Controle estratégico dos carrapatos nos bovinos.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ANDREOTTI, R.
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: GARCIA, M. V., KOLLER, W. W.
Tipo de documento: Capítulo de livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da EMBRAPA (Repository Open Access to Scientific Information from EMBRAPA - Alice)
Texto Completo: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1107102
Resumo: O controle do carrapato dos bovinos no Brasil tem como alvo apenas uma espécie de carrapato, o carrapato-do-boi, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, endêmica em praticamente todo o território nacional. A cadeia produtiva de bovinos, pela importância de produzir carne e leite em condições adequadas de consumo, com qualidade e segurança alimentar, protegendo, o meio ambiente e buscando produtividade e competitividade no mercado, tanto interno como externo, necessita realizar o controle do carrapato utilizando as melhores informações técnicas para obter uma eficácia satisfatória, com base no viés econômico. O carrapato-do-boi causa grandes prejuízos econômicos à cadeia produtiva de bovinos no Brasil e o seu controle ainda é realizado predominantemente com acaricidas, e apenas quando o gado se apresenta visualmente altamente infestado por esse ectoparasita, já no final da fase parasitária. Neste momento, a maior parte dos danos já se torna irreversível, mas, há um efeito desse tratamento quanto ao impacto positivo de redução de infestações posteriores. Este carrapato, por se alimentar de sangue, necessita obrigatoriamente passar uma fase de sua vida no hospedeiro, preferencialmente os bovinos. As fêmeas são as principais consumidoras de sangue durante a fase de vida parasitária e representam a maior parte do problema, causando espoliação nos animais por ingerir uma grande quantidade de sangue (0,5 mL a 1,0 mL durante a sua vida). Esse valor, multiplicado pelo número de parasitas sobre cada animal, permite estimar o total de sangue que o animal perde durante cada infestação. Além disso, durante a hematofagia, os carrapatos caso estiverem portando agentes patogênicos, podem transmitir estes patógenos pela saliva, imunomodulando a resposta do hospedeiro. Entre outros, destacam-se os agentes a Tristeza Parasitária Bovina - TPB (Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale). Quanto maior o número de carrapatos maior é o risco de se desenvolver a doença. Lesões no couro, causadas pela picada dos carrapatos, além de desvalorizar o produto, também podem favorecer a penetração de larvas de moscas causadoras das bicheiras (miíases). A soma dos prejuízos anuais que pode causar à pecuária brasileira, incluindo tanto os danos diretos quanto os custos para o seu controle, tem sido estimada em bilhões de dólares. Nos estados da Região Sul e demais regiões do país com grandes altitudes (clima temperado), podem ocorrer até três gerações anuais do carrapato. Este fato promove a instabilidade enzoótica para a TPB naquelas regiões. Nos demais estados do país podem ocorrer quatro ou cinco gerações, de modo que o carrapato pode estar presente em qualquer época do ano. Por todos esses fatores, o carrapato tem sido destacado, economicamente, como o mais importante ectoparasita de bovinos do país, particularmente em raças taurinas ou seus cruzamentos. A cadeia produtiva de bovinos atua de forma heterogênea no uso das tecnologias. Desde o sistema tradicional, no qual o produtor define a compra de um produto acaricida no balcão da loja de produtos veterinários, até sistemas sofisticados, onde o uso integrado de práticas de controle é desenhado para o sistema produtivo em questão e reduz ao mínimo os impactos causados pelo controle. Devem ser consideradas as diferenças entre dois tipos de produtor. De um lado, encontra-se o produtor de gado de corte que usa cruzamentos com raças mais produtivas para aumentar a produtividade do seu sistema por meio da precocidade, qualidade da carne etc., porém que são mais sensíveis ao carrapato. Este acaba ficando refém das infestações por carrapatos, porque foi produzida uma nova definição genética dessa população de bovinos cruzados em sistemas de produção. Considerando-se que existe uma estimativa de perda de um grama de carne por carrapato ao longo do ano, justifica-se economicamente a necessidade do controle. Por outro lado, há o produtor de leite, que procura levar a sua produção baseada em rebanhos com animais mais produtivos e também sensíveis ao carrapato, podendo chegar a uma perda de leite de 95 kg/animal/ano, principalmente com a raça holandesa e em sistema de produção familiar, acarretando diminuição nos lucros com impacto econômico na produção familiar.
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Além disso, durante a hematofagia, os carrapatos caso estiverem portando agentes patogênicos, podem transmitir estes patógenos pela saliva, imunomodulando a resposta do hospedeiro. Entre outros, destacam-se os agentes a Tristeza Parasitária Bovina - TPB (Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale). Quanto maior o número de carrapatos maior é o risco de se desenvolver a doença. Lesões no couro, causadas pela picada dos carrapatos, além de desvalorizar o produto, também podem favorecer a penetração de larvas de moscas causadoras das bicheiras (miíases). A soma dos prejuízos anuais que pode causar à pecuária brasileira, incluindo tanto os danos diretos quanto os custos para o seu controle, tem sido estimada em bilhões de dólares. Nos estados da Região Sul e demais regiões do país com grandes altitudes (clima temperado), podem ocorrer até três gerações anuais do carrapato. Este fato promove a instabilidade enzoótica para a TPB naquelas regiões. Nos demais estados do país podem ocorrer quatro ou cinco gerações, de modo que o carrapato pode estar presente em qualquer época do ano. Por todos esses fatores, o carrapato tem sido destacado, economicamente, como o mais importante ectoparasita de bovinos do país, particularmente em raças taurinas ou seus cruzamentos. A cadeia produtiva de bovinos atua de forma heterogênea no uso das tecnologias. Desde o sistema tradicional, no qual o produtor define a compra de um produto acaricida no balcão da loja de produtos veterinários, até sistemas sofisticados, onde o uso integrado de práticas de controle é desenhado para o sistema produtivo em questão e reduz ao mínimo os impactos causados pelo controle. Devem ser consideradas as diferenças entre dois tipos de produtor. De um lado, encontra-se o produtor de gado de corte que usa cruzamentos com raças mais produtivas para aumentar a produtividade do seu sistema por meio da precocidade, qualidade da carne etc., porém que são mais sensíveis ao carrapato. Este acaba ficando refém das infestações por carrapatos, porque foi produzida uma nova definição genética dessa população de bovinos cruzados em sistemas de produção. Considerando-se que existe uma estimativa de perda de um grama de carne por carrapato ao longo do ano, justifica-se economicamente a necessidade do controle. Por outro lado, há o produtor de leite, que procura levar a sua produção baseada em rebanhos com animais mais produtivos e também sensíveis ao carrapato, podendo chegar a uma perda de leite de 95 kg/animal/ano, principalmente com a raça holandesa e em sistema de produção familiar, acarretando diminuição nos lucros com impacto econômico na produção familiar.RENATO ANDREOTTI E SILVA, CNPGC; Marcos Valério Garcia, Biólogo. 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