Coxielose em ruminantes e a febre Q na saúde pública no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Zache, Eduardo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)
Texto Completo: https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/4876
Resumo: A Febre Q é uma zoonose de distribuição mundial causada por Coxiella burnetii, uma bactéria intracelular obrigatória gram-negativa da ordem Legionellales, que foi classificado como potencial agente de bioterrorismo. Desta forma, o presente estudo tem objetivo de realizar uma revisão de literatura sobre a febre Q e a coxielose, com ênfase a sua estreita relação à saúde pública, em função do seu caráter zoonótico, somada à importância econômica para a pecuária nacional. Os bovinos e pequenos ruminantes representam as fontes de infecção mais frequentes em humanos, sendo a inalação de aerossóis contaminados de produtos animais infectados a principal forma de transmissão. O alto risco ocupacional está relacionado principalmente a criadores de bovinos e pequenos ruminantes e veterinários, até mesmo pessoas com contato esporádico com animais, como funcionários em consultórios veterinários. As infecções em humanos geralmente são assintomáticas, podendo evoluir para complicações graves como endocardite e se não tratada adequadamente pode ser fatal. Nos ruminantes as manifestações clínicas mais importantes são distúrbios reprodutivos, como abortamento, fetos natimortos, endometrite, infertilidade e mastite, porém o agente também já foi identificado em bovinos com endocardite. O diagnóstico clínico é difícil devido a inespecificidade dos sinais clínicos. Ferramentas de diagnóstico indireto específicas, como o teste de microimunofluorescência indireta é considerado técnica de referência para humanos, no entanto para ruminantes o método molecular de reação em cadeia da polimerase (PCR) é um método confiável para detectar a eliminação do agente em fluidos corporais (fezes, leite e muco vaginal) que pode ser intermitente. A combinação profilática de doxiciclina e hidroxicloroquina é comprovadamente eficaz para prevenção de endocardite, sendo indicada na presença de fatores de risco em humanos. Em animais o uso de antimicrobianos não apresentou eficácia. Nos últimos anos foram relatados diversos casos de infecção por C. burnetii em humanos e animais no Brasil, evidenciando-se a circulação de febre Q em humanos na região sudeste e nordeste, e em animais nas regiões do sudeste, centro-oeste e nordeste. O ministério da agricultura, pecuária e abastecimento enquadra a enfermidade na categoria 3 (três) da lista de enfermidades de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário, no entanto, não é reconhecida pelo Ministério da Saúde Brasileiro como de notificação obrigatória em humanos. Como todas as doenças zoonóticas, o controle da enfermidade nos animais e a interdisciplinaridade seguindo os princípios de Saúde Única, influenciará diretamente nos resultados observados em humanos.
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O alto risco ocupacional está relacionado principalmente a criadores de bovinos e pequenos ruminantes e veterinários, até mesmo pessoas com contato esporádico com animais, como funcionários em consultórios veterinários. As infecções em humanos geralmente são assintomáticas, podendo evoluir para complicações graves como endocardite e se não tratada adequadamente pode ser fatal. Nos ruminantes as manifestações clínicas mais importantes são distúrbios reprodutivos, como abortamento, fetos natimortos, endometrite, infertilidade e mastite, porém o agente também já foi identificado em bovinos com endocardite. O diagnóstico clínico é difícil devido a inespecificidade dos sinais clínicos. Ferramentas de diagnóstico indireto específicas, como o teste de microimunofluorescência indireta é considerado técnica de referência para humanos, no entanto para ruminantes o método molecular de reação em cadeia da polimerase (PCR) é um método confiável para detectar a eliminação do agente em fluidos corporais (fezes, leite e muco vaginal) que pode ser intermitente. A combinação profilática de doxiciclina e hidroxicloroquina é comprovadamente eficaz para prevenção de endocardite, sendo indicada na presença de fatores de risco em humanos. Em animais o uso de antimicrobianos não apresentou eficácia. Nos últimos anos foram relatados diversos casos de infecção por C. burnetii em humanos e animais no Brasil, evidenciando-se a circulação de febre Q em humanos na região sudeste e nordeste, e em animais nas regiões do sudeste, centro-oeste e nordeste. O ministério da agricultura, pecuária e abastecimento enquadra a enfermidade na categoria 3 (três) da lista de enfermidades de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário, no entanto, não é reconhecida pelo Ministério da Saúde Brasileiro como de notificação obrigatória em humanos. Como todas as doenças zoonóticas, o controle da enfermidade nos animais e a interdisciplinaridade seguindo os princípios de Saúde Única, influenciará diretamente nos resultados observados em humanos.Q fever is a zoonosis of worldwide distribution caused by Coxiella burnetii, a gram-negative obligate intracellular bacterium of the order Legionellales, which has been classified as a potential bioterrorism agent. Thus, the present study aims to perform a literature review on Q fever and coxiellosis, with emphasis on its close relationship to public health, due to its zoonotic nature, in addition to its economic importance for national livestock. Cattle and small ruminants represent the most frequent sources of infection in humans, with inhalation of contaminated aerosols from infected animal products being the main form of transmission. The high occupational risk is related mainly to cattle and small ruminant breeders and veterinarians, even people with sporadic contact with animals, such as employees in veterinary clinics. Infections in humans are usually asymptomatic, but can evolve into serious complications such as endocarditis, which can be fatal if not treated appropriately. In ruminants the most important clinical manifestations are reproductive disorders such as abortion, stillbirth fetus, endometritis, infertility and mastitis, but the agent has also been identified in cattle with endocarditis. The clinical diagnosis is difficult, due to the nonspecificity of the clinical signs. Specific indirect diagnostic tools such as the indirect microimmunofluorescence test is considered a reference technique for humans, however for ruminants the molecular method of polymerase chain reaction (PCR) is a reliable method to detect the elimination of the agent in body fluids (feces, milk and vaginal mucus) that may be intermittent. The prophylactic combination of doxycycline and hydroxychloroquine has been shown to be effective in preventing endocarditis and is indicated in the presence of risk factors in humans. In animals, the use of antimicrobials has not been effective. In recent years, several cases of C. burnetii infection in humans and animals have been reported in Brazil, with evidence of Q fever circulating in humans in the southeast and northeast regions, and in animals in the southeast, central-west and northeast regions. The Ministry of Agriculture, Livestock and Supply classifies the disease in category 3 (three) of the list of diseases of mandatory notification to the Veterinary Service, however, it is not recognized by the Brazilian Ministry of Health as of mandatory notification in humans. With all zoonotic diseases, the control of the disease in animals and the interdisciplinary following the principles of One Health, will directly influence the results observed in humans.BrasilTorres, Alexandre Augusto Arenaleshttp://lattes.cnpq.br/9715170506304327http://lattes.cnpq.br/5145322907663650Zache, Eduardo2023-08-17T21:48:50Z2023-08-17T21:48:50Z2021-09-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesis43 f.application/pdfZACHE, Eduardo. Coxielose em ruminantes e a febre Q na saúde pública no Brasil. 2021. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Residência) – Programa de Residência em Área Profissional da Saúde em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Garanhuns, 2021.https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/4876porAtribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BRopenAccessinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)instname:Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)instacron:UFRPE2023-08-17T21:50:50Zoai:dspace:123456789/4876Repositório InstitucionalPUBhttps://repository.ufrpe.br/oai/requestrepositorio.sib@ufrpe.bropendoar:https://v2.sherpa.ac.uk/id/repository/106122023-08-17T21:50:50Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE) - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)false
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