Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos CESPUC de Pesquisa |
Texto Completo: | http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/17053 |
Resumo: | O presente trabalho ancora-se no estudo do romance As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho a partir da perspectiva memorialística. Ao se tomar como premissa a ideia de que há, nos dias atuais, uma obsessão pela memória, intenta-se mostrar como o romance de Borges Coelho se apropria da questão memorialística. Procura-se ressaltar que as memórias encenadas na narrativa circunscrevem não apenas o indivíduo, mas também a memória coletiva dos espaços e das nações encenadas. Procura-se investigar as relações entre memória individual e memória coletiva e histórica, principalmente, com o objetivo de demonstrar que, da mesma maneira que as identidades passam por processos de negociação, a memória também tem que ser negociada para que uma única voz não se sobreponha ao processo de recuperação das memórias, legitimando-se, assim, como verdade absoluta. Portanto, intenta-se ler na narrativa as muitas vozes, identidades, tradições e memórias que se entrecruzam para demonstrar como os discursos marginais, pelos caminhos da ficção, emergem do silenciamento, questionando seus espaços e rompendo com a memória hegemônica, privilegiada pela versão da historiografia.O trabalho “Relendo as memórias” problematiza a questão de como a memória é assumida, de forma contundente, nas sociedades modernas e particularmente pelo gênero romance. Para além de considerar-se o que Andreas Huyssen (2000) afirma ser uma característica do mundo atual, a obsessão pelas memórias, busca-se, à luz dos estudos de Michael Pollak (1989), compreender os modos como, no romance em questão, as memórias marginais e subterrâneas são negociadas e se imbricam à ideia de construção da nação moçambicana. Destaca-se a importância dos estudos de Paul Ricouer (2008) sobre a relação entre memória e história, o que permite perceber como dados e fatos históricos são retomados na narrativa de Borges Coelho. A correlação entre memória e construção identitária é importante de ser pensada no âmbito deste trabalho, pois, no romance há personagens que assumem determinadas construções identitárias em virtude do jogo entre rememoração e esquecimento. O esquecimento, como pontua Paul Ricouer, funciona para personagens do romance como uma espécie de fuga, o que torna o jogo entre lembrança e esquecimento de extrema importância na análise da narrativa romanesca.Palavras-chave : Romance. Memórias. Nação. Identidade |
id |
PUC_MINS-7_45cc0d7122f1981e51bf3ea33f5fd95d |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/17053 |
network_acronym_str |
PUC_MINS-7 |
network_name_str |
Cadernos CESPUC de Pesquisa |
repository_id_str |
|
spelling |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges CoelhoO presente trabalho ancora-se no estudo do romance As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho a partir da perspectiva memorialística. Ao se tomar como premissa a ideia de que há, nos dias atuais, uma obsessão pela memória, intenta-se mostrar como o romance de Borges Coelho se apropria da questão memorialística. Procura-se ressaltar que as memórias encenadas na narrativa circunscrevem não apenas o indivíduo, mas também a memória coletiva dos espaços e das nações encenadas. Procura-se investigar as relações entre memória individual e memória coletiva e histórica, principalmente, com o objetivo de demonstrar que, da mesma maneira que as identidades passam por processos de negociação, a memória também tem que ser negociada para que uma única voz não se sobreponha ao processo de recuperação das memórias, legitimando-se, assim, como verdade absoluta. Portanto, intenta-se ler na narrativa as muitas vozes, identidades, tradições e memórias que se entrecruzam para demonstrar como os discursos marginais, pelos caminhos da ficção, emergem do silenciamento, questionando seus espaços e rompendo com a memória hegemônica, privilegiada pela versão da historiografia.O trabalho “Relendo as memórias” problematiza a questão de como a memória é assumida, de forma contundente, nas sociedades modernas e particularmente pelo gênero romance. Para além de considerar-se o que Andreas Huyssen (2000) afirma ser uma característica do mundo atual, a obsessão pelas memórias, busca-se, à luz dos estudos de Michael Pollak (1989), compreender os modos como, no romance em questão, as memórias marginais e subterrâneas são negociadas e se imbricam à ideia de construção da nação moçambicana. Destaca-se a importância dos estudos de Paul Ricouer (2008) sobre a relação entre memória e história, o que permite perceber como dados e fatos históricos são retomados na narrativa de Borges Coelho. A correlação entre memória e construção identitária é importante de ser pensada no âmbito deste trabalho, pois, no romance há personagens que assumem determinadas construções identitárias em virtude do jogo entre rememoração e esquecimento. O esquecimento, como pontua Paul Ricouer, funciona para personagens do romance como uma espécie de fuga, o que torna o jogo entre lembrança e esquecimento de extrema importância na análise da narrativa romanesca.Palavras-chave : Romance. Memórias. Nação. IdentidadeEditora PUC