Linguagem e transcendência na poesia experimental de Ana Hatherly

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amaral, André Luiz do
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/181385
Resumo: Este trabalho é uma análise da poesia experimental de Ana Hatherly (Porto, 1929 – Lisboa, 2015), artista multifacetada que se movimenta pelos terrenos da literatura, das artes plásticas, do cinema e da crítica literária. Partindo de uma tentativa de definição do conceito de poesia experimental e de uma delimitação do corpus a ser estudado, demonstra-se que, muito embora essa designação faça referência ao fenômeno literário internacional surgido na segunda metade do século XX, a dificuldade de uma definição teórica mais rigorosa decorre, em parte, das múltiplas – quase incontáveis – poéticas identificadas sob esse rótulo ao longo das últimas décadas (Poesia Concreta, Visual, Fonética, Sonora, Cinética, Digital, Holopoesia, Biopesia, E-poetry, etc.). Soma-se a isso a incompreensão da crítica convencional sobre os métodos e processos experimentais ao subsumir manifestações estéticas diversas como representativas da mesma categoria generalizante. Ademais, o uso indiscriminado do termo experimental confere ao conceito um tom de imprecisão, provocado não só por parte da crítica, mas também alimentado pelo hermetismo dos poetas. O experimentalismo poético se transformou, desse modo, num “hiperônimo elástico”, imenso guarda-chuva empunhado pela crítica, fetichizado pela lógica do mercado literário e, ainda, pelo seu inacabamento intrínseco, o que impede, de saída, o estabelecimento de fixações conceituais sumárias. Este trabalho pressupõe, portanto, a impossibilidade de afirmações inequívocas sobre o experimentalismo poético, levando em conta a advertência de Ana Hatherly quanto à compulsão contemporânea por significação. Nesse sentido, vislumbra como solução para o impasse uma inversão metodológica: afastado de teleologias e de teorias totalizantes, pretende deslindar as práticas que engendram o conceito. Essas práticas apontam para uma noção de imanência da linguagem, mas também para o potencial de transcendência na linguagem mesma.
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