A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lautert, Vladimir
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/54525
Resumo: No presente trabalho se analisa a opção pela promoção do desenvolvimento industrial com participação do capital estrangeiro na forma como ocorreu nos anos 1950, em particular a partir do governo JK, com o apoio do empresariado industrial nacional. Assume-se que houve uma disponibilidade internacional de efetuar investimentos diretos no país, provocada pelo fim do Plano Marshall com o qual ocorreram elevados investimentos estadunidenses na Europa e Japão, e com eles a difusão de um estilo de administração e de tecnologias compatíveis com a escala de produção existente nos EUA, levando a um aumento da produção mundial e à integração dos mercados nacionais. Isso provocou um movimento de expansão de empresas européias, japonesas e norte-americanas rumo à periferia do capitalismo. Houve também uma disposição nacional, dos industriais e do governo, de receber esses recursos com o intuito de acelerar a industrialização. Essa visão é interpretada como um imediatismo, que seria uma instituição, um hábito de pensamento manifesto nas tentativas do governo de promover a superação do atraso do país, que motivou também o empresariado, integrado ao processo de forma secundária. Buscou-se compreender a postura do empresariado a partir de suas origens sociais e étnicas em grande parte imigrantes e de seus hábitos de vida ligados ao comércio e à agricultura de exportação, setores onde conviviam com o capital forâneo. Também se ressaltou a importância dos seus valores sociais, semelhantes àqueles das elites coloniais: o individualismo e a valorização das relações pessoais, a perspectiva de enriquecimento rápido e a atuação de caráter especulativo. O Estado, que não era alheio às influências desse ambiente institucional, para promover a industrialização e necessitando resolver problemas conjunturais como a inflação e o desequilíbrio externo, progressivamente liberalizou a movimentação de capitais e alterou a prioridade da industrialização em direção ao setor de bens de consumo duráveis. Isso se formalizou no Plano de Metas, uma estratégia de desenvolvimento em que tirava proveito da concorrência internacional e ia ao encontro dos interesses do empresariado ao facilitar as condições de acumulação privada. Pelo presente ponto de vista, fundado no estruturalismo e na velha economia institucional, aquela instituição explicaria o nacionalismo pragmático do governo, que não se opunha ao investimento externo, e o apoio dos industriais, motivado pelo convívio anterior e pela perspectiva de lucrar com a associação ao capital estrangeiro e o crescimento proporcionado pela política industrializante.
id URGS_a3e9618f4fa56f651963f470d97c2686
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/54525
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Lautert, VladimirFonseca, Pedro Cezar Dutra2012-08-25T01:38:50Z2012http://hdl.handle.net/10183/54525000852030No presente trabalho se analisa a opção pela promoção do desenvolvimento industrial com participação do capital estrangeiro na forma como ocorreu nos anos 1950, em particular a partir do governo JK, com o apoio do empresariado industrial nacional. Assume-se que houve uma disponibilidade internacional de efetuar investimentos diretos no país, provocada pelo fim do Plano Marshall com o qual ocorreram elevados investimentos estadunidenses na Europa e Japão, e com eles a difusão de um estilo de administração e de tecnologias compatíveis com a escala de produção existente nos EUA, levando a um aumento da produção mundial e à integração dos mercados nacionais. Isso provocou um movimento de expansão de empresas européias, japonesas e norte-americanas rumo à periferia do capitalismo. Houve também uma disposição nacional, dos industriais e do governo, de receber esses recursos com o intuito de acelerar a industrialização. Essa visão é interpretada como um imediatismo, que seria uma instituição, um hábito de pensamento manifesto nas tentativas do governo de promover a superação do atraso do país, que motivou também o empresariado, integrado ao processo de forma secundária. Buscou-se compreender a postura do empresariado a partir de suas origens sociais e étnicas em grande parte imigrantes e de seus hábitos de vida ligados ao comércio e à agricultura de exportação, setores onde conviviam com o capital forâneo. Também se ressaltou a importância dos seus valores sociais, semelhantes àqueles das elites coloniais: o individualismo e a valorização das relações pessoais, a perspectiva de enriquecimento rápido e a atuação de caráter especulativo. O Estado, que não era alheio às influências desse ambiente institucional, para promover a industrialização e