Contribuições para o enfoque das desigualdades raciais e do racismo: uma revisão de escopo sobre obesidade na população negra feminina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oraka, Cláudia Simões
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-17092021-083337/
Resumo: INTRODUÇÃO: Os estudos sobre o processo saúde e doença que avaliam raça como determinante social de saúde são escassos, daí a necessidade de pesquisas que contemplem as questões étnico-raciais. A obesidade é considerada uma epidemia em escala mundial e acomete ambos os sexos, todas as faixas etárias e classes sociais. No entanto, ela apresenta perfil distinto segundo os estratos de rendimentos e escolaridade. Portanto, é plausível a hipótese de que a obesidade se distribui diferentemente na população considerada segundo a cor da pele. Apesar de não ter respaldo teórico da biologia e da genética, raça tem sido uma forma de classificação e hierarquização dos seres humanos, constituindo formas diferenciadas de acesso aos direitos de cidadania e constituindo o que tem sido nomeado como racismo. A ocorrência das doenças e agravos à saúde tem sua origem nos determinantes sociais, com especial destaque para o racismo. A concepção de saúde da população negra incorpora as visões de saúde construídas a partir do conhecimento científico da biologia conjugado com saberes oriundos de outras áreas da ciência como a sociologia e a antropologia. Tais saberes em diálogo constante fornecem subsídios para o desenvolvimento de ferramentas que possibilitam conhecer a realidade social dessa parcela da população com acesso precário a bens e serviços. OBJETIVO: Mapear na literatura científica a extensão, o alcance e a natureza da relação entre obesidade e raça, sistematizando o conhecimento com a finalidade de contribuir para a promoção da saúde integral. MÉTODO: O desenho de estudo adotado nesse trabalho foi a revisão de escopo. Para tanto realizamos as seguintes etapas: Identificação da questão de pesquisa; busca de estudos; seleção dos estudos, utilizando como critério de inclusão artigos que relataram estudos observacionais cujos objetivos principais foram avaliar as disparidades raciais no desenvolvimento da obesidade feminina; e de exclusão os estudos que avaliaram raça e obesidade em relação a: comorbidades (câncer, demência, depressão, etc); técnicas de diagnóstico e rastreamento; prognóstico clínico; tratamentos e intervenções; causas genéticas e bioquímicas; estratégias de prevenção e fisiologia e patogenia; mapear os dados; agrupar, resumir e relatar os resultados. RESULTADOS: Foram identificadas 2.526 publicações, 413 eliminados por duplicidade na triagem, restando, assim, 2.113 artigos para leitura dos títulos. Foram eliminados após leitura dos títulos, 2.069 artigos. 44 artigos foram selecionados para leitura dos resumos, sendo que destes, 34 artigos foram eliminados. Por fim, 10 artigos foram submetidos para a apreciação completa, todos publicados em língua inglesa, sendo 9 publicações nos Estados Unidos e 1 publicação no Brasil. CONCLUSÃO: Os achados confirmam a hipótese inicial: existem desigualdades raciais na ocorrência da obesidade. O nosso universo amostral expressa essa associação da perspectiva socioeconômica compreendendo uma gama de covariáveis como renda, educação e ocupação. A principal lacuna científica identificada neste estudo foi a escassa produção na literatura sobre o tema obesidade e raça/cor. Embora exista uma preocupação com os aspectos sociais segundo raça, a ciência parece não reconhecer ainda as desigualdades raciais nos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis.
