Reforma agrária: o impossível diálogo sobre a História possível
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1999 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Tempo Social (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12309 |
Resumo: | Os desencontros entre o governo, de um lado, e o MST, a Igreja e as oposições, de outro, quanto à política de reforma agrária, só podem ser compreendidos se tivermos em conta o que vem a ser a questão agrária no Brasil. Num país em que o grande capital se tornou proprietário de terras, a concepção clássica da questão agrária, e das reformas que ela pede, fica substancialmente alterada. São essas alterações que propõem as condições e os limites da reforma agrária no país. São elas, também que apontam o desenrolar possível da história brasileira a partir dessa referência estrutural. A reforma agrária se tornou uma reforma cíclica em virtude da, de certo modo, contínua entrada e reentrada em cena de clientes potenciais dessa medida. O fato de que o MST e os sem-terra tenham assumido a iniciativa das ocupações, atuando o governo como suplente para fazer a reforma, não indica a debilidade do Estado democrático para realizá-la. Apenas indica que a sociedade civil, através de organizações e movimentos populares, passou a ter um papel na nova estrutura do Estado brasileiro. |
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Reforma agrária: o impossível diálogo sobre a História possível Agrarian Reform: the impossible dialogue about the possible History agrarian reformagrarian mattersocial movementsgovernabilityFernando Henrique Cardosoreforma agráriaquestão agráriamovimentos sociaisgovernabilidadeFernando Henrique CardosoOs desencontros entre o governo, de um lado, e o MST, a Igreja e as oposições, de outro, quanto à política de reforma agrária, só podem ser compreendidos se tivermos em conta o que vem a ser a questão agrária no Brasil. Num país em que o grande capital se tornou proprietário de terras, a concepção clássica da questão agrária, e das reformas que ela pede, fica substancialmente alterada. São essas alterações que propõem as condições e os limites da reforma agrária no país. São elas, também que apontam o desenrolar possível da história brasileira a partir dessa referência estrutural. A reforma agrária se tornou uma reforma cíclica em virtude da, de certo modo, contínua entrada e reentrada em cena de clientes potenciais dessa medida. O fato de que o MST e os sem-terra tenham assumido a iniciativa das ocupações, atuando o governo como suplente para fazer a reforma, não indica a debilidade do Estado democrático para realizá-la. Apenas indica que a sociedade civil, através de organizações e movimentos populares, passou a ter um papel na nova estrutura do Estado brasileiro. The misunderstandings between the government, on one side, and the MST, the Church and the opposition parties on the other side, when the topic is the agrarian reform, can only be understood if we keep in mind what this agrarian matter is in Brazil. In a country which the big capital turned to be the owner of the lands, the classical conception of the agrarian matter, and of the reforms required by it, is substantially altered. These reforms are what really propose the new conditions and limits to the reform in the country. Moreover, they also point to a possible development of the History of Brazil based in this structural reference. The agrarian reform turned to be a cyclical reform due to the continuous entry and reentry of potential clients in this scene. The fact that the MST and the landless have assumed the initiative of the occupations, being the government only a proxy for the reform, does not indicate the debility of the democratic State in doing the reform. It only indicates that the civil society, through some organization and popular movement, started to have a new role in the structure of the Brazilian State. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas1999-10-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ts/article/view/1230910.1590/S0103-20701999000200007Tempo Social; Vol. 11 No. 2 (1999); 97-128Tempo Social; v. 11 n. 2 (1999); 97-128Tempo Social; Vol. 11 Núm. 2 (1999); 97-1281809-45540103-2070reponame:Tempo Social (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12309/14086Copyright (c) 2015 Tempo Socialhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMartins, José de Souza2023-06-27T13:47:57Zoai:revistas.usp.br:article/12309Revistahttps://www.revistas.usp.br/ts/indexPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phptemposoc@edu.usp.br1809-45540103-2070opendoar:2023-06-27T13:47:57Tempo Social (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Os desencontros entre o governo, de um lado, e o MST, a Igreja e as oposições, de outro, quanto à política de reforma agrária, só podem ser compreendidos se tivermos em conta o que vem a ser a questão agrária no Brasil. Num país em que o grande capital se tornou proprietário de terras, a concepção clássica da questão agrária, e das reformas que ela pede, fica substancialmente alterada. São essas alterações que propõem as condições e os limites da reforma agrária no país. São elas, também que apontam o desenrolar possível da história brasileira a partir dessa referência estrutural. A reforma agrária se tornou uma reforma cíclica em virtude da, de certo modo, contínua entrada e reentrada em cena de clientes potenciais dessa medida. O fato de que o MST e os sem-terra tenham assumido a iniciativa das ocupações, atuando o governo como suplente para fazer a reforma, não indica a debilidade do Estado democrático para realizá-la. Apenas indica que a sociedade civil, através de organizações e movimentos populares, passou a ter um papel na nova estrutura do Estado brasileiro. |
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