Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Maicon Araújo dos
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Resgate (Online)
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083
Resumo: A narração de experiências traumáticas tensiona os limites entre memória e linguagem. A possibilidade de representar o que aconteceu é dissipada na memória estilhaçada, e malograda na tentativa de representar-se em linguagem. O sujeito que viveu experiências de choque tem sua subjetividade constantemente questionada em suas certezas, quando estas são invadidas pelas lembranças involuntárias que surgem com todo o peso do vivido. Desse modo, essa subjetividade em devir funda-se em uma memória que é feita de puro rastro, reminiscência, que ressurge no presente, este então abalado pela força do passado que se inaugura de novo. A verdade do passado se confunde com a abertura do presente nos dramas pessoais experienciados. É o que se vê na narrativa de Exortação aos crocodilos (1999), romance de António Lobo Antunes, em que os fatos são apresentados nesse momento de limiar do acontecimento, que é todo o acontecer. O sentido que se fala está nesse movimento. Daí o acontecimento, junto à linguagem, permanecer em um processo de constante abertura: a força da experiência presente alterando as lembranças do passado, refazendo estas na linguagem que é fala que falha e está a dizer.
id UNICAMP-6_e72bda242bd77cef001ede6dff03db57
oai_identifier_str oai:ojs.periodicos.sbu.unicamp.br:article/8647083
network_acronym_str UNICAMP-6
network_name_str Resgate (Online)
repository_id_str
spelling Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"Memória. Linguagem. Narrativa.A narração de experiências traumáticas tensiona os limites entre memória e linguagem. A possibilidade de representar o que aconteceu é dissipada na memória estilhaçada, e malograda na tentativa de representar-se em linguagem. O sujeito que viveu experiências de choque tem sua subjetividade constantemente questionada em suas certezas, quando estas são invadidas pelas lembranças involuntárias que surgem com todo o peso do vivido. Desse modo, essa subjetividade em devir funda-se em uma memória que é feita de puro rastro, reminiscência, que ressurge no presente, este então abalado pela força do passado que se inaugura de novo. A verdade do passado se confunde com a abertura do presente nos dramas pessoais experienciados. É o que se vê na narrativa de Exortação aos crocodilos (1999), romance de António Lobo Antunes, em que os fatos são apresentados nesse momento de limiar do acontecimento, que é todo o acontecer. O sentido que se fala está nesse movimento. Daí o acontecimento, junto à linguagem, permanecer em um processo de constante abertura: a força da experiência presente alterando as lembranças do passado, refazendo estas na linguagem que é fala que falha e está a dizer.Universidade Estadual de Campinas2016-10-14info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionRevisão de literaturaapplication/pdfhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/864708310.20396/resgate.v24i1.8647083Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; Vol. 24 No. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-114Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; Vol. 24 Núm. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-114Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; v. 24 n. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-1142178-3284reponame:Resgate (Online)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPporhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083/14270Copyright (c) 2016 Maicon Araújo dos Santosinfo:eu-repo/semantics/openAccessSantos, Maicon Araújo dos2017-03-10T11:38:45Zoai:ojs.periodicos.sbu.unicamp.br:article/8647083Revistahttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/indexPUBhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/oai||resgate@unicamp.br2178-32842178-3284opendoar:2017-03-10T11:38:45Resgate (Online) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
dc.title.none.fl_str_mv Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
title Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
spellingShingle Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
Santos, Maicon Araújo dos
Memória. Linguagem. Narrativa.
title_short Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
title_full Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
title_fullStr Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
title_full_unstemmed Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
title_sort Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
author Santos, Maicon Araújo dos
author_facet Santos, Maicon Araújo dos
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, Maicon Araújo dos
dc.subject.por.fl_str_mv Memória. Linguagem. Narrativa.
topic Memória. Linguagem. Narrativa.
description A narração de experiências traumáticas tensiona os limites entre memória e linguagem. A possibilidade de representar o que aconteceu é dissipada na memória estilhaçada, e malograda na tentativa de representar-se em linguagem. O sujeito que viveu experiências de choque tem sua subjetividade constantemente questionada em suas certezas, quando estas são invadidas pelas lembranças involuntárias que surgem com todo o peso do vivido. Desse modo, essa subjetividade em devir funda-se em uma memória que é feita de puro rastro, reminiscência, que ressurge no presente, este então abalado pela força do passado que se inaugura de novo. A verdade do passado se confunde com a abertura do presente nos dramas pessoais experienciados. É o que se vê na narrativa de Exortação aos crocodilos (1999), romance de António Lobo Antunes, em que os fatos são apresentados nesse momento de limiar do acontecimento, que é todo o acontecer. O sentido que se fala está nesse movimento. Daí o acontecimento, junto à linguagem, permanecer em um processo de constante abertura: a força da experiência presente alterando as lembranças do passado, refazendo estas na linguagem que é fala que falha e está a dizer.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-10-14
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Revisão de literatura
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083
10.20396/resgate.v24i1.8647083
url https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083
identifier_str_mv 10.20396/resgate.v24i1.8647083
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083/14270
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2016 Maicon Araújo dos Santos
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2016 Maicon Araújo dos Santos
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual de Campinas
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual de Campinas
dc.source.none.fl_str_mv Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; Vol. 24 No. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-114
Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; Vol. 24 Núm. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-114
Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura; v. 24 n. 1 (2016): jan./jun. [31]: Dossiê Discurso e Memória; 99-114
2178-3284
reponame:Resgate (Online)
instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron:UNICAMP
instname_str Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron_str UNICAMP
institution UNICAMP
reponame_str Resgate (Online)
collection Resgate (Online)
repository.name.fl_str_mv Resgate (Online) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
repository.mail.fl_str_mv ||resgate@unicamp.br
_version_ 1800216870491521024