Doenças de bezerros no Sul do Brasil

• Autor(a) principal: Schwertz, Claiton Ismael
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/258660
• topic: Mortalidade; Doenças dos animais; Anormalidades congênitas; Deficiência de minerais; Bovinos; Animal pathology; Infectious diseases; Nutritional diseases; Newborn and young cattle; Cattle

As perdas de bezerros influenciam negativamente a lucratividade dos rebanhos bovinos e muitas propriedades trabalham com taxas acima das aceitáveis. O objetivo desta pesquisa foi determinar quais as principais doenças que causam mortalidade de bezerros no Sul do Brasil, mediante um estudo retrospectivo. Para tal, foram revisados os laudos de protocolos de necropsias de bezerros recebidos pelo Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (SPV-UFRGS) no período de 2005 a 2020, e elaborados dois artigos. No primeiro, foram compilados os dados obtidos do levantamento e discriminados quanto aos sistemas envolvidos, sexo, aptidão (corte ou leiteira) e faixa etária (0-3, 4-6, 7-9 e 10-12 meses de idade). 626 casos conclusivos foram considerados. Houve maior frequência de bovinos de corte (55,5%), raças leiteiras somaram 24,1% e em 20,4% essa informação era indisponível. As doenças do aparelho digestivo (24,9%) foram as mais frequentes, seguidas das doenças do sistema hemolinfático (18,5%). Doenças infecciosas e parasitárias predominaram (73%), seguidas de doenças tóxicas (9,5%) e transtornos do desenvolvimento (5,1%). Para o cálculo de frequência de diagnósticos por faixa etária e aptidões, apenas 499 casos dentre os 626 foram utilizados, pois nos 127 restantes essas informações eram indisponíveis. As condições mais frequentes foram enterites com 16% (80/499), que predominaram na faixa de 0-3 meses e em raças leiteiras; tristeza parasitária bovina com 15,6% (78/499) e presença constante nas faixas a partir de 4 meses, tanto em raças leiteiras quanto de corte; e pneumonias com 8,2% (41/499) e maior proporção de casos entre 0 e 6 meses, tanto em raças leiteiras quanto de corte. Esses dados mostram que medidas sanitárias que buscam prevenir doenças entéricas, respiratórias e hemoparasitárias podem ajudar a reduzir a mortalidade de bovinos no sul do Brasil. Já no segundo artigo, foi descrito um surto de condrodisplasia de origem nutricional em bovinos leiteiros. Nesse trabalho foram investigados casos de nascimento de bezerros com defeitos congênitos. Apenas bezerros nascidos de novilhas foram afetados e a doença ocorreu em animais mestiços e puros. Três necropsias foram realizadas, tecidos foram coletados para histopatologia e amostras de fígado de bezerros, soro sanguíneo e alimentos fornecidos para vacas e novilhas foram coletados para quantificar os níveis dos minerais: manganês, cobre e zinco. Os bezerros nasceram fracos, com nanismo desproporcional, deformidades nos membros e articulações aumentadas. As cabeças eram encurtadas e arredondas. Os ossos longos apresentavam diáfise encurtada e epífise de tamanho normal, quando comparados aos controles. A histopatologia das placas de crescimento revelou fechamento prematuro, desarranjo das colunas de condrócitos e colapso da esponjosa primária. Os níveis de manganês no fígado estavam abaixo dos valores de referência nos três bezerros. A análise dos alimentos revelou níveis insuficientes de manganês na dieta das novilhas, principalmente na silagem de sorgo, que foi fornecida como principal fonte de alimento para a categoria em alguns períodos. Nossos achados permitiram concluir o diagnóstico de condrodisplasia de origem nutricional e reforçar a tese de que o manganês é o mineral deficiente nesses casos.