Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-22092015-112350/ |
Resumo: | A viola chegou ao Brasil com os portugueses e desde então é citada em documentos históricos, mas sem uma descrição detalhada de modo a permitir uma identificação precisa, já que a palavra viola é empregada para inúmeros instrumentos. No entanto, podemos constatar características semelhantes nas violas brasileiras colhidas em campo, na primeira década do século XX, e nas violas portuguesas colhidas em campo, nesta mesma época, e destas com violas portuguesas do século XVI e do século XVIII que chegaram até nós. Na região Centro- Sul do Brasil, a viola caipira, principal instrumento das práticas musicais tradicionais desta região, é adotado para outros estilos de música e sofre significativas modificações provindas da luteria violonística. Neste sentido, iremos mostrar que, na década de 1960, uma série de acontecimentos musicais envolvendo este instrumento, uns isolados, uns derivando de outros, vão construindo o estabelecimento da viola como importante instrumento da música brasileira atual. Dentro desta perspectiva, tivemos de nos defrontar com o preconceito, ainda existente, à palavra caipira e, para tal, buscamos reflexões de importantes estudiosos sobre o que diz respeito ao mundo do caipira: sua fala, seus costumes, sua música; seu passado e seu presente. No caso específico da música, para termos uma visão crítica atual, enviamos a pergunta \"música caipira - o que é e o que não é?\" a pessoas de diferentes áreas culturais ligadas ao universo caipira. Na análise das respostas, verifica-se o quão diverso é o entendimento sobre a música caipira. Retomando o tema central de nossa tese, o avivamento da viola caipira só foi possível graças ao interesse de um público consumidor de arte, da mídia radiofônica e da indústria da cultura. Para analisarmos este fato, mostramos as estratégias e o papel de diretores e produtores artísticos em levar ao disco as práticas musicais ligadas à viola. Com as condições primordiais estabelecidas, música, público e mídia, a partir da década de 1980 verifica-se o processo de consolidação da viola caipira em um cenário que envolve a escritura da arte, recitais e concertos de violeiros solistas, gravações de discos e vídeos, a viola nos conservatórios e escolas de ensino, pesquisas de campo, Festivais e Seminários por toda a região caipira, publicações de livros e métodos de ensino, teses acadêmicas, a viola na música concertante e, por fim, a viola na universidade, consolidando de forma definitiva a viola caipira na música brasileira da atualidade, colocando-a em um outro patamar artístico. Finalmente, em meados da segunda década do século XXI, podemos dizer de um cenário bastante consolidado. A viola, definitivamente, se estabelece como importante instrumento da música brasileira e a amplidão de seu uso é facilmente verificada - dos lundus de mestres violeiros às composições para viola e orquestra sinfônica. |
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Neste sentido, iremos mostrar que, na década de 1960, uma série de acontecimentos musicais envolvendo este instrumento, uns isolados, uns derivando de outros, vão construindo o estabelecimento da viola como importante instrumento da música brasileira atual. Dentro desta perspectiva, tivemos de nos defrontar com o preconceito, ainda existente, à palavra caipira e, para tal, buscamos reflexões de importantes estudiosos sobre o que diz respeito ao mundo do caipira: sua fala, seus costumes, sua música; seu passado e seu presente. No caso específico da música, para termos uma visão crítica atual, enviamos a pergunta \"música caipira - o que é e o que não é?\" a pessoas de diferentes áreas culturais ligadas ao universo caipira. Na análise das respostas, verifica-se o quão diverso é o entendimento sobre a música caipira. Retomando o tema central de nossa tese, o avivamento da viola caipira só foi possível graças ao interesse de um público consumidor de arte, da mídia radiofônica e da indústria da cultura. Para analisarmos este fato, mostramos as estratégias e o papel de diretores e produtores artísticos em levar ao disco as práticas musicais ligadas à viola. Com as condições primordiais estabelecidas, música, público e mídia, a partir da década de 1980 verifica-se o processo de consolidação da viola caipira em um cenário que envolve a escritura da arte, recitais e concertos de violeiros solistas, gravações de discos e vídeos, a viola nos conservatórios e escolas de ensino, pesquisas de campo, Festivais e Seminários por toda a região caipira, publicações de livros e métodos de ensino, teses acadêmicas, a viola na música concertante e, por fim, a viola na universidade, consolidando de forma definitiva a viola caipira na música brasileira da atualidade, colocando-a em um outro patamar artístico. Finalmente, em meados da segunda década do século XXI, podemos dizer de um cenário bastante consolidado. A viola, definitivamente, se estabelece como importante instrumento da música brasileira e a amplidão de seu uso é facilmente verificada - dos lundus de mestres violeiros às composições para viola e orquestra sinfônica.The viola caipira came to Brazil with the Portuguese and has since been cited in historical documents, but without a detailed description to enable accurate identification, since the word is used to numerous instruments. However, we can see similar characteristics in Brazilian violas harvested in the first decade of the twentieth century and in the Portuguese violas harvested at this same time, and of those with Portuguese violas from the sixteenth