necessitando resolver problemas conjunturais como a inflação e o desequilíbrio externo, progressivamente liberalizou a movimentação de capitais e alterou a prioridade da industrialização em direção ao setor de bens de consumo duráveis. Isso se formalizou no Plano de Metas, uma estratégia de desenvolvimento em que tirava proveito da concorrência internacional e ia ao encontro dos interesses do empresariado ao facilitar as condições de acumulação privada. Pelo presente ponto de vista, fundado no estruturalismo e na velha economia institucional, aquela instituição explicaria o nacionalismo pragmático do governo, que não se opunha ao investimento externo, e o apoio dos industriais, motivado pelo convívio anterior e pela perspectiva de lucrar com a associação ao capital estrangeiro e o crescimento proporcionado pela política industrializante.This paper analyzes the option for the industrial development with participation of the foreign capital in the way it occurred in the 1950s’, in particular from the JK government, with the support of industrial entrepreneurs. It is believed that in this year there was an international willingness to make direct investments in the country, provoked by the end of the Marshall plan which led to American investments in Europe and Japan. These investments made possible the spread of a style of administration and technologies that were compatible with the scale of existing production in the U.S.A., leading to an increase of the world-wide production and to the integration of the national markets. This provoked a movement of expansion of European, Japanese and North American companies to the periphery of capitalism. There was also a national inclination, from the entrepreneurs and government, to receive these resources with the intention to speed up industrialization. This view is interpreted as an institution, a habit of thought that manifests itself in the attempts of the government to promote the overcoming of the delay in the country’s development that also motivated entrepreneurs, which were integrated to the process secondarily. We tried to understand the entrepreneurs position from their immigrant social and ethnic origins, and from their habits of life in the commerce and the agriculture of exportation, sectors where they coexisted with the alien capital. They also had social values similar to those of the colonial elites: the individualism and the attributed importance to the personal relations, the perspective of fast enrichment and the speculative character of their economic action. The State was affected by this institutional environment. To promote industrialization and solve the problems of inflation and external disequilibrium, it gradually liberalized the movement of capitals and modified the priority of industrialization to the sector of durable goods. This was set by the Plano de Metas, a development strategy which took advantage of the international competition and took care of the interests of the entrepreneurs by facilitating the accumulation of capital in the private sector of the economy. In our interpretation, established in the structuralism and in the original institutional economics, this institution would explain the pragmatic nationalism of the government, that did not oppose to the external investment, and the support of the industrials, motivated by the previous relations with the alien capital, and by the profit perspectives that came from this association and from the economic growth provoked by the industrial politics.application/pdfporEconomia industrialDesenvolvimento industrialPolítica de desenvolvimento nacional : BrasilIndustrializaçãoInternacionalizaçãoHistória econômicaBrasilBrazilYears 1950InternationalizationInstitutionsStructuralismA opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em EconomiaPorto Alegre, BR-RS2012doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000852030.pdf.txt000852030.pdf.txtExtracted Texttext/plain907997http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/2/000852030.pdf.txt2232ea3f656c173026f18f3daca95a79MD52ORIGINAL000852030.pdf000852030.pdfTexto completoapplication/pdf3252456http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/1/000852030.pdfa5772403a99f2765e0f046eb81e0ae89MD51THUMBNAIL000852030.pdf.jpg000852030.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1002http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/3/000852030.pdf.jpg653934fec061e364de8feec8dac6b9edMD5310183/545252018-10-15 08:22:41.926oai:www.lume.ufrgs.br:10183/54525Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-15T11:22:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
title A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
spellingShingle A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
