A Juventude como Fase de Vida: dos ritos de passagem aos ritos de impasse

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pais, José Machado
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Saúde e Sociedade (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29608
Resumo: O curso de vida apresenta-se segmentado em diferentes fases. Porém, nas três últimas décadas - pelo menos em nível europeu - diversos estudos têm acentuado uma crescente variabilidade na determinação das fronteiras que as separam. No que respeita à juventude é certo que continuam a ser valorizados determinados marcadores de passagem para a chamada idade adulta, como é o caso da obtenção de um emprego, do casamento ou do nascimento do primeiro filho (European Social Survey de 2006/2007). Entretanto, as trajectórias de vida bloqueiam frequentemente encruzilhadas de impasse, determinadas por variáveis societais, apesar de os arranjos de transição cada vez mais se alinharem com estratégias de autonomização, na esteira das teses da individualização. Em sociedades de outrora, existiam ritos de passagem que demarcavam, de modo preciso, a transição dos jovens para a idade adulta. Hoje em dia, muitos desses ritos desapareceram embora alguns ainda sobrevivam. É o que acontece com a chamada festa dos rapazes, rito de iniciação à idade adulta que ocorre em muitas aldeias do nordeste de Portugal, onde a identidade masculina é celebrada de forma festiva, transgressora, orgiástica. Pesquisas etnográficas sobre a festa dos rapazes sugerem-nos que a complexidade do moderno não é redutível a manifestações do passado despidas de suas novas valências significativas. O objectivo deste artigo é, justamente, o de discutir como um antigo rito de expressão localizada se enfrenta a aragens da modernidade. A conclusão entreabre portas para a possibilidade de, entre os jovens, os ritos de passagem estarem a ceder lugar a ritos de impasse.
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