Sob o signo da sereia: a feminilidade na experiência de mulheres trans deficientes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silveira, Drielly Teixeira Lopes [UNESP]
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/154738
Resumo: A experiência transexual é uma temática de especial evidência no contexto acadêmico contemporâneo, sendo descrita como um fenômeno complexo, que pressupõe uma incompatibilidade entre gênero e sexo biológico. Por interrogar o modelo binário sexo/gênero, permite que se questione os discursos científicos envoltos em pressupostos de naturalização dos corpos. A deficiência, fora dos modelos reabilitativos, representaria per si um transgressão da “ordem anatômica”, ainda que seja reconhecida pelo modelo biomédico como o resultado de uma falha, congênita ou adquirida, que afetará o funcionamento “normal” do corpo ou de algumas de suas partes. A percepção de ambos os corpos recebe novos contornos quando de encontro à leitura de Judith Butler, para a qual, o lugar de patologização e abjeção conferido a estas experiências são resultado de práticas discursivas que estabelecem relações de poder que incidem sobre os corpos. Refletindo sobre as múltiplas possibilidades de experiências compreendidas a partir do feminino e considerando a posição de subalternidade conferida a esses corpos diante das normas hegemônicas, este trabalho se propõe a oportunizar um espaço de narrativa e análise para uma experiência pouco explorada academicamente: a experiência subjetiva de mulheres trans deficientes. Focalizando em especial os disability studies e suas possíveis interlocuções com a Teoria Queer como aporte teórico, foram realizadas entrevistas com três mulheres trans deficientes, sendo elas: duas portadoras de deficiência física e uma sensorial. Utilizou-se para a coleta de dados do método de História Oral Temática (Meihy, 1996). As análises de narrativas foram organizadas conforme a metodologia de Análise Textual Discursiva, destacando as categorias que recebem destaque na fala, constituindo 3 eixos de análise: (1) O transito como transgressão: da dificuldade de locomoção ao gênero itinerante. (2) O olhar como fonte de escárnio, reconhecimento e desejo. (3) A mulher como poder. Esta pesquisa possui um caráter qualitativo e exploratório, e tem como pretensão, ampliar e fomentar novas produções e discussões relacionadas às noções de feminilidade, corpo e sexualidade a partir da subjetividade trans em interface com a deficiência.
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A percepção de ambos os corpos recebe novos contornos quando de encontro à leitura de Judith Butler, para a qual, o lugar de patologização e abjeção conferido a estas experiências são resultado de práticas discursivas que estabelecem relações de poder que incidem sobre os corpos. Refletindo sobre as múltiplas possibilidades de experiências compreendidas a partir do feminino e considerando a posição de subalternidade conferida a esses corpos diante das normas hegemônicas, este trabalho se propõe a oportunizar um espaço de narrativa e análise para uma experiência pouco explorada academicamente: a experiência subjetiva de mulheres trans deficientes. Focalizando em especial os disability studies e suas possíveis interlocuções com a Teoria Queer como aporte teórico, foram realizadas entrevistas com três mulheres trans deficientes, sendo elas: duas portadoras de deficiência física e uma sensorial. Utilizou-se para a coleta de dados do método de História Oral Temática (Meihy, 1996). As análises de narrativas foram organizadas conforme a metodologia de Análise Textual Discursiva, destacando as categorias que recebem destaque na fala, constituindo 3 eixos de análise: (1) O transito como transgressão: da dificuldade de locomoção ao gênero itinerante. (2) O olhar como fonte de escárnio, reconhecimento e desejo. (3) A mulher como poder. Esta pesquisa possui um caráter qualitativo e exploratório, e tem como pretensão, ampliar e fomentar novas produções e discussões relacionadas às noções de feminilidade, corpo e sexualidade a partir da subjetividade trans em interface com a deficiência.The transsexual experience is a highlighted theme in the current academic context, being portrayed as a complex phenomenon, which presupposes an incompatibility between gender and biological sex. By questioning the binary sex/gender model, it is allowed to question the scientific speeches wrapped in body naturalization presumptions. Disability, out of rehabilitative model, would represent, per se, a transgressions of the “anatomic order”, even if recognized by the biomedical model as the result of a flaw, either congenital or acquired, that will affect the “normal” functioning of the body or of some of its parts. The perception of both bodies acquire new outlining when facing the reading of Judith Butler, for whom the place of pathologization and abjection conferred to these experiences are the result of speech practices that establish power relations that act upon the bodies. Reflecting upon the multiple possibilities of experiences, understood on the basis of feminine, and considering the subordinate position conferred to these bodies in the face of the hegemonic rules, this work aims to create a space of narrative and analysis for an experience that has been little explored academically: the subjective experience of disabled trans women. Focusing, specially, on the disability studies and its possible interlocutions with the Queer theory as theoretical basis, interviews with three disabled trans women were made, being them: two physically disabled women and a sensorial disabled one. For data collection, we made use of the Thematic Oral History method (Meihy, 1996).The analyses of the narratives were organized according to the Discursive Textual Analysis, highlighting the categories that are prominent in the speech, constituting 3 analysis axes: (1) Transit as transgression: from walking difficulties to the itinerant genre. (2) The eyes as a source of scorn, recognition, and desire. (3) The woman as power. This research has a qualitative and exploratory nature, intending to expand and foment new works and discussions regarding the notions of femininity and sexuality from the interface between transgender subjectivity and disabilityUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Knudsen, Patricia Porchat da Silva [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silveira, Drielly Teixeira Lopes [UNESP]2018-07-30T11:09:39Z2018-07-30T11:09:39Z2018-05-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/15473800090643133004030083P0porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-12T14:18:13Zoai:repositorio.unesp.br:11449/154738Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T18:33:25.469605Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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