Os benzodiazepínicos na ordem dos discursos: de objeto da ciência a objeto gadget do capitalismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silveira, Lia Carneiro
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Almeida, Arisa Nara, Carrilho, Camila
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
eng
Título da fonte: Saúde e Sociedade (Online)
DOI: 10.1590/S0104-12902019180615
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/160246
Resumo: Este estudo objetiva analisar o fenômeno do abuso de benzodiazepínicos, considerando o modo como essa substância comparece nos discursos constituídos na abordagem do mal-estar na contemporaneidade. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa; foram ouvidos 18 médicos e enfermeiros atuantes na rede de saúde de Fortaleza, além de nove mulheres usuárias dos serviços. A população entre usuários limitou-se ao sexo feminino, devido ao fato de a literatura apontar prevalência do abuso de benzodiazepínicos nesse público. No exame dos dados, usou-se a análise do discurso de corrente francesa, a qual permitiu entrever como o medicamento comparece no laço social, apresentando diferentes significações, a depender do lugar ocupado nos discursos. Nos resultados encontrados destaca-se que o benzodiazepínico entra em uma espécie de curto-circuito no qual o tráfico de drogas comparece tanto na porta de entrada (como argumento para o consumo da substância em decorrência da violência cotidiana experimentada por essas mulheres) como na outra ponta (como substância desviada dos serviços de saúde e comercializada nos pontos de venda de drogas). Essa medicação constitui-se, assim, num gadget – objeto de consumo revestido pelo brilho de supostamente recobrir a falta. Diante desse cenário, urge pensar políticas públicas que possam ir além do modelo medicalizante.
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