A perda das ilusões: o romance histórico de José de Alencar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: De Marco, Valeria
Data de Publicação: 1991
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-05012023-195028/
Resumo: O trabalho dedica-se ao estudo de três obras de José de Alencar - O guarani, As minas de prata e Guerra dos mascates- consideradas por ele e pela crítica como romances históricos. Tem por objetivo extrair uma interpretação da História do país oferecida pelas imagens constitutivas dos diferentes textos. A análise dos três romances é feita a partir de três procedimentos estruturadores: o modo de ficção usado para narrar, o ângulo em que se coloca o narrador e a posição que a personagem do intelectual ocupa no texto. Paralelamente, rastreia-se a historiografia citada ou supostamente lida por Alencar, para estabelecer as relações entre a estruturação de cada romance e o modo particular pelo qual o autor apropria-se dos relatos dos historiadores. A tese procura demonstrar que José de Alencar interpreta a História do Brasil como uma trajetória de decadência. Fundamenta esta hipótese a partir da verificação de um movimento descendente realizado pelo olhar do narrador -do horizonte aos fundos de quintais, pela combinação do romanesco, enredo predominante em toda sua ficção, a procedimentos característicos de outros modos de narrar que desenham o mesmo percurso de descenso -do mito à prosa satírica- e, finalmente, o deslocamento da personagem do intelectual do centro para as margens do romance. Estes elementos permitem concluir que o autor toma o romance histórico, não para procurar a compreensão de momentos constitutivos do processo histórico como efetivamente se deu, mas sim para forjar uma imagem do dever ser da História do Brasil. O progressivo desaparecimento de traços heróicos no romance, verificáveis nos movimentos de descenso, expressariam a perda de perspectivas para construir um país ideal. Assim, configura-se um componente particular da óptica conservadora de Alencar, já apontada pela crítica ao considerar a insistência do autor em indicar caminhos pautados pela conciliação. Esta seria para Alencar um modo ideal para superar conflitos, mas somente poderia ser viabilizada por projetos formulados e dirigidos por intelectuais que estivessem acima das classes. Estes são os traços da inserção da voz conservadora de Alencar no romantismo e eles marcam o nascimento do romance e uma perspectiva para a participação do intelectual nas lides políticas.
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