Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bassi, Joana Braun
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/116701
Resumo: Esta pesquisa descreve, textual e visualmente, uma experiência etnográfica junto a habitantes que compartilham vínculos com os fundões de vales em uma pequena localidade situada na Mata Atlântica e aqui denominada Confim das Águas. Está calcada na etnoecologia como um campo científico existente na interface entre antropologia e ecologia, perpassado pelo campo do conhecimento tradicional, o que lhe confere múltiplas abordagens. Empreendi uma proposta teórica e analítica a fim de contribuir para ampliação dos horizontes científicos da etnoecologia em sua relação com a antropologia, buscando um entendimento mais amplo e complexo das relações envolvendo as pessoas em seus ambientes. Utilizando a noção de paisagem e de experiência a partir de Ingold (2000) como conceitos que ancoram o quadro teórico-metodológico propus-me a descrever e analisar relações ecológicas que envolvem as pessoas, o mato e a paisagem em seu processo dinâmico de mútua constituição. Para tal, busquei descrever textual e visualmente relações ecológicas que constituem a vida das pessoas em suas experiências na relação com o mato e a paisagem. Também me interessou analisar as experiências de interação das pessoas com o mato na expressão de suas agências frente aos impeditivos ambientais, tensionando uma dinâmica entre seus modos de habitar a paisagem e processos normativos que (também) a constituem. Inquietou-me, por fim, compreender como o mato é constitutivo dos processos humanos de habitar a paisagem e conformar sua dinâmica. Ao seguir as relações ecológicas que, a partir do mato, constituem a vida das pessoas, assumindo o caráter processual do método da pesquisa, busquei desenvolver uma abordagem empírica e textual que levasse em conta a dinâmica das interações cultivadas como constituinte do processo de construção da pesquisa. Ponderações e auto questionamentos sobre como abordar o campo – incluindo os estranhamentos e percalços, objeções e constrangimentos, assim como questões éticas - acompanharam todo seu curso empírico, sendo este, por fim, substancialmente direcionado e circunscrito pelos próprios interlocutores ao deixar-me levar pelas oportunidades que irromperam em participar ativamente de suas vidas. Transitei por uma série de caminhos habitados na paisagem, tão diversos quanto singulares, orientada pelas pessoas nas múltiplas experiências de suas vidas, reconhecendo um mato que em sua imperatividade e aparente uniformidade comporta uma pluralidade de criações e invenções. A trajetória empírica revelou variadas perspectivas etnoecológicas de pensar e viver o mato em sua indissociabilidade na dinâmica das atividades cotidianas. O mato inicialmente proposto como centralidade para as interlocuções distendeu-se em narrativas e engajamento que explicitaram o mato em diferentes relações e significados, pretéritos e presentes, mas fundamentalmente integrado à dinâmica da paisagem, das experiências, dos aprendizados e dos ritmos cotidianos da vida das pessoas.
id URGS_a69c0e3b5d0bec83fb57e3f997ce9212
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/116701
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Bassi, Joana BraunCoelho-de-Souza, GabrielaKubo, Rumi Regina2015-05-20T02:01:06Z2011http://hdl.handle.net/10183/116701000829628Esta pesquisa descreve, textual e visualmente, uma experiência etnográfica junto a habitantes que compartilham vínculos com os fundões de vales em uma pequena localidade situada na Mata Atlântica e aqui denominada Confim das Águas. Está calcada na etnoecologia como um campo científico existente na interface entre antropologia e ecologia, perpassado pelo campo do conhecimento tradicional, o que lhe confere múltiplas abordagens. Empreendi uma proposta teórica e analítica a fim de contribuir para ampliação dos horizontes científicos da etnoecologia em sua relação com a antropologia, buscando um entendimento mais amplo e complexo das relações envolvendo as pessoas em seus ambientes. Utilizando a noção de paisagem e de experiência a partir de Ingold (2000) como conceitos que ancoram o quadro teórico-metodológico propus-me a descrever e analisar relações ecológicas que envolvem as pessoas, o mato e a paisagem em seu processo dinâmico de mútua constituição. Para tal, busquei descrever textual e visualmente relações ecológicas que constituem a vida das pessoas em suas experiências na relação com o mato e a paisagem. Também me interessou analisar as experiências de interação das pessoas com o mato na expressão de suas agências frente aos impeditivos ambientais, tensionando uma dinâmica entre seus modos de habitar a paisagem e processos normativos que (também) a constituem. Inquietou-me, por fim, compreender como o mato é constitutivo dos processos humanos de habitar a paisagem e conformar sua dinâmica. Ao seguir as relações ecológicas que, a partir do mato, constituem a vida das pessoas, assumindo o caráter processual do método da pesquisa, busquei desenvolver uma abordagem empírica e textual que levasse em conta a dinâmica das interações cultivadas como constituinte do processo de construção da pesquisa. Ponderações e auto questionamentos sobre como abordar o campo – incluindo