Diálogo entre diferentes temporalidades refratadas e textos verbo-visuais de periódicos brasileiros contemporâneos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-16032016-143337/ |
Resumo: | Nesta investigação, refletimos sobre as avaliações impressas em textos de periódicos contemporâneos tiras e crônicas , que retomam narrativas da tradição oral, em circulação entre os séculos XVII e XIX, a fim de compreender aspectos de diferentes visões de mundo e o posicionamento valorativo do sujeito-autor e do sujeito-contemplador previsto, como forma de resposta compromissada com seu tempo. Ao longo das edições dos periódicos, a tematização dessas narrativas aconteceu de forma aleatória, em meio a conteúdos diversos e como parte do repertório cultural dos artistas. Em levantamento realizado, o corpus de análise ficou composto da seguinte forma: (1) cinquenta e quatro tiras do cartunista Fernando Gonsales que, publicadas no jornal Folha de S. Paulo entre os anos de 2004 e 2011, tematizam os contos maravilhosos Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e A história dos três porquinhos; (2) três crônicas de Millôr Fernandes, que circularam nas revistas semanais Veja e IstoÉ na década de 1980, tematizando os mesmos contos, o que viabiliza um trabalho comparativo. Para orientar nosso olhar, fundamentamos nossa análise na concepção bakhtiniana de arquitetônica, desenvolvida principalmente nos primeiros textos produzidos por Bakhtin e o Círculo, na década de 1920. Essa concepção nos permite compreender como os elementos do texto forma, conteúdo e material são organizados pelos centros de valores estabelecidos na relação autor-criador, herói, autor-contemplador. Associadas a essa noção, tratamos das categorias de espaço e tempo, desenvolvidas pelo pensador Bakhtin (1937-1938, 1973). Essas categorias nos instrumentalizam para a compreensão da interação entre autor-criador e/ou autor-contemplador e objeto artístico, em determinado contexto espaço-temporal. No diálogo com o objeto de pesquisa, partimos da seguinte hipótese: se todo texto é um ato responsivo ao tempo de que emerge, então a visão de mundo contemporânea é refratada em textos de humor da esfera periodística que circularam no final do século XX e início do XXI, quando esses textos retomam narrativas da tradição oral difundidas entre os séculos XVII e XIX. Ao final do trabalho, mostra-se que, no entrecruzamento das tiras de Fernando Gonsales e das crônicas de Millôr Fernandes com os contos maravilhosos, transita a paródia de um mundo idealizado: nas tiras, ela se configura também como deboche do modo de vida contemporâneo; nas crônicas, como crítica social e reflexão sobre a existência humana. |
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Diálogo entre diferentes temporalidades refratadas e textos verbo-visuais de periódicos brasileiros contemporâneosDialogue between different time frames refracted in verbal-visual texts of contemporary Brazilian journalsArchitectonicsArquitetônicaChronicsComic stripsContos maravilhososCrônicasFairy talesTextos verbo-visuaisTiras de humorVerbal-visual textsNesta investigação, refletimos sobre as avaliações impressas em textos de periódicos contemporâneos tiras e crônicas , que retomam narrativas da tradição oral, em circulação entre os séculos XVII e XIX, a fim de compreender aspectos de diferentes visões de mundo e o posicionamento valorativo do sujeito-autor e do sujeito-contemplador previsto, como forma de resposta compromissada com seu tempo. Ao longo das edições dos periódicos, a tematização dessas narrativas aconteceu de forma aleatória, em meio a conteúdos diversos e como parte do repertório cultural dos artistas. Em levantamento realizado, o corpus de análise ficou composto da seguinte forma: (1) cinquenta e quatro tiras do cartunista Fernando Gonsales que, publicadas no jornal Folha de S. Paulo entre os anos de 2004 e 2011, tematizam os contos maravilhosos Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e A história dos três porquinhos; (2) três crônicas de Millôr Fernandes, que circularam nas revistas semanais Veja e IstoÉ na década de 1980, tematizando os mesmos contos, o que viabiliza um trabalho comparativo. Para orientar nosso olhar, fundamentamos nossa análise na concepção bakhtiniana de arquitetônica, desenvolvida principalmente nos primeiros textos produzidos por Bakhtin e o Círculo, na década de 1920. Essa concepção nos permite compreender como os elementos do texto forma, conteúdo e material são organizados pelos centros de valores estabelecidos na relação autor-criador, herói, autor-contemplador. Associadas a essa noção, tratamos das categorias de espaço e tempo, desenvolvidas pelo pensador Bakhtin (1937-1938, 1973). Essas categorias nos instrumentalizam para a compreensão da interação entre autor-criador e/ou autor-contemplador e objeto artístico, em determinado contexto espaço-temporal. No diálogo com o objeto de pesquisa, partimos da seguinte hipótese: se todo texto é um ato responsivo ao tempo de que emerge, então a visão de mundo contemporânea é refratada em textos de humor da esfera periodística que circularam no final do século XX e início do XXI, quando esses textos retomam narrativas da tradição oral difundidas entre os séculos XVII e XIX. Ao final do trabalho, mostra-se que, no entrecruzamento das tiras de Fernando Gonsales e das crônicas de Millôr Fernandes com os contos maravilhosos, transita a paródia de um mundo idealizado: nas tiras, ela se configura também como deboche