A Bacia de Água Bonita, uma passagem marinha eopaleozoica no Brasil Central

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aguiar, Marília Pulito de
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03062015-100836/
Resumo: A Bacia de Água Bonita localiza-se na região limítrofe entre os estados de Tocantins e Goiás, a meio caminho das grandes sinéclises intracratônicas do Paraná e do Parnaíba. Com cerca de 10 km de largura e 90 km de comprimento, a bacia segue o trend geral NE do Lineamento Transbrasiliano (LTB). Sua origem foi associada previamente a um gráben de preservação de rochas sedimentares ou como uma bacia transtrativa resultante de uma transcorrência dextral ao longo do LTB. Levantamentos de campo realizados na região para o presente trabalho mostraram distribuição de fácies coerente com uma incursão marinha de nordeste para sudoeste. Em conjunto com dados de paleocorrentes, paralelas a estrutura do lineamento, sugere-se que estes sedimentos tenham se depositado ao longo de uma calha alongada na direção NE-SW condicionada por estruturas prévias do embasamento, relacionadas ao LTB. Evidências de tectonismo ativo durante a sedimentação, como falhas sinsedimentares e estruturas de liquefação (diques clásticos e convoluções), indicam que o lineamento também foi uma estrutura ativa durante a instalação da bacia. No presente trabalho o preenchimento sedimentar da bacia foi dividido em duas unidades: a Formação Água Bonita, unidade basal, essencialmente rudáceo-psamítica, com depósitos de ambiente costeiro, transicional e marinhos de plataforma rasa, em parte sobre influência glacial, e a Formação Vereda Verde, superior, essencialmente pelítica, com depósitos deltaicos e marinhos profundos. Nas vizinhanças da bacia ocorre a Formação Araguaçu, com diamictitos glaciais, aos quais é também relacionada uma nova ocorrência de pavimento subglacial, ora descrita. As duas unidades da bacia foram relacionadas às sequências correspondentes ao ciclo ordoviciano-siluriano das bacias do Paraná (Grupo Rio Ivaí) e do Parnaíba (Grupo Serra Grande). A Formação Araguaçu, a julgar pelo sentido de deslocamento da geleira, representaria a um registro da glaciação permocarbonífera. Com base nos dados de campo, apresenta-se um novo modelo para a origem da Bacia de Água Bonita, como uma área de subsidência controlada por falhas do LTB no embasamento. A presença de sedimentos marinhos corrobora a ideia de que essa depressão tectônica, na região central do Brasil, tenha sido uma passagem marinha transcontinental que ligou as costas norte e sul do Gondwana durante a transgressão marinha landoveriana, em congruência com modelos anteriores sustentados por dados paleofaunísticos.
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Em conjunto com dados de paleocorrentes, paralelas a estrutura do lineamento, sugere-se que estes sedimentos tenham se depositado ao longo de uma calha alongada na direção NE-SW condicionada por estruturas prévias do embasamento, relacionadas ao LTB. Evidências de tectonismo ativo durante a sedimentação, como falhas sinsedimentares e estruturas de liquefação (diques clásticos e convoluções), indicam que o lineamento também foi uma estrutura ativa durante a instalação da bacia. No presente trabalho o preenchimento sedimentar da bacia foi dividido em duas unidades: a Formação Água Bonita, unidade basal, essencialmente rudáceo-psamítica, com depósitos de ambiente costeiro, transicional e marinhos de plataforma rasa, em parte sobre influência glacial, e a Formação Vereda Verde, superior, essencialmente pelítica, com depósitos deltaicos e marinhos profundos. 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A presença de sedimentos marinhos corrobora a ideia de que essa depressão tectônica, na região central do Brasil, tenha sido uma passagem marinha transcontinental que ligou as costas norte e sul do Gondwana durante a transgressão marinha landoveriana, em congruência com modelos anteriores sustentados por dados paleofaunísticos.The Água Bonita Basin is located in central Brazil, halfway between the large Paraná and Parnaíba intracratonic basins. With about 10 Km wide and 90 Km long, the basin follows the general NE-oriented trend of the Transbrasiliano Lineament (TBL). It was previously considered as a post-sedimentary graben or as a left-lateral strike-slip basin associated with the TBL. A recent investigation of the basin has revealed facies distribution consistent with a marine incursion from northeast to southwest, an idea corroborated by paleocurrent data, which preferred orientation parallels the orientation of the basin suggesting that sediment transport followed a trough controlled by the TBL. Although no faults were identified limiting the basin, the presence of clastic dykes and other soft-sediment deformation structures - interpreted as seismites - and of NE-SW-oriented syn-sedimentary faults within the basin indicate that tectonics was active during sedimentation. The sedimentary fill of the basin was divided into two units: the Água Bonita Formation, a basal, essentially rudaceous-psamitic unit with aeolian, transitional and marine deposits, partly under glacial influence; and the overlying , pelitic, Vereda Verde Formation, with deltaic and marine deposits. In the region of the basin occurs the Araguaçu Formation, with glacial diamictites, which are also related to the new description of the occurrence of a subglacial pavement. The two units of the Água Bonita Basin were considered as correlated to the sequences of the Ordovician-Silurian cycle of the Paraná (Rio Ivaí Group) and Parnaíba (Serra Grande Group) basins, while the Araguaçu Formation as a record of the Permo-Carboniferous glaciation, as suggested by the sense of movement of the glacier. The data presented in this study allows the proposition of a model to the origin of the basin as an area of subsidence controlled by basement faults of the TBL. The presence of marine sediments corroborates the idea that this tectonic depression in central Brazil has been a transcontinental seaway which connected the north and south coasts of Gondwana during the Llandoverian marine transgression, in congruence with previous models supported by paleofaunistic data.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRiccomini, ClaudioAguiar, Marília Pulito de2013-04-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-03062015-100836/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:57Zoai:teses.usp.br:tde-03062015-100836Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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