os estranhamentos e percalços, objeções e constrangimentos, assim como questões éticas - acompanharam todo seu curso empírico, sendo este, por fim, substancialmente direcionado e circunscrito pelos próprios interlocutores ao deixar-me levar pelas oportunidades que irromperam em participar ativamente de suas vidas. Transitei por uma série de caminhos habitados na paisagem, tão diversos quanto singulares, orientada pelas pessoas nas múltiplas experiências de suas vidas, reconhecendo um mato que em sua imperatividade e aparente uniformidade comporta uma pluralidade de criações e invenções. A trajetória empírica revelou variadas perspectivas etnoecológicas de pensar e viver o mato em sua indissociabilidade na dinâmica das atividades cotidianas. O mato inicialmente proposto como centralidade para as interlocuções distendeu-se em narrativas e engajamento que explicitaram o mato em diferentes relações e significados, pretéritos e presentes, mas fundamentalmente integrado à dinâmica da paisagem, das experiências, dos aprendizados e dos ritmos cotidianos da vida das pessoas.Esta investigación describe textual y visualmente una experiencia etnográfica con habitantes que comparten vínculos con los fundões de los valles en una pequeña localidad situada en la Mata Atlântica, aquí denominada Confim das Águas. Está basada en la etnoecología como un campo científico que existe en la conexión entre la antropología y la ecología, atravesado por el campo del conocimiento tradicional, lo que le confiere múltiples abordajes. Con el fin de contribuir para la ampliación de los horizontes científicos de la etnoecología en su relación con la antropología, formulé una propuesta teórica y analítica buscando un entendimiento más amplio y complejo de las relaciones de las personas con sus ambientes. Desde una perspectiva fenomenológica utilicé las nociones de paisaje y de experiencia a partir de Ingold (2000). Estos conceptos estructuran el cuadro teórico y metodológico a partir de los cuales me propuse describir y analizar las relaciones ecológicas que envuelven a las personas, el bosque y el paisaje en un proceso dinámico de mutua construcción. Para tal fin describí textual y visualmente relaciones ecológicas que constituyen la vida de las personas y sus experiencias en relación con el bosque y el paisaje. También me interesó analizar las experiencias de interacción de las personas con el bosque en la expresión de sus agencias frente a los impedimentos ambientales, las cuales tensionan la dinámica entre sus modos de habitar el paisaje y los procesos normativos que (también) lo constituyen. Finalmente me inquietó comprender como el bosque es constitutivo de los procesos humanos de habitar el paisaje y conformar su dinámica. Al seguir las relaciones ecológicas que constituyen la vida de las personas a partir del bosque, y asumiendo el carácter procesual del método de investigación, busqué desarrollar un abordaje empírico y textual que tuviera en cuenta la dinámica de las interacciones cultivadas con los interlocutores como constituyentes del proceso de investigación. Ponderaciones y auto-cuestionamientos sobre cómo abordar el trabajo de campo – incluyendo los extrañamientos, los contratiempos, las objeciones y las cuestiones éticas – acompañaron todo el curso empírico de la investigación, siendo este direccionado y circunscrito por los propios interlocutores al dejarme llevar por las oportunidades que tuve al participar activamente en sus vidas. Transité por una serie de caminos habitados en el paisaje, tan diversos como singulares, orientada por las personas en las múltiples experiencias de sus vidas, reconociendo un bosque que, en su predominancia y aparente uniformidad, comporta múltiples creaciones e invenciones. La trayectoria empírica reveló varias perspectivas etnoecológicas de pensar y vivir el bosque que están íntimamente asociadas a la dinámica de sus actividades cotidianas. El bosque, inicialmente propuesto como el eje central de las interlocuciones, se expandió en intervenciones y narrativas que lo explicaron desde diferentes relaciones y significados, pasados y presentes, que están integrados a la dinámica del paisaje, de las experiencias, de los aprendizajes y de los ritmos cotidianos de la vida de las personas.application/pdfporDesenvolvimento sustentávelEcologia humanaEtnografiaEtnoecologiaRelações sociaisMeio ambienteEtnoecologíaBosquePaisajeRelaciones ecológicasExperienciaNarrativa visualViver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em Desenvolvimento RuralPorto Alegre, BR-RS2011mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000829628.pdf000829628.pdfTexto completoapplication/pdf3371452http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/1/000829628.pdf2d5a846793dfb43bdd20270b8d47b261MD51TEXT000829628.pdf.txt000829628.pdf.txtExtracted Texttext/plain451900http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/2/000829628.pdf.txtb904eda72d4bfb0d3bc47cddf02060e0MD52THUMBNAIL000829628.pdf.jpg000829628.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1069http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/3/000829628.pdf.jpge268127d15361cf4fbb4f7a95dee7e77MD5310183/1167012023-08-20 03:42:11.780137oai:www.lume.ufrgs.br:10183/116701Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-08-20T06:42:11Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
title Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
spellingShingle Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
Bassi, Joana Braun
Desenvolvimento sustentável
Ecologia humana
Etnografia
Etnoecologia
Relações sociais
Meio ambiente
Etnoecología
Bosque
Paisaje
Relaciones ecológicas
Experiencia
Narrativa visual
title_short Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
title_full Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
title_fullStr Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
title_full_unstemmed Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
title_sort Viver do mato só não dá : relações ecológicas entre pessoas, mato e paisagem em uma experiência etnográfica junto a habitantes do Confim das Águas
author Bassi, Joana Braun
author_facet Bassi, Joana Braun
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Bassi, Joana Braun
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Coelho-de-Souza, Gabriela
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Kubo, Rumi Regina
contributor_str_mv Coelho-de-Souza, Gabriela
Kubo, Rumi Regina
dc.subject.por.fl_str_mv Desenvolvimento sustentável
Ecologia humana
Etnografia
Etnoecologia
Relações sociais
Meio ambiente
topic Desenvolvimento sustentável
Ecologia humana
Etnografia
Etnoecologia
Relações sociais
Meio ambiente
Etnoecología
Bosque
Paisaje
Relaciones ecológicas
Experiencia
Narrativa visual
dc.subject.spa.fl_str_mv Etnoecología
Bosque
Paisaje
Relaciones ecológicas
Experiencia
Narrativa visual
description Esta pesquisa descreve, textual e visualmente, uma experiência etnográfica junto a habitantes que compartilham vínculos com os fundões de vales em uma pequena localidade situada na Mata Atlântica e aqui denominada Confim das Águas. Está calcada na etnoecologia como um campo científico existente na interface entre antropologia e ecologia, perpassado pelo campo do conhecimento tradicional, o que lhe confere múltiplas abordagens. Empreendi uma proposta teórica e analítica a fim de contribuir para ampliação dos horizontes científicos da etnoecologia em sua relação com a antropologia, buscando um entendimento mais amplo e complexo das relações envolvendo as pessoas em seus ambientes. Utilizando a noção de paisagem e de experiência a partir de Ingold (2000) como conceitos que ancoram o quadro teórico-metodológico propus-me a descrever e analisar relações ecológicas que envolvem as pessoas, o mato e a paisagem em seu processo dinâmico de mútua constituição. Para tal, busquei descrever textual e visualmente relações ecológicas que constituem a vida das pessoas em suas experiências na relação com o mato e a paisagem. Também me interessou analisar as experiências de interação das pessoas com o mato na expressão de suas agências frente aos impeditivos ambientais, tensionando uma dinâmica entre seus modos de habitar a paisagem e processos normativos que (também) a constituem. Inquietou-me, por fim, compreender como o mato é constitutivo dos processos humanos de habitar a paisagem e conformar sua dinâmica. Ao seguir as relações ecológicas que, a partir do mato, constituem a vida das pessoas, assumindo o caráter processual do método da pesquisa, busquei desenvolver uma abordagem empírica e textual que levasse em conta a dinâmica das interações cultivadas como constituinte do processo de construção da pesquisa. Ponderações e auto questionamentos sobre como abordar o campo – incluindo os estranhamentos e percalços, objeções e constrangimentos, assim como questões éticas - acompanharam todo seu curso empírico, sendo este, por fim, substancialmente direcionado e circunscrito pelos próprios interlocutores ao deixar-me levar pelas oportunidades que irromperam em participar ativamente de suas vidas. Transitei por uma série de caminhos habitados na paisagem, tão diversos quanto singulares, orientada pelas pessoas nas múltiplas experiências de suas vidas, reconhecendo um mato que em sua imperatividade e aparente uniformidade comporta uma pluralidade de criações e invenções. A trajetória empírica revelou variadas perspectivas etnoecológicas de pensar e viver o mato em sua indissociabilidade na dinâmica das atividades cotidianas. O mato inicialmente proposto como centralidade para as interlocuções distendeu-se em narrativas e engajamento que explicitaram o mato em diferentes relações e significados, pretéritos e presentes, mas fundamentalmente integrado à dinâmica da paisagem, das experiências, dos aprendizados e dos ritmos cotidianos da vida das pessoas.
publishDate 2011
dc.date.issued.fl_str_mv 2011
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2015-05-20T02:01:06Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/116701
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000829628
url http://hdl.handle.net/10183/116701
identifier_str_mv 000829628
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/1/000829628.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/2/000829628.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/116701/3/000829628.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 2d5a846793dfb43bdd20270b8d47b261
b904eda72d4bfb0d3bc47cddf02060e0
e268127d15361cf4fbb4f7a95dee7e77
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1810085320422588416