Cidade, branquitude e colonialidade : o planejamento urbano enquanto ferramenta para operar apagamentos em Porto Alegre
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/252837 |
Resumo: | O presente trabalho apresenta uma abordagem crítica à história do planejamento urbano em Porto Alegre, sugerindo que a branquitude – enquanto corpo social e também ideologia – utilizou o planejamento urbano enquanto ferramenta para operar determinados apagamentos na história da cidade. Esta pesquisa defende que, a partir de uma lógica colonial que cria hierarquias de poder a partir de recortes como raça e classe – com especial foco para a primeira categoria –, as práticas do planejamento urbano configuraram a cidade para a sociedade branca porto-alegrense a partir do apagamento de territórios não-brancos, substituindo-os posteriormente por espaços representativos da branquitude. Em linhas gerais, parte-se da hipótese que a história da cidade é marcada por rupturas e desconfigurações de territórios negros para dar lugar a diferentes projetos da branquitude, de forma que diversos discursos foram estabelecidos ao longo da história para justificar esses apagamentos. Visto que não é possível abordar todas as nuances da história, seleciona-se alguns acontecimentos específicos que ilustram a lógica da revitalização, da higienização e do embelezamento enquanto estratégias de remodelação urbana pautadas pela raça. Três momentos específicos foram escolhidos para ilustrar a relação entre planejamento urbano e apagamento em Porto Alegre: (i) as obras de canalização do Arroio Dilúvio e o desmembramento do território negro da Ilhota; (ii) a inauguração do Parque Farroupilha e a desconfiguração dos Campos da Várzea ou Campos da Redenção; e (iii) a abertura da Avenida Borges de Medeiros e a demolição do Beco do Poço. |
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