Freud e o Dichter, ou "por que a literatura?"
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/141701 |
Resumo: | Em O escritor e a fantasia (1908), conferência de Sigmund Freud sobre a criação literária, duas perguntas são feitas a respeito da natureza do trabalho do Dichter (o escritor, o poeta, o criador literário): “de onde esta singular personalidade, o escritor, retira o seu material [...] e como logra nos tocar tão fortemente com ele, provocando em nós emoções de que talvez não julgássemos capazes [?].” Freud estabelecerá uma linha de continuidade que vai da brincadeira infantil para a fantasia, das fantasias para os sonhos noturnos e os devaneios, dos devaneios para a criação literária, e da criação literária novamente à brincadeira infantil. Mas persiste em suas considerações a percepção de uma semelhança estrutural entre as narrativas ficcionais da literatura e a elaboração novelesca da neurose, percepção de que na produção do autor literário atuam os mesmo mecanismos que são do interesse do psicanalista, que eles bebem da mesma fonte, com a diferença de que para o escritor não é preciso discernir as leis do inconsciente que descobre em si mesmo e que passam a fazer parte de sua criação estética. A partir dessa ideia, é possível perguntar a título de quê Freud se importa com o Dichter, se não é para ver em suas obras mais do que o reflexo da doutrina psicanalítica, se não é para fazer da teoria um arsenal crítico capaz de ajudar na apreciação das obras, analisando temas, conteúdos, meios de expressão, eventualmente considerando aspectos biográficos e psicológicos do artista. Ao procurar contextualizar as afirmações de O escritor e a fantasia em outros momentos da teoria freudiana, o presente trabalho propõe que é a própria concepção psicanalítica acerca do funcionamento psíquico (portanto, da conformação subjetiva moderna) que está em questão quando Freud se vê convocado às homologias entre neurose e escrita literária, donde a necessidade de se retomar a advertência feita por ele de que o que importa para a psicanálise é o processo de criação, ou seja, o que o Dichter faz e o que uma Dichtung faz com o leitor. |
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