do modo de vida contemporâneo; nas crônicas, como crítica social e reflexão sobre a existência humana.In this thesis, we reflect on the standpoints printed on contemporary journal texts - strips and chronics that retake oral tradition narratives, between the seventeenth and nineteenth centuries, in order to understand aspects of different worldviews and the evaluative positioning of the subject-author and of the expected subject-contemplator as a way to give a committed answer to their time. Along the issues of the journals, the theming of these narratives was done at random, amid diverse contents and as part of the cultural repertoire of the artists. In the survey that was conducted, the corpus was composed as follows: (1) fifty-four strips by the cartoonist Fernando Gonsales, published in the newspaper Folha de S. Paulo between 2004 and 2011, that bring as the theme the fairy tales Little Red Riding Hood, Snow White and The story of the three little pigs; (2) three chronics by Millor Fernandes, that circulated in the weekly magazines Veja and IstoÉ in the 1980s, thematising the same tales, which enables a comparative work. To guide our vision, we base our analysis on Bakhtin\'s architectonic design, developed mainly in the first texts written by Bakhtin and the Circle in the 1920s. This concept allows us to understand how the text elements - form, content and materials - are organized by centers of values established in the relation between author-creator, hero, author-contemplator. Associated with this notion, we deal with the categories of space and time, developed by Bakhtin (1937-1938, 1973). These categories lead us to the understanding of the interaction between author-creator and/or author-contemplator and artistic object, in a particular spatial-temporal context. In dialogue with the research object, we start from the following hypothesis: if all text is a responsive act to the time that it emerges from, then the contemporary world view is refracted in humor texts from the journal sphere that circulated in the late twentieth and early twenty-first centuries, when these texts resume narratives of the oral tradition spread between the seventeenth and nineteenth centuries. At the end of the work, it is shown that, in the crossing of the strips by Fernando Gonsalves and the chronics by Millor Fernandes with the fairy tales, the parody moves from an idealized world: in the strips, it also sets as a mockery of the contemporary way of life; in the chronics, as a social critique and reflection on human existence.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCampos, Maria Inês BatistaSouza, Elaine Hernandez de2015-11-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-16032016-143337/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:06:17Zoai:teses.usp.br:tde-16032016-143337Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:06:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Nesta investigação, refletimos sobre as avaliações impressas em textos de periódicos contemporâneos tiras e crônicas , que retomam narrativas da tradição oral, em circulação entre os séculos XVII e XIX, a fim de compreender aspectos de diferentes visões de mundo e o posicionamento valorativo do sujeito-autor e do sujeito-contemplador previsto, como forma de resposta compromissada com seu tempo. Ao longo das edições dos periódicos, a tematização dessas narrativas aconteceu de forma aleatória, em meio a conteúdos diversos e como parte do repertório cultural dos artistas. Em levantamento realizado, o corpus de análise ficou composto da seguinte forma: (1) cinquenta e quatro tiras do cartunista Fernando Gonsales que, publicadas no jornal Folha de S. Paulo entre os anos de 2004 e 2011, tematizam os contos maravilhosos Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e A história dos três porquinhos; (2) três crônicas de Millôr Fernandes, que circularam nas revistas semanais Veja e IstoÉ na década de 1980, tematizando os mesmos contos, o que viabiliza um trabalho comparativo. Para orientar nosso olhar, fundamentamos nossa análise na concepção bakhtiniana de arquitetônica, desenvolvida principalmente nos primeiros textos produzidos por Bakhtin e o Círculo, na década de 1920. Essa concepção nos permite compreender como os elementos do texto forma, conteúdo e material são organizados pelos centros de valores estabelecidos na relação autor-criador, herói, autor-contemplador. Associadas a essa noção, tratamos das categorias de espaço e tempo, desenvolvidas pelo pensador Bakhtin (1937-1938, 1973). Essas categorias nos instrumentalizam para a compreensão da interação entre autor-criador e/ou autor-contemplador e objeto artístico, em determinado contexto espaço-temporal. No diálogo com o objeto de pesquisa, partimos da seguinte hipótese: se todo texto é um ato responsivo ao tempo de que emerge, então a visão de mundo contemporânea é refratada em textos de humor da esfera periodística que circularam no final do século XX e início do XXI, quando esses textos retomam narrativas da tradição oral difundidas entre os séculos XVII e XIX. Ao final do trabalho, mostra-se que, no entrecruzamento das tiras de Fernando Gonsales e das crônicas de Millôr Fernandes com os contos maravilhosos, transita a paródia de um mundo idealizado: nas tiras, ela se configura também como deboche do modo de vida contemporâneo; nas crônicas, como crítica social e reflexão sobre a existência humana. |
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