Lautert, Vladimir
Economia industrial
Desenvolvimento industrial
Política de desenvolvimento nacional : Brasil
Industrialização
Internacionalização
História econômica
Brasil
Brazil
Years 1950
Internationalization
Institutions
Structuralism
title_short A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
title_full A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
title_fullStr A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
title_full_unstemmed A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
title_sort A opção pelo crescimento acelerado : uma interpretação da internacionalização da indústria brasileira nos anos 1950
author Lautert, Vladimir
author_facet Lautert, Vladimir
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Lautert, Vladimir
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Fonseca, Pedro Cezar Dutra
contributor_str_mv Fonseca, Pedro Cezar Dutra
dc.subject.por.fl_str_mv Economia industrial
Desenvolvimento industrial
Política de desenvolvimento nacional : Brasil
Industrialização
Internacionalização
História econômica
Brasil
topic Economia industrial
Desenvolvimento industrial
Política de desenvolvimento nacional : Brasil
Industrialização
Internacionalização
História econômica
Brasil
Brazil
Years 1950
Internationalization
Institutions
Structuralism
dc.subject.eng.fl_str_mv Brazil
Years 1950
Internationalization
Institutions
Structuralism
description No presente trabalho se analisa a opção pela promoção do desenvolvimento industrial com participação do capital estrangeiro na forma como ocorreu nos anos 1950, em particular a partir do governo JK, com o apoio do empresariado industrial nacional. Assume-se que houve uma disponibilidade internacional de efetuar investimentos diretos no país, provocada pelo fim do Plano Marshall com o qual ocorreram elevados investimentos estadunidenses na Europa e Japão, e com eles a difusão de um estilo de administração e de tecnologias compatíveis com a escala de produção existente nos EUA, levando a um aumento da produção mundial e à integração dos mercados nacionais. Isso provocou um movimento de expansão de empresas européias, japonesas e norte-americanas rumo à periferia do capitalismo. Houve também uma disposição nacional, dos industriais e do governo, de receber esses recursos com o intuito de acelerar a industrialização. Essa visão é interpretada como um imediatismo, que seria uma instituição, um hábito de pensamento manifesto nas tentativas do governo de promover a superação do atraso do país, que motivou também o empresariado, integrado ao processo de forma secundária. Buscou-se compreender a postura do empresariado a partir de suas origens sociais e étnicas em grande parte imigrantes e de seus hábitos de vida ligados ao comércio e à agricultura de exportação, setores onde conviviam com o capital forâneo. Também se ressaltou a importância dos seus valores sociais, semelhantes àqueles das elites coloniais: o individualismo e a valorização das relações pessoais, a perspectiva de enriquecimento rápido e a atuação de caráter especulativo. O Estado, que não era alheio às influências desse ambiente institucional, para promover a industrialização e necessitando resolver problemas conjunturais como a inflação e o desequilíbrio externo, progressivamente liberalizou a movimentação de capitais e alterou a prioridade da industrialização em direção ao setor de bens de consumo duráveis. Isso se formalizou no Plano de Metas, uma estratégia de desenvolvimento em que tirava proveito da concorrência internacional e ia ao encontro dos interesses do empresariado ao facilitar as condições de acumulação privada. Pelo presente ponto de vista, fundado no estruturalismo e na velha economia institucional, aquela instituição explicaria o nacionalismo pragmático do governo, que não se opunha ao investimento externo, e o apoio dos industriais, motivado pelo convívio anterior e pela perspectiva de lucrar com a associação ao capital estrangeiro e o crescimento proporcionado pela política industrializante.
publishDate 2012
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2012-08-25T01:38:50Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2012
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/54525
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000852030
url http://hdl.handle.net/10183/54525
identifier_str_mv 000852030
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/2/000852030.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/1/000852030.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/54525/3/000852030.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 2232ea3f656c173026f18f3daca95a79
a5772403a99f2765e0f046eb81e0ae89
653934fec061e364de8feec8dac6b9ed
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1810085232377856000