Expertise em projeto: como conhecimentos, experiências e habilidades diferenciam arquitetos expertos dos novatos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Florio, Wilson
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Mateus, Rafael Peres
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/81045
Resumo: A análise do processo de projeto, sob a teoria cognitiva, propõe o entendimento das atividades mentais internas, a partir do processamento de informações oriundos dos conhecimentos, das experiências e das habilidades do arquiteto. Embora seja difícil rastrear as fontes dos pensamentos dos arquitetos, os desenhos produzidos por eles permitem identificar as sucessivas aproximações realizadas, durante a elaboração de um projeto. Como a cognição, ou o ato de pensar, em si, não pode ser observado, só nos compete analisar os resultados do pensamento que norteou as ações cognitivas. As etapas da pesquisa realizada pelos autores deste artigo foram as seguintes: 1) três arquitetos experientes e três novatos foram filmados, individualmente, durante 60 minutos, realizando um projeto; 2) estes profissionais foram entrevistados por trinta minutos após o término do projeto; 3) as ações cognitivas físicas, perceptivas, funcionais e conceituais foram identificadas a partir da segmentação e da codificação das ações realizadas durante as filmagens; 4) estes dados foram transpostos em gráficos 5) foram identificadas diferenças entre novatos e expertos, a partir do tempo de reposta em cada um dos quatro níveis de ações cognitivas; 6) a análise qualitativa das ações e a eficácia foram avaliadas. É notável como arquitetos experientes recuperam mais rapidamente da memória conhecimentos específicos e, a partir de poucos indícios, identificados nos croquis de concepção, selecionam, combinam e geram diferentes ideias, durante o ato projetual. Isso ocorre porque os conhecimentos codificados, de situações típicas, lhes permitem tomar decisões melhor alicerçadas e com maior rapidez. Expertise é a faculdade humana que permite realizar operações diárias de pensamento e ação, com qualidade, agilidade e vigor. É considerado experto aquele que desempenha uma tarefa de um modo significativamente melhor do que a maioria das pessoas. Concluiu-se que arquitetos expertos realizam projetos com maior desenvoltura do que os novatos não apenas porque têm maiores conhecimentos e experiências, mas porque utilizam ações cognitivas de um modo mais eficaz. O artigo contribui para o debate sobre a prática de projeto e os fatores que contribuem para o desenvolvimento da expertise em Arquitetura.
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spelling Expertise em projeto: como conhecimentos, experiências e habilidades diferenciam arquitetos expertos dos novatosExpertise en proyeto: cómo conocimientos, experiencias y habilidades diferencian arquitectos expertos de los novatos.Design expertise: how knowledge, experience, and skills set expert architects apart from novicesDesign cognition. Expertise. Sketch. Knowledge. Ability. Architects (practice)Cognición en proyecto. Expertise. Croqui de concepción. Conocimiento. Habilidad. Arquitectos (práctica).Cognição em projeto. Expertise. Croqui de concepção. Conhecimento. Habilidade. Arquitetos (prática).A análise do processo de projeto, sob a teoria cognitiva, propõe o entendimento das atividades mentais internas, a partir do processamento de informações oriundos dos conhecimentos, das experiências e das habilidades do arquiteto. Embora seja difícil rastrear as fontes dos pensamentos dos arquitetos, os desenhos produzidos por eles permitem identificar as sucessivas aproximações realizadas, durante a elaboração de um projeto. Como a cognição, ou o ato de pensar, em si, não pode ser observado, só nos compete analisar os resultados do pensamento que norteou as ações cognitivas. As etapas da pesquisa realizada pelos autores deste artigo foram as seguintes: 1) três arquitetos experientes e três novatos foram filmados, individualmente, durante 60 minutos, realizando um projeto; 2) estes profissionais foram entrevistados por trinta minutos após o término do projeto; 3) as ações cognitivas físicas, perceptivas, funcionais e conceituais foram identificadas a partir da segmentação e da codificação das ações realizadas durante as filmagens; 4) estes dados foram transpostos em gráficos 5) foram identificadas diferenças entre novatos e expertos, a partir do tempo de reposta em cada um dos quatro níveis de ações cognitivas; 6) a análise qualitativa das ações e a eficácia foram avaliadas. É notável como arquitetos experientes recuperam mais rapidamente da memória conhecimentos específicos e, a partir de poucos indícios, identificados nos croquis de concepção, selecionam, combinam e geram diferentes ideias, durante o ato projetual. Isso ocorre porque os conhecimentos codificados, de situações típicas, lhes permitem tomar decisões melhor alicerçadas e com maior rapidez. Expertise é a faculdade humana que permite realizar operações diárias de pensamento e ação, com qualidade, agilidade e vigor. É considerado experto aquele que desempenha uma tarefa de um modo significativamente melhor do que a maioria das pessoas. Concluiu-se que arquitetos expertos realizam projetos com maior desenvoltura do que os novatos não