“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132021000100114 |
Resumo: | RESUMO O pensamento moderno ocidental se constitui em um sistema de distinções visíveis e invisíveis de separação social, cultural e epistêmica. São linhas abissais (SANTOS, 2007) que determinam categorizações hegemônicas de sujeito, raça, língua e conhecimento, as quais posicionam, do lado superior da linha, um ideal de homem moderno e, do lado inferior, formas subalternas e silenciadas de ser e estar no mundo. Com o objetivo de problematizar como o aluno negro migrante sofre com os efeitos das divisões abissais no espaço universitário e produz uma resposta a essas categorizações estabelecidas no contexto, neste trabalho, trago os relatos de um estudante haitiano, graduando em uma universidade pública brasileira. Jean, aprovado no curso de Bacharelado em Geografia, por meio de uma política de inclusão de migrantes refugiados e portadores de visto humanitário no ensino superior, narrou algumas experiências vividas no seu primeiro semestre da graduação. A partir de suas narrativas, recorro a uma perspectiva de Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2019; PENNYCOOK, 2001; 2006) para tecer reflexões sobre linguagem, racialidade e decolonialidade, com base em estudos de Almeida (2019), Anya (2017), Carneiro (2005); Gomes (2005), Fanon (2008), Nascimento (2019) e Santos (2007). Discuto ainda como o conceito de raça, construído social, histórica, cultural e discursivamente (GOMES, 2005) e a racialização das identidades (ANYA, 2017) reproduzem linhas abissais em diferentes segmentos da vida do estudante no espaço universitário e delimitam divisões coloniais de fala e silenciamento, legitimidade e exclusão. |
id |
UNICAMP-12_f79cc1570f1f38e1113587c2528b4ded |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:scielo:S0103-18132021000100114 |
network_acronym_str |
UNICAMP-12 |
network_name_str |
Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRAensino superiorlinhas abissaisracializaçãoRESUMO O pensamento moderno ocidental se constitui em um sistema de distinções visíveis e invisíveis de separação social, cultural e epistêmica. São linhas abissais (SANTOS, 2007) que determinam categorizações hegemônicas de sujeito, raça, língua e conhecimento, as quais posicionam, do lado superior da linha, um ideal de homem moderno e, do lado inferior, formas subalternas e silenciadas de ser e estar no mundo. Com o objetivo de problematizar como o aluno negro migrante sofre com os efeitos das divisões abissais no espaço universitário e produz uma resposta a essas categorizações estabelecidas no contexto, neste trabalho, trago os relatos de um estudante haitiano, graduando em uma universidade pública brasileira. Jean, aprovado no curso de Bacharelado em Geografia, por meio de uma política de inclusão de migrantes refugiados e portadores de visto humanitário no ensino superior, narrou algumas experiências vividas no seu primeiro semestre da graduação. A partir de suas narrativas, recorro a uma perspectiva de Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2019; PENNYCOOK, 2001; 2006) para tecer reflexões sobre linguagem, racialidade e decolonialidade, com base em estudos de Almeida (2019), Anya (2017), Carneiro (2005); Gomes (2005), Fanon (2008), Nascimento (2019) e Santos (2007). Discuto ainda como o conceito de raça, construído social, histórica, cultural e discursivamente (GOMES, 2005) e a racialização das identidades (ANYA, 2017) reproduzem linhas abissais em diferentes segmentos da vida do estudante no espaço universitário e delimitam divisões coloniais de fala e silenciamento, legitimidade e exclusão.UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)2021-04-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132021000100114Trabalhos em Linguística Aplicada v.60 n.1 2021reponame:Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMP10.1590/01031813825511220201031info:eu-repo/semantics/openAccessRodrigues,Caroline Vieirapor2021-05-11T00:00:00Zoai:scielo:S0103-18132021000100114Revistahttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tlaPUBhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/oaispublic@iel.unicamp.br2175-764X0103-1813opendoar:2022-11-08T14:23:53.724806Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
title |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
spellingShingle |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA Rodrigues,Caroline Vieira ensino superior linhas abissais racialização |
title_short |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
title_full |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
title_fullStr |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
title_full_unstemmed |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
title_sort |
“SOU UM CORPO ESTRANHO NO CONJUNTO”: NARRATIVAS DE UM ESTUDANTE NEGRO MIGRANTE EM UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA |
author |
Rodrigues,Caroline Vieira |
author_facet |
Rodrigues,Caroline Vieira |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Rodrigues,Caroline Vieira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
ensino superior linhas abissais racialização |
topic |
ensino superior linhas abissais racialização |
description |
RESUMO O pensamento moderno ocidental se constitui em um sistema de distinções visíveis e invisíveis de separação social, cultural e epistêmica. São linhas abissais (SANTOS, 2007) que determinam categorizações hegemônicas de sujeito, raça, língua e conhecimento, as quais posicionam, do lado superior da linha, um ideal de homem moderno e, do lado inferior, formas subalternas e silenciadas de ser e estar no mundo. Com o objetivo de problematizar como o aluno negro migrante sofre com os efeitos das divisões abissais no espaço universitário e produz uma resposta a essas categorizações estabelecidas no contexto, neste trabalho, trago os relatos de um estudante haitiano, graduando em uma universidade pública brasileira. Jean, aprovado no curso de Bacharelado em Geografia, por meio de uma política de inclusão de migrantes refugiados e portadores de visto humanitário no ensino superior, narrou algumas experiências vividas no seu primeiro semestre da graduação. A partir de suas narrativas, recorro a uma perspectiva de Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2019; PENNYCOOK, 2001; 2006) para tecer reflexões sobre linguagem, racialidade e decolonialidade, com base em estudos de Almeida (2019), Anya (2017), Carneiro (2005); Gomes (2005), Fanon (2008), Nascimento (2019) e Santos (2007). Discuto ainda como o conceito de raça, construído social, histórica, cultural e discursivamente (GOMES, 2005) e a racialização das identidades (ANYA, 2017) reproduzem linhas abissais em diferentes segmentos da vida do estudante no espaço universitário e delimitam divisões coloniais de fala e silenciamento, legitimidade e exclusão. |
publishDate |
2021 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2021-04-01 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132021000100114 |
url |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132021000100114 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
10.1590/01031813825511220201031 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
text/html |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) |
publisher.none.fl_str_mv |
UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) |
dc.source.none.fl_str_mv |
Trabalhos em Linguística Aplicada v.60 n.1 2021 reponame:Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) instacron:UNICAMP |
instname_str |
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) |
instacron_str |
UNICAMP |
institution |
UNICAMP |
reponame_str |
Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
collection |
Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) |
repository.mail.fl_str_mv |
spublic@iel.unicamp.br |
_version_ |
1800216526784036864 |