Perfil epidemiológico da hanseníase no período de 2000 - 2019 no Estado do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Paulo Cezar de
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/234593
Resumo: Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que faz parte do grupo de doenças negligenciadas no Brasil. Ela é causada por uma micobactéria chamada Mycobacterium leprae (M. leprae), a qual é um bacilo intracelular obrigatório que tem preferência por pele e nervos periféricos, não sendo possível seu cultivo in vitro. Não há ainda uma resposta em definitivo que possa explicar como funcionam exatamente os mecanismos da imunopatologia celular. É possível pensar que as diferentes formas clínicas da doença estão associadas a algum tipo de resposta imune do hospedeiro quando é exposto ao M. leprae. No Brasil, é considerada um problema de saúde pública, pois o país é o segundo no mundo em número de casos novos de hanseníase ao ano, sendo que a Índia ocupa o primeiro lugar. No Brasil, a distribuição dos casos não é homogênea. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste são regiões consideradas de alta endemia, enquanto as regiões Sul e Sudeste são consideradas de média endemia e, nessas regiões, os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são considerados estados com baixa endemia para a hanseníase. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico da hanseníase no período de 2000-2019 no estado do Rio Grande do Sul. Métodos: Estudo observacional retrospectivo. Os dados epidemiológicos foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: Dos 497 municípios do estado, 357 ( 71,9%) registraram casos de hanseníase no período do estudo, sendo a média de 212 casos novos ao ano, em um total de 4233 casos durante os 20 anos estudados. O sexo masculino foi o predominante (51,8%), a média de idade foi de 50,4 anos e 84,4% tinham o ensino fundamental completo, com o mesmo percentual residindo em área urbana. Em relação ao perfil clínico epidemiológico, 79,0% dos registros eram casos multibacilares, 37,5% com forma clínica dimorfa, 50,2% apresentavam grau 1 ou 2 de incapacidade física ao diagnóstico, sendo que em 16,0% dos casos o grau de incapacidade física era visível (grau 2), e a baciloscopia foi positiva em 35,4% dos casos. No presente estudo, 73,8% dos casos foram tratados com esquema terapêutico multibacilar padrão. Conclusões: O estado do Rio Grande do Sul mantém seu status de baixa endemicidade para a hanseníase, contudo observamos que os diagnósticos são tardios, apresentando elevado número de casos novos com grau de incapacidade física presente já no diagnóstico. Destaca-se, ainda, a taxa de alfabetização não superior à 4ª série do ensino fundamental. Essa combinação de fatores aponta para a necessidade de monitoramento constante das políticas públicas executadas e voltadas para o cuidado da hanseníase em um estado de baixa endemia e com avançado grau de incapacidade física já ao diagnóstico, além da necessidade de aprimorar a investigação epidemiológica para a detecção cada vez mais precoce de casos da hanseníase. Além disso, é fundamental a educação continuada dos profissionais de saúde, não só médicos, mas também multiprofissionais, atuando na Atenção Básica de Saúde e nas diferentes esferas do SUS para a detecção e manejo dos casos de hanseníase.