apenas porque têm maiores conhecimentos e experiências, mas porque utilizam ações cognitivas de um modo mais eficaz. O artigo contribui para o debate sobre a prática de projeto e os fatores que contribuem para o desenvolvimento da expertise em Arquitetura.El análisis del proceso de proyecto, en la teoría cognitiva, propone una comprensión de las actividades mentales internas, desde el procesamiento de informaciones originadas en los conocimientos, las experiencias y las habilidades del arquitecto. Aunque es difícil rastrear la fuente de los pensamientos de los arquitectos, los dibujos producidos por ellos permiten identificar las aproximaciones sucesivas realizadas durante la elaboración de un proyecto. Como la cognición, o el acto de pensar, en sí mismo, no puede ser observado, sólo nos toca analizar los resultados del pensamiento que ha norteado las acciones cognitivas. Los pasos de la investigación realizada por los autores de este trabajo fueron: 1) tres arquitectos con experiencia y tres novatos han sido filmados, individualmente, durante 60 minutos, realizando un proyecto; 2) esos profesionales han sido entrevistados durante 30 minutos después de la finalización del proyecto; 3) se identificaron las acciones cognitivas físicas, perceptivas, funcionales y conceptuales, a partir de la segmentación y codificación de las acciones tomadas durante el rodaje; 4) estos datos han sido llevados a gráficos; 5) se identificaron diferencias entre novatos y expertos, a partir del tiempo de respuesta, en cada uno de los cuatro niveles de acciones cognitivas; 6) se hizo una evaluación a partir de un análisis cualitativo de las acciones y de la eficacia. Es notable cómo los arquitectos experimentados recuperan conocimientos específicos más rápidamente de la memoria, y cómo, a partir de pocos indicios, identificados en el esbozo de concepción, seleccionan, combinan y generan ideas diferentes, durante el acto proyectual. Eso se debe a que los conocimientos codificados, de situaciones típicas, les permiten tomar decisiones más rápidas y mejor embasadas. Expertise es la facultad humana que permite llevar a cabo operaciones cognitivas diarias de pensamiento y acción, con calidad, agilidad y vigor. Se considera experto aquel que realiza una tarea de un modo significativamente mejor que la mayoría de las personas. Se há concluido que los arquitectos expertos realizan proyectos con mayor facilidad que los novatos, no sólo porque tienen más conocimientos y experiencias, sino porque utilizan acciones cognitivas de manera más eficaz. El artículo contribuye al debate sobre la práctica del proyecto y los factores que contribuyen al desarrollo de la expertise en Arquitectura.The analysis of the design process under the cognitive theory proposes an understanding of internal mental processes, based on the processing of information derived from the knowledge, experience, and skills of the architect. Although it is difficult to trace the sources of the architects’ thoughts, the drawings they produce facilitate the identification of the successive approaches used during the design process. Since cognition, or the act of thinking, itself cannot be observed, we can only analyze the results of the thought that guided cognitive actions. The steps of the research conducted by the authors of this article were as follows: 1) three experienced architects and three novices were filmed individually, for 60 minutes, while they carried out a project; 2) these professionals were interviewed for 30 minutes after the end of the project; 3) physical, perceptual, functional, and conceptual cognitive actions were identified by segmenting and codifying the actions performed during the filming; 4) these data were translated into graphs; 5) the differences between novices and experts were identified from the response time in each of the four levels of cognitive actions; and 6) the qualitative analysis of actions and effectiveness were assessed. Experienced architects quickly recovered from their memory-specific knowledge and, based on scant evidence, select, combine, and generate different ideas during the design process. They can do so because the knowledge encoded in typical situations enables them to make faster and better supported decisions. Expertise is the human faculty that allows performance of cognitive operations that involve daily thinking and doing with quality, speed, and vitality. An expert is someone who performs a task significantly better than most other people do. We concluded that expert architects perform projects with greater ease than beginners, not only because they have more knowledge and experience, but also because they use cognitive actions more effectively. This paper contributes to the discussion on the design practice and the factors that contribute to the expertise development in architecture.Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.2013-12-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/8104510.11606/issn.2317-2762.v20i34p60-81PosFAUUSP; v. 20 n. 34 (2013); 60-81Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP; Vol. 20 No. 34 (2013); 60-81Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP; Vol. 20 Núm. 34 (2013); 60-812317-27621518-9554reponame:Pós. 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