O conto-poema de Caio Fernando Abreu: uma leitura de Sem Ana, blues
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP |
Texto Completo: | https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/31630 |
Resumo: | O presente trabalho investiga como o conto “Sem Ana, blues”, de Caio Fernando Abreu, apresenta em sua estrutura, não somente marcas da tradição da poesia trovadoresca, mas uma inovação, por meio da junção entre conto e poema. Sustentamos essa investigação nas idéias de Denis de Rougemont e de Octavio Paz acerca da tradição lírico-amorosa ocidental. Quanto à estrutura formal do conto, Massaud Moisés fornece um modelo estrutural daquilo que seria um conto típico. Mas como essa estrutura é um tanto subvertida no texto de Caio Fernando, valemo-nos das observações de Julio Cortázar, que estudada a aproximação do conto com a poesia. Mostramos que o conto em análise é uma espécie de mutação do gênero conto. Como complementação teórica, estudaremos a estrutura do blues e sua influência na literatura, bem como o diálogo da literatura com a cultura pop. Nosso estudo constata que o conto