades da nossa cultura kanhgág me propondo a pensar uma psicologia kanhgág, direcionada a nossa forma de ser e estar no mundo, trazendo a nossa noção de Kanhgág êg my há para que o “povo da mercadoria” entenda nossas práticas originárias de saúde não somente no contexto das aldeias, mas também na universidade, território onde resistimos e existimos. |
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