Papel dos nervos renais, corpúsculos carotídeos e aldosterona na hipertensão arterial renovascular de Goldblatt

• Autor(a) principal: Lincevicius, Gisele Silverio [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5565186; http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50072
• topic: Hipertensão renovascular; Hiperatividade simpática; Sistema-renina-angiotensina-aldosterona; Denervação renal; Ressecção do corpúsculo carotídeo; Quimiorreflexo periférico; Renovascular hypertension; Sympathetic hyperactivity; Renin-angiotensin-aldosterone system; Renal denervation; Carotid body resection; Peripheral chemoreceptors

Introdução: O sistema nervoso simpático (SNS), a hipertonicidade do corpúsculo carotídeo (CB) e o sistema-renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) desempenham um importante papel na gênese e na manutenção da hipertensão renovascular no modelo 2 rins - 1 clipe (2R1C). Tanto a angiotensina II (Ang II) quanto a aldosterona (Aldo) são efetores importantes do SRAA e estão envolvidas no aumento da pressão arterial (PA) e da hipertonia simpática no modelo 2R1C. Acredita-se que na fase intermediária da hipertensão renovascular o organismo esteja mais sensível as ações da Ang II. Neste sentido, foi demonstrado recentemente que a hipertonicidade do CB antecede a instalação da hipertensão arterial sistêmica (HAS) no modelo 2R1C, podendo estar diretamente relacionada à maior sensibilidade a Ang II e à hipertonia simpática nestes animais. A hiperativação simpática pode ser resultante do aumento das sinalizações aferentes provenientes de diversos tecidos, como por exemplo, rins e CB no modelo 2R1C. Deste modo, evidências têm demonstrado que a denervação total renal (DnX) reduz a PA e a hiperativação nervosa simpática, do mesmo modo que a denervação do seio carotídeo (CSD) promove efeitos semelhantes, além de melhorar a função renal dos animais 2R1C. Hipóteses: Acreditamos que o nervo renal apresenta um papel importante sobre o controle tônico e reflexo da atividade simpática para os territórios renal, lombar e cardíaco no modelo 2R1C. Assim, sugerimos que os mecanismos de regulação cardiovascular e autonômica estejam sensibilizados pela ação da Ang II e sua interação com a Aldo possa influenciar esta resposta. Além disso, acreditamos que esta sensibilização aumentada a Ang II possa ser mantida mesmo após a reversão da HAS por meio da retirada do clipe de prata nos animais 2R1C. Ademais, pressupomos que existe uma comunicação entre rins e CB e, a Aldo, via receptores mineralocorticoides, participe desta comunicação. Objetivos e Métodos: A presente tese avaliou os efeitos da DnX (retirada da sinalização aferente e eferente renal) do rim isquêmico sobre o controle tônico e reflexo da atividade nervosa simpática (ANS) para os territórios renal, lombar e cardíaco. A interação entre Ang II e Aldo cronicamente foi avaliada por meio de condicionamentos prévios e posteriores tratamentos com antagonistas de receptores do tipo 1 de Ang II (AT1) e/ou de receptores mineralocorticoides (MR). Desta forma, o controle tônico e o reflexo da atividade nervosa simpática renal (ANSr) e lombar (ANSl) foram avaliados nos animais 2R1C submetidos ou não aos respectivos condicionamentos. Considerando que a sensibilização aumentada a Ang II pode ser mantida mesmo após a reversão da hipertensão arterial renovascular, avaliamos os efeitos da retirada do clipe de prata após a 4ª semana de indução da hipertensão renovascular sobre os sistemas cardiovascular, autonômico e renal. No mesmo sentido, verificamos se as respostas induzidas pelas infusões intracerebroventricular (ICV), agudas e crônicas, de Ang II sobre PA, ANSr e/ou ANSl se diferenciavam nos animais submetidos ou não a retirada do clipe de prata. Por fim, avaliamos a possível comunicação entre os rins e o CB por meio da denervação seletiva de aferentes renais (RND) e da remoção seletiva dos quimiorreceptores periféricos através da ressecção do CB (CBR) no modelo 2R1C. Resultados: O aumento da ANS, tal como a disfunção da função barorreceptora existentes para o território renal também estão presentes para o território lombar nos animais 2R1C. A DnX promoveu redução da pressão arterial média (PAM), normalização da ANS para os dois territórios simpáticos avaliados e produziu efeitos não uniformes sobre a sensibilidade dos barorreceptores arteriais. No presente estudo, não obtivemos resultado significante no processo de sensibilização a Ang II e/ou Aldo com os condicionamentos induzidos por antagonistas de receptores AT1 e MR. No entanto, quando avaliamos o processo de sensibilização ao SRAA endógeno por meio da retirada do clipe de prata, constatamos que o sistema renal permanece sensibilizado pelos efeitos da Ang II, pois a ingestão de água e o fluxo urinário permaneceram aumentados nos animais submetidos à retirada do clipe de prata mesmo com a normalização da PA e da ANS. Além disso, observamos que tanto a RND quanto a CBR impediram aumentos adicionais na PA e reduziram a ANSr (rim contralateral), sendo que a CBR reduziu a ANSr de forma mais efetiva em relação a RND nos animais 2R1C. Entretanto, a RND foi capaz de reduzir de forma expressiva a resposta evocada pelo estímulo dos quimiorreceptores periféricos induzidos pelo cianeto de sódio. Do mesmo modo, o bloqueio de receptores MR reduziu as respostas evocadas pela ativação dos quimiorreceptores arteriais no modelo 2R1C. Conclusão: Os dados da presente tese sugerem que o nervo renal tem um papel importante no controle tônico e reflexo para outros territórios no modelo 2R1C. A sensibilidade aumentada a Ang II permanece mesmo após a reversão da hipertensão renovascular, o que sugere seu envolvimento e potencialização das alterações mais tardias do modelo 2R1C. Interessantemente, os rins e o CB podem se comunicar e a via comum envolvida nesta comunicação é mediada pela ação da Aldo em receptores MR no modelo de hipertensão renovascular.