Minas2018-04-12info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/1705310.5752/P.2358-3231.n32p55-66Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios; n. 32 (2018): Realidade, Realismos e Novos Realismos; 55-662358-3231reponame:Cadernos CESPUC de Pesquisainstname:Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)instacron:PUC_MINSporhttp://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/17053/13091Copyright (c) 2018 Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaiosinfo:eu-repo/semantics/openAccessDeus, Lílian Paula Serra e2019-09-16T02:45:08Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/17053Revistahttp://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/indexhttp://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/oaicespuc@pucminas.br||cespuc@pucminas.br2358-32311516-4020opendoar:2019-09-16T02:45:08Cadernos CESPUC de Pesquisa - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
title |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
spellingShingle |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho Deus, Lílian Paula Serra e |
title_short |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
title_full |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
title_fullStr |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
title_full_unstemmed |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
title_sort |
Relendo as memórias: a questão das memórias em As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho |
author |
Deus, Lílian Paula Serra e |
author_facet |
Deus, Lílian Paula Serra e |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Deus, Lílian Paula Serra e |
description |
O presente trabalho ancora-se no estudo do romance As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho a partir da perspectiva memorialística. Ao se tomar como premissa a ideia de que há, nos dias atuais, uma obsessão pela memória, intenta-se mostrar como o romance de Borges Coelho se apropria da questão memorialística. Procura-se ressaltar que as memórias encenadas na narrativa circunscrevem não apenas o indivíduo, mas também a memória coletiva dos espaços e das nações encenadas. Procura-se investigar as relações entre memória individual e memória coletiva e histórica, principalmente, com o objetivo de demonstrar que, da mesma maneira que as identidades passam por processos de negociação, a memória também tem que ser negociada para que uma única voz não se sobreponha ao processo de recuperação das memórias, legitimando-se, assim, como verdade absoluta. Portanto, intenta-se ler na narrativa as muitas vozes, identidades, tradições e memórias que se entrecruzam para demonstrar como os discursos marginais, pelos caminhos da ficção, emergem do silenciamento, questionando seus espaços e rompendo com a memória hegemônica, privilegiada pela versão da historiografia.O trabalho “Relendo as memórias” problematiza a questão de como a memória é assumida, de forma contundente, nas sociedades modernas e particularmente pelo gênero romance. Para além de considerar-se o que Andreas Huyssen (2000) afirma ser uma característica do mundo atual, a obsessão pelas memórias, busca-se, à luz dos estudos de Michael Pollak (1989), compreender os modos como, no romance em questão, as memórias marginais e subterrâneas são negociadas e se imbricam à ideia de construção da nação moçambicana. Destaca-se a importância dos estudos de Paul Ricouer (2008) sobre a relação entre memória e história, o que permite perceber como dados e fatos históricos são retomados na narrativa de Borges Coelho. A correlação entre memória e construção identitária é importante de ser pensada no âmbito deste trabalho, pois, no romance há personagens que assumem determinadas construções identitárias em virtude do jogo entre rememoração e esquecimento. O esquecimento, como pontua Paul Ricouer, funciona para personagens do romance como uma espécie de fuga, o que torna o jogo entre lembrança e esquecimento de extrema importância na análise da narrativa romanesca.Palavras-chave : Romance. Memórias. Nação. Identidade |
publishDate |
2018 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2018-04-12 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/17053 10.5752/P.2358-3231.n32p55-66 |
url |
http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/17053 |
identifier_str_mv |
10.5752/P.2358-3231.n32p55-66 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/17053/13091 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2018 Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2018 Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Editora PUC Minas |
publisher.none.fl_str_mv |
Editora PUC Minas |
dc.source.none.fl_str_mv |
Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios; n. 32 (2018): Realidade, Realismos e Novos Realismos; 55-66 2358-3231 reponame:Cadernos CESPUC de Pesquisa instname:Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) instacron:PUC_MINS |
instname_str |
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) |
instacron_str |
PUC_MINS |
institution |
PUC_MINS |
reponame_str |
Cadernos CESPUC de Pesquisa |
collection |
Cadernos CESPUC de Pesquisa |
repository.name.fl_str_mv |
Cadernos CESPUC de Pesquisa - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) |
repository.mail.fl_str_mv |
cespuc@pucminas.br||cespuc@pucminas.br |
_version_ |
1798329686478028800 |