O trabalho como fator determinante da defasagem escolar dos meninos no Brasil: mito ou realidade?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Artes, Amelia Cristina Abreu
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-26012011-140206/
Resumo: De acordo com relatórios publicados por renomadas agências multilaterais, as meninas devem ocupar um lugar prioritário nos investimentos educacionais com vistas à igualdade de gênero no mundo. Contudo, estudos brasileiros indicam que, no país, os meninos apresentam os piores indicadores educacionais. Esta tese parte da constatação e análise da incompatibilidade destas informações. As meninas apresentam piores indicadores de ingresso (matrícula) nas regiões mais pobres do mundo, em que o acesso à escola ainda é restrito para ambos os sexos. Esta situação está também estreitamente ligada a fatores culturais e étnicos. Porém em regiões em que o acesso é praticamente universalizado, caso do Brasil, os indicadores de percurso (defasagem idade-série, anos de escolaridade, etc.) apresentam um pior resultado para os meninos. Na literatura a respeito da temática, quando se ressaltam os piores indicadores para os meninos a principal justificativa aventada é a necessidade de trabalhar para gerar renda, mais presente no universo masculino. Esta tese tem por objetivo avaliar a influência do trabalho nas trajetórias escolares de meninos e meninas. A partir dos microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio PNAD 2006, desenvolve-se uma modelagem estatística visando explicar a defasagem idade - anos de estudo (faixa etária de 10 a 14 anos) a partir da variável sexo e considerando o fator trabalho como variável de controle. Outros fatores como: cor (branco ou negro); regionalização do país (diferenciado por IDH alto, médio ou baixo) e afazeres domésticos, atividade mais presente no universo feminino, foram considerados no modelo. Os resultados indicam que o trabalho prejudica o percurso escolar de forma mais intensa para os meninos e os afazeres domésticos de forma mais sutil para as meninas, com resultados piores para os negros de ambos os sexos. As análises permitem concluir que o trabalho não pode ser considerado o principal responsável pela maior defasagem entre idade e anos de estudo dos rapazes de 10 a 14 anos no Brasil, pois de cada dez meninos apenas um trabalha e cinco estão defasados. Assim, para se compreender os diferentes percursos escolares de meninos e meninas é preciso investigar outros fatores, especialmente os internos ao funcionamento das escolas.
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Porém em regiões em que o acesso é praticamente universalizado, caso do Brasil, os indicadores de percurso (defasagem idade-série, anos de escolaridade, etc.) apresentam um pior resultado para os meninos. Na literatura a respeito da temática, quando se ressaltam os piores indicadores para os meninos a principal justificativa aventada é a necessidade de trabalhar para gerar renda, mais presente no universo masculino. Esta tese tem por objetivo avaliar a influência do trabalho nas trajetórias escolares de meninos e meninas. A partir dos microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio PNAD 2006, desenvolve-se uma modelagem estatística visando explicar a defasagem idade - anos de estudo (faixa etária de 10 a 14 anos) a partir da variável sexo e considerando o fator trabalho como variável de controle. Outros fatores como: cor (branco ou negro); regionalização do país (diferenciado por IDH alto, médio ou baixo) e afazeres domésticos, atividade mais presente no universo feminino, foram considerados no modelo. Os resultados indicam que o trabalho prejudica o percurso escolar de forma mais intensa para os meninos e os afazeres domésticos de forma mais sutil para as meninas, com resultados piores para os negros de ambos os sexos. As análises permitem concluir que o trabalho não pode ser considerado o principal responsável pela maior defasagem entre idade e anos de estudo dos rapazes de 10 a 14 anos no Brasil, pois de cada dez meninos apenas um trabalha e cinco estão defasados. Assim, para se compreender os diferentes percursos escolares de meninos e meninas é preciso investigar outros fatores, especialmente os internos ao funcionamento das escolas.According to reports published by well-known multilateral agencies, girls should occupy a priority place in educational investments pursuing gender equality in the world. Nevertheless Brazilian studies indicate that boys present the worst educational indicators. This thesis starts from the observation and analysis of this information incompatibility. Girls present the worst indicators of access (enrollment) in the poorest regions of the world where the access to school is still restrict to both sexes. This situation is strictly connected to cultural and ethnical factors. However in regions where the access is practically universalized, like Brazil, the course indicators (discrepancy on age-grade, years of study and so on) present a worse result for boys. In the literature related to this theme when the worst results for boys are emphasized the main suggested justification is the necessity of working to generate income, more present in male world. This thesis aims to evaluate the labor influence on school courses of boys and girls. Considering the micro data of PNAD 2006 (National Residence Sample Survey), a statistic model is developed aiming to explain the discrepancy concerning age- years of study (aging from 10 to 14 years old) taking into account the sex and considering the labor factor as a control variance. Other factors such as: color (black and white), country sectionalizing (High, medium and low IDH - Human Development Index) and housework, an activity most related to women, were considered in the model. The results indicate that working damages more intensively the boys school process, and housework in a more subtle way influences the girls school process, with worse results for blacks of both sex. The analyses permit to conclude that labor cannot be considered the main factor responsible for the bigger discrepancy between age and years of study of boys from 10 to 14 years old in Brazil, since out of ten boys only one works and five present school result discrepancy. Therefore to understand the different school courses of boys and girls it is necessary to investigate other factors, mainly the ones related to internal school performance.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, Marilia Pinto deArtes, Amelia Cristina Abreu2009-11-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-26012011-140206/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:26Zoai:teses.usp.br:tde-26012011-140206Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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