and the eighteenth century that have survived to this date. In the Center-South region of Brazil, the viola caipira, the main instrument of traditional musical practices in the region, is adopted for other styles of music and undergoes significant changes stemmed from guitar making. In this sense, we will show that in the 1960s a series of musical events involving this instrument, some isolated, some deriving from others, are building the establishment of the viola as an important instrument of contemporary Brazilian music. Within this perspective, we had to cope with the prejudice that still exists regarding the word caipira, and for that we sought reflections of leading scholars on what concerns the caipira world: its speech, customs, music, past and present. In the specific case of music, to have an updated critical view, we sent the question \"caipira music - what is and what is not?\" to people from different cultural areas related to the caipira universe. In analyzing the responses, it appears how manifold is the understanding of caipira music. Returning to the central theme of our thesis, the revival of the viola caipira was only possible thanks to the interest of a consumer public of art, the radio media and the culture industry. To analyze this fact, we show the strategies and the role of artistic directors and producers to take to the disc musical practices related to the viola. With the basic conditions laid down, music, public and media, from the 1980s on, there is the consolidation of the viola in a scenario that involves the writing of art, recitals and concerts of solo viola players, recording of albums and videos, the viola in conservatories and schools of education, in field research, in Festivals and Seminars throughout the caipira region, in publications of books and teaching methods, academic theses, the viola in concertante music, and finally, the viola in the university, consolidating definitively the viola in Brazilian music today, putting it in another artistic level. Finally, in the middle of the second decade of this century, we can speak of quite a strengthened scenario. The viola caipira has definitely been established as an important instrument in Brazilian music and the breadth of its use is easily verified - from the lundus of the of viola players to the compositions for viola and symphony orchestra.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRicciardi, Rubens RussomanoCorrêa, Roberto Nunes2014-05-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-22092015-112350/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-22092015-112350Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A viola chegou ao Brasil com os portugueses e desde então é citada em documentos históricos, mas sem uma descrição detalhada de modo a permitir uma identificação precisa, já que a palavra viola é empregada para inúmeros instrumentos. No entanto, podemos constatar características semelhantes nas violas brasileiras colhidas em campo, na primeira década do século XX, e nas violas portuguesas colhidas em campo, nesta mesma época, e destas com violas portuguesas do século XVI e do século XVIII que chegaram até nós. Na região Centro- Sul do Brasil, a viola caipira, principal instrumento das práticas musicais tradicionais desta região, é adotado para outros estilos de música e sofre significativas modificações provindas da luteria violonística. Neste sentido, iremos mostrar que, na década de 1960, uma série de acontecimentos musicais envolvendo este instrumento, uns isolados, uns derivando de outros, vão construindo o estabelecimento da viola como importante instrumento da música brasileira atual. Dentro desta perspectiva, tivemos de nos defrontar com o preconceito, ainda existente, à palavra caipira e, para tal, buscamos reflexões de importantes estudiosos sobre o que diz respeito ao mundo do caipira: sua fala, seus costumes, sua música; seu passado e seu presente. No caso específico da música, para termos uma visão crítica atual, enviamos a pergunta \"música caipira - o que é e o que não é?\" a pessoas de diferentes áreas culturais ligadas ao universo caipira. Na análise das respostas, verifica-se o quão diverso é o entendimento sobre a música caipira. Retomando o tema central de nossa tese, o avivamento da viola caipira só foi possível graças ao interesse de um público consumidor de arte, da mídia radiofônica e da indústria da cultura. Para analisarmos este fato, mostramos as estratégias e o papel de diretores e produtores artísticos em levar ao disco as práticas musicais ligadas à viola. Com as condições primordiais estabelecidas, música, público e mídia, a partir da década de 1980 verifica-se o processo de consolidação da viola caipira em um cenário que envolve a escritura da arte, recitais e concertos de violeiros solistas, gravações de discos e vídeos, a viola nos conservatórios e escolas de ensino, pesquisas de campo, Festivais e Seminários por toda a região caipira, publicações de livros e métodos de ensino, teses acadêmicas, a viola na música concertante e, por fim, a viola na universidade, consolidando de forma definitiva a viola caipira na música brasileira da atualidade, colocando-a em um outro patamar artístico. Finalmente, em meados da segunda década do século XXI, podemos dizer de um cenário bastante consolidado. A viola, definitivamente, se estabelece como importante instrumento da música brasileira e a amplidão de seu uso é facilmente verificada - dos lundus de mestres violeiros às composições para viola e orquestra sinfônica. |
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