Inter-relações entre doenças respiratórias e condições ambientais: uma análise de séries temporais na Amazônia Oriental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moura, Mauricio do Nascimento
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Vitorino, Maria Isabel, Silva, Glauber Guimarães Cirino da, Andrade Filho, Valdir Soares de
Tipo de documento: Artigo
Idioma: eng
Título da fonte: Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online)
Texto Completo: https://www.rbciamb.com.br/Publicacoes_RBCIAMB/article/view/1020
Resumo: Este estudo faz uma análise da inter-relação entre as séries temporais do clima, desmatamento, queimadas, profundidade óptica do aerossol (AOD) e internações hospitalares por doenças respiratórias na Amazônia oriental. Através de um estudo descritivo, com delineamento ecológico de séries temporais de 18 anos de dados, foram feitas análises estatísticas para dois períodos preestabelecidos: chuvoso e seco. Em escala decadal, mediante análise dos sinais dos índices climáticos, índice de oscilação sul (IOS) e o modo meridional do Atlântico (MMA), Marabá apresenta concordância entre internações, focos de queimadas e AOD, o que não se observa com a mesma exatidão para Santarém. Em escala sazonal, nossas análises mostram que os dois municípios estudados nesta pesquisa apresentaram um aumento no número de internações na estação seca, Marabá (3%) e Santarém (5%). A mesma estação também apresentou maior número de queimadas, AOD e alto valor de temperatura. A análise mensal do AOD mostrou que a atmosfera de Marabá pode estar sendo influenciada pela presença de outros tipos de aerossóis, como os emitidos pela atividade mineradora, logo há uma defasagem no tempo de aproximadamente 2 meses em relação às ocorrências de queimadas registradas dentro do município. Santarém não apresentou essa defasagem. A análise de regressão linear mostra que há correlação acima de 64% (Marabá) e 50% (Santarém), sendo estatisticamente significante e comprovando que a taxa de internação por doenças respiratórias depende do valor do AOD. Dos municípios investigados, Marabá é a localidade que apresenta o maior número de incêndios florestais com média de 188.5 (Santarém, 68,7) e, portanto, o maior valor de AOD, com média de 0,66 (Santarém, 0,47), ambos para a estação seca. Fica evidente que a componente climática tem relevante contribuição para o aumento das internações, principalmente na estação chuvosa, onde há pouco ou nenhum registro de focos de incêndio.
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Em escala decadal, mediante análise dos sinais dos índices climáticos, índice de oscilação sul (IOS) e o modo meridional do Atlântico (MMA), Marabá apresenta concordância entre internações, focos de queimadas e AOD, o que não se observa com a mesma exatidão para Santarém. Em escala sazonal, nossas análises mostram que os dois municípios estudados nesta pesquisa apresentaram um aumento no número de internações na estação seca, Marabá (3%) e Santarém (5%). A mesma estação também apresentou maior número de queimadas, AOD e alto valor de temperatura. A análise mensal do AOD mostrou que a atmosfera de Marabá pode estar sendo influenciada pela presença de outros tipos de aerossóis, como os emitidos pela atividade mineradora, logo há uma defasagem no tempo de aproximadamente 2 meses em relação às ocorrências de queimadas registradas dentro do município. Santarém não apresentou essa defasagem. A análise de regressão linear mostra que há correlação acima de 64% (Marabá) e 50% (Santarém), sendo estatisticamente significante e comprovando que a taxa de internação por doenças respiratórias depende do valor do AOD. Dos municípios investigados, Marabá é a localidade que apresenta o maior número de incêndios florestais com média de 188.5 (Santarém, 68,7) e, portanto, o maior valor de AOD, com média de 0,66 (Santarém, 0,47), ambos para a estação seca. Fica evidente que a componente climática tem relevante contribuição para o aumento das internações, principalmente na estação chuvosa, onde há pouco ou nenhum registro de focos de incêndio.This study examines the relationship between the time-series analysis of climate, deforestation, wildfire, Aerosol Optical Depth (AOD), and hospital admissions for respiratory diseases in the Eastern Amazon. Through a descriptive study with an ecological approach of an 18-year time-series analysis, we made a statistical analysis of two pre-established periods, namely, the rainy season and the dry season. On a decadal scale, analyzing the signals of climate indices [i.e., the Southern Oscillation Index (SOI) and the Atlantic Meridional Mode (AMM)], the city of Marabá presents correlations between hospital admissions, wildfire, and AOD. This is not observed with the same accuracy in Santarém. On a seasonal scale, our analysis demonstrated how both cities in this research presented an increase in the number of hospital admissions during the dry season: Marabá, 3%; Santarém, 5%. The same season also presented a higher number of fire outbreaks, AOD, and higher temperatures. The AOD monthly analysis showed that the atmosphere of Marabá may be under the influence of other types of aerosols, such as those from mining activities. There is a time lag of approximately 2 months in the records of wildfire in the city. Such lag is not found in Santarém. The linear regression analysis shows that there is a correlation above 64% (Marabá) and 50% (Santarém), which is statistically significant because it proves that the number of hospital admissions for respiratory diseases is dependable on the AOD value. From the cities in the study, Marabá presents the highest incidence of wildfire, with an average of 188.5— the average in Santarém is 68.7—, and therefore the highest AOD value, with an average of 0.66 (Santarém, 0.47), both during the dry season. It is evident that the climate component has a relevant contribution to the increase in the number of hospital admissions, especially during the rainy season, where there are few or no records of wildfires.Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES)2021-08-31info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/xmlhttps://www.rbciamb.com.br/Publicacoes_RBCIAMB/article/view/102010.5327/Z217694781020Revista Brasileira de Ciências Ambientais (RBCIAMB); v. 56 n. 3 (2021): RBCIAMB - ISSN 2176-9478 - Setembro; 398-412Revista Brasileira de Ciências Ambientais (RBCIAMB); Vol. 56 No. 3 (2021): RBCIAMB - ISSN 2176-9478 - September; 398-4122176-94781808-4524reponame:Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online)instname:Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES)instacron:ABESenghttps://www.rbciamb.com.br/Publicacoes_RBCIAMB/article/view/1020/646https://www.rbciamb.com.br/Publicacoes_RBCIAMB/article/view/1020/667Copyright (c) 2021 Brazilian Journal of Environmental Sciences (Online)http://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMoura, Mauricio do NascimentoVitorino, Maria IsabelSilva, Glauber Guimarães Cirino daAndrade Filho, Valdir Soares de2023-11-09T17:40:03Zoai:ojs.www.rbciamb.com.br:article/1020Revistahttp://www.rbciamb.com.br/index.php/Publicacoes_RBCIAMBhttps://www.rbciamb.com.br/Publicacoes_RBCIAMB/oairbciamb@abes-dn.org.br||2176-94781804-4524opendoar:2023-11-09T17:40:03Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online) - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES)false
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