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spelling Contribuições para o enfoque das desigualdades raciais e do racismo: uma revisão de escopo sobre obesidade na população negra femininaAddressing racial inequalities and racism contributions: a scope review on obesity in the black female populationBlack Population HealthBlack Women's HealthDeterminantes sociais da saúdeObesidadeObesityRevisão de escopoSaúde da Mulher NegraSaúde da População NegraScoping ReviewSocial determinants of healthINTRODUÇÃO: Os estudos sobre o processo saúde e doença que avaliam raça como determinante social de saúde são escassos, daí a necessidade de pesquisas que contemplem as questões étnico-raciais. A obesidade é considerada uma epidemia em escala mundial e acomete ambos os sexos, todas as faixas etárias e classes sociais. No entanto, ela apresenta perfil distinto segundo os estratos de rendimentos e escolaridade. Portanto, é plausível a hipótese de que a obesidade se distribui diferentemente na população considerada segundo a cor da pele. Apesar de não ter respaldo teórico da biologia e da genética, raça tem sido uma forma de classificação e hierarquização dos seres humanos, constituindo formas diferenciadas de acesso aos direitos de cidadania e constituindo o que tem sido nomeado como racismo. A ocorrência das doenças e agravos à saúde tem sua origem nos determinantes sociais, com especial destaque para o racismo. A concepção de saúde da população negra incorpora as visões de saúde construídas a partir do conhecimento científico da biologia conjugado com saberes oriundos de outras áreas da ciência como a sociologia e a antropologia. Tais saberes em diálogo constante fornecem subsídios para o desenvolvimento de ferramentas que possibilitam conhecer a realidade social dessa parcela da população com acesso precário a bens e serviços. OBJETIVO: Mapear na literatura científica a extensão, o alcance e a natureza da relação entre obesidade e raça, sistematizando o conhecimento com a finalidade de contribuir para a promoção da saúde integral. MÉTODO: O desenho de estudo adotado nesse trabalho foi a revisão de escopo. Para tanto realizamos as seguintes etapas: Identificação da questão de pesquisa; busca de estudos; seleção dos estudos, utilizando como critério de inclusão artigos que relataram estudos observacionais cujos objetivos principais foram avaliar as disparidades raciais no desenvolvimento da obesidade feminina; e de exclusão os estudos que avaliaram raça e obesidade em relação a: comorbidades (câncer, demência, depressão, etc); técnicas de diagnóstico e rastreamento; prognóstico clínico; tratamentos e intervenções; causas genéticas e bioquímicas; estratégias de prevenção e fisiologia e patogenia; mapear os dados; agrupar, resumir e relatar os resultados. RESULTADOS: Foram identificadas 2.526 publicações, 413 eliminados por duplicidade na triagem, restando, assim, 2.113 artigos para leitura dos títulos. Foram eliminados após leitura dos títulos, 2.069 artigos. 44 artigos foram selecionados para leitura dos resumos, sendo que destes, 34 artigos foram eliminados. Por fim, 10 artigos foram submetidos para a apreciação completa, todos publicados em língua inglesa, sendo 9 publicações nos Estados Unidos e 1 publicação no Brasil. CONCLUSÃO: Os achados confirmam a hipótese inicial: existem desigualdades raciais na ocorrência da obesidade. O nosso universo amostral expressa essa associação da perspectiva socioeconômica compreendendo uma gama de covariáveis como renda, educação e ocupação. A principal lacuna científica identificada neste estudo foi a escassa produção na literatura sobre o tema obesidade e raça/cor. Embora exista uma preocupação com os aspectos sociais segundo raça, a ciência parece não reconhecer ainda as desigualdades raciais nos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis.INTRODUCTION: Studies on the health and disease process that evaluate race, as a social determinant of health are scarce, hence the need for research that addresses ethnic-racial issues. Obesity is considered a worldwide epidemic and accommodates both sexes, all age groups and social classes. However, it has a distinct profile according to student strata and educational level. Therefore, it is plausible that obesity is distributed differently in the population considered according to skin color. Although the theorist of biology and genetics is not respected, race has been a form of classification and hierarchization of human beings, constituting different forms of access to citizenship rights and constituting what has been called racism. The occurrence of diseases and health problems has its origin in social determinants, with special emphasis on racism. A health project for the black population incorporates as health visions built from scientific knowledge of biology coupled with flavors from other areas of science such as sociology and anthropology. These sabers in constant dialogue use subsidies for the development of tools that allow us to know the social reality of this portion of the population with poor access to goods and services. OBJECTIVE: To map scientific literature on the extent, scope and nature of the relationship between obesity and race, systematizing knowledge with the use of contribution to the promotion of integral health. METHOD: The study design adopted in this paper was subjected to a scope review. To accomplish this, we perform the following steps: identify a research question; search for studies; select studies (copy candidates here); map the data; group, summarize and relate the results. RESULTS: We identified 2,526 publications, 413 eliminated by duplicate screening, thus restoring 2,113 articles for reading the titles. After reading the titles, 2,069 articles were deleted. 44 articles were selected for reading abstracts, of which 34 articles were deleted and 10 articles were used for full appreciation, all published in English, 9 publications in the United States and 1 publication in Brazil. CONCLUSION: The findings confirm an initial hypothesis: there are racial inequalities in the occurrence of obesity. Our sample universe evaluates this socioeconomic perspective association that comprises a series of covariates such as income, education and occupation. The main scientific gap identified in this study was a scarce literature production on the theme obesity and race / color. Although there is concern about social aspects according to race, one science does not yet seem to recognize racial inequalities in risk factors for chronic noncommunicable diseases.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLuiz, Olinda do CarmoOraka, Cláudia Simões2020-02-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-17092021-083337/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-05T13:41:02Zoai:teses.usp.br:tde-17092021-083337Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-05T13:41:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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