Ecologia e história natural do zorrilho (Conepatus chinga) no sul do Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/49290 |
Resumo: | Entre agosto de 2007 e dezembro de 2010 foram realizados estudos sobre a ecologia do zorrilho, Conepatus chinga (Molina, 1782) (Carnivora: Mephitidae) no sul do Brasil. Estes estudos tiveram como focos principais a investigação de aspectos da ecologia espacial, abundância e dos hábitos alimentares da espécie. Toda a coleta de dados foi realizada nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, extremo sul do Brasil. Estudos sobre a área de vida, padrões de deslocamento e uso de abrigo foram realizados com o uso de radio-telemetria. Como resultado, estimou-se a necessidade de áreas de vida de 1,65 km² + 1,17 km² para a espécie, sendo que machos apresentaram áreas de vida 2,5 vezes maiores do que à das fêmeas, além de padrões de deslocamentos significativamente maiores. Identificaram-se seis conformações básicas de abrigos, dos quais buracos no solo foram as mais comumente utilizadas (56% dos locais identificados). O padrão de reutilização dos abrigos foi alto (32%), especialmente entre fêmeas, que apresentaram um padrão significativamente maior do que os machos. Verificou-se a existência de grande sobreposição nas áreas de vida, inclusive nas áreas de uso intenso, embora mantenham grande distância uns dos outros e raramente compartilhem seus abrigos. Os zorrilhos apresentaram neste estudo, hábitos quase exclusivamente noturnos, uma característica comum à família. A abundância de zorrilhos foi analisada em quatro áreas com características distintas, sendo duas na região do Pampa e duas nos Campos de Cima da Serra. Para este estudo, foram realizadas transecções, com aplicação do método “distance sampling”, o que permitiu não apenas o registro de zorrilhos, que sempre foi à espécie-focal, mas também de outros mamíferos de médio e grande porte. Obteve-se o registro de 20 espécies em um total de 620 visualizações, das quais o zorrilho foi à segunda mais registrada, com densidades estimadas em 1,4 to 3,8 indivíduos por km². Esta é a primeira estimativa de densidade baseada em “transect lines” para o gênero na região Neotropical, e apresenta valores duas vezes maiores do que os conhecidos previamente por outros métodos. Obteve-se adicionalmente estimativas preliminares da densidade de Cerdocyon thous e Lycalopex gymnocercus (Carnivora: Canidae), variando entre 0,2 e 1,1 indivíduos por km², e uma estimativa robusta da densidade da lebre-européia (Lepus europaeus), com valores de 31,9 indivíduos por km², o que representa a maior estimativa da espécie já obtida na região Neotropical. A dieta da espécie foi avaliada a partir da análise de estômagos de animais atropelados em estradas. Além de zorrilhos, coletaram-se estômagos de todos os outros carnívoros encontrados mortos, o que permitiu uma análise comparativa dos hábitos alimentares de um total de dez espécies. A amplitude de nicho apresentada por estes carnívoros foi comparada à “abundância geral” dos mesmos, baseada na sumarização de observações de campo de 22 localidades. A dieta da maioria das espécies apresentou-se baseada em roedores, à exceção das dietas de Procyon cancrivorus (Procyonidae) e C. chinga. Por este motivo a sobreposição de nicho alimentar foi muito grande, novamente à exceção das duas espécies citadas. Enquanto P. cancrivorus pode ser considerado um verdadeiro omnívoro, C. chinga apresenta uma dieta à base de insetos adultos e, sobretudo, larvas de inseto, embora inclua oportunisticamente outros recursos alimentares. Juntamente com C. thous, estas três espécies apresentam as maiores amplitudes de nicho e são as espécies mais comumente encontradas na maioria das assembléias de carnívoros. Pelo contrário, pequenos felinos e G. cuja, que apresentam amplitudes de nicho reduzidas e são pouco abundantes em praticamente todas as localidades estudadas, o que está de acordo com o alto grau de correlação encontrado (r = 0,9565) entre abundância relativa e os hábitos alimentares. |
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