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As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste são regiões consideradas de alta endemia, enquanto as regiões Sul e Sudeste são consideradas de média endemia e, nessas regiões, os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são considerados estados com baixa endemia para a hanseníase. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico da hanseníase no período de 2000-2019 no estado do Rio Grande do Sul. Métodos: Estudo observacional retrospectivo. Os dados epidemiológicos foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: Dos 497 municípios do estado, 357 ( 71,9%) registraram casos de hanseníase no período do estudo, sendo a média de 212 casos novos ao ano, em um total de 4233 casos durante os 20 anos estudados. O sexo masculino foi o predominante (51,8%), a média de idade foi de 50,4 anos e 84,4% tinham o ensino fundamental completo, com o mesmo percentual residindo em área urbana. Em relação ao perfil clínico epidemiológico, 79,0% dos registros eram casos multibacilares, 37,5% com forma clínica dimorfa, 50,2% apresentavam grau 1 ou 2 de incapacidade física ao diagnóstico, sendo que em 16,0% dos casos o grau de incapacidade física era visível (grau 2), e a baciloscopia foi positiva em 35,4% dos casos. No presente estudo, 73,8% dos casos foram tratados com esquema terapêutico multibacilar padrão. Conclusões: O estado do Rio Grande do Sul mantém seu status de baixa endemicidade para a hanseníase, contudo observamos que os diagnósticos são tardios, apresentando elevado número de casos novos com grau de incapacidade física presente já no diagnóstico. Destaca-se, ainda, a taxa de alfabetização não superior à 4ª série do ensino fundamental. Essa combinação de fatores aponta para a necessidade de monitoramento constante das políticas públicas executadas e voltadas para o cuidado da hanseníase em um estado de baixa endemia e com avançado grau de incapacidade física já ao diagnóstico, além da necessidade de aprimorar a investigação epidemiológica para a detecção cada vez mais precoce de casos da hanseníase. Além disso, é fundamental a educação continuada dos profissionais de saúde, não só médicos, mas também multiprofissionais, atuando na Atenção Básica de Saúde e nas diferentes esferas do SUS para a detecção e manejo dos casos de hanseníase.Introduction: Leprosy is an infectious disease that is part of the group of neglected diseases in Brazil. It is caused by a mycobacterium called Mycobacterium leprae (M. leprae), which is an obligate intracellular bacillus that has a preference for skin and peripheral nerves, and its cultivation in vitro is not possible. There is still no definitive answer that can explain how exactly the mechanisms of cellular immunopathology work. It is possible to think that the different clinical forms of the disease are associated with some type of host immune response when it is exposed to M. leprae. In Brazil, it is considered a public health problem, as the country ranks second in the world in the number of new leprosy cases per year, with India ranking first. In Brazil, the distribution of cases is not homogeneous. The Northeast, North and Center-West regions are considered high endemic, while the South and Southeast regions are considered medium endemic and, in these regions, the states of Rio Grande do Sul and Santa Catarina are considered low endemic states for the leprosy. Objective: To describe the epidemiological profile of leprosy in the period 2000-2019 in the state of Rio Grande do Sul. Methods: Retrospective observational study. Epidemiological data were collected from the Notifiable Diseases Information System (SINAN). Results: Of the 497 municipalities in the state, 357 (71.9%) registered cases of leprosy during the study period, with an average of 212 new cases per year, in a total of 4233 cases during the 20 years studied. Males were predominant (51.8%), the average age was 50.4 years and 84.4% had completed primary education, with the same percentage living in urban areas. Regarding the clinical epidemiological profile, 79.0% of the records were multibacillary cases, 37.5% with a borderline clinical form, 50.2% had grade 1 or 2 physical disability at diagnosis, and in 16.0% of cases the degree of physical disability was visible (grade 2), and bacilloscopy was positive in 35.4% of cases. In the present study, 73.8% of cases were treated with a standard multibacillary therapeutic regimen. Conclusions: The state of Rio Grande do Sul maintains its status of low endemicity for leprosy, however, we observed that diagnoses are late, with a high number of new cases with a degree of physical disability already present at diagnosis. Also noteworthy is the literacy rate not higher than the 4th grade of elementary school. This combination of factors points to the need for constant monitoring of public policies implemented and focused on the care of leprosy in a state of low endemic disease and with an advanced degree of physical disability already at diagnosis, in addition to the need to improve epidemiological investigation for detection increasingly early cases of leprosy. In addition, the continuing education of health professionals, not only physicians, but also multidisciplinary ones, working in Primary Health Care and in different spheres of the SUS is essential for the detection and management of leprosy cases.application/pdfporHanseníaseEpidemiologiaSaúde públicaDiagnóstico tardioRio Grande do SulLeprosyEpidemiologyPublic healthEpidemiological profilePhysical disabilityLate diagnosisPerfil epidemiológico da hanseníase no período de 2000 - 2019 no Estado do Rio Grande do Sulinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Medicina: Ciências MédicasPorto Alegre, BR-RS2021mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001135617.pdf.txt001135617.pdf.txtExtracted Texttext/plain191296http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234593/2/001135617.pdf.txt1855c418bb9ce1e2138a82b07e0e3a06MD52ORIGINAL001135617.pdfTexto completoapplication/pdf2698690http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234593/1/001135617.pdf8ef3b6ddeac09ee0b7553a146fc5165aMD5110183/2345932024-07-20 06:23:41.559303oai:www.lume.ufrgs.br:10183/234593Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-07-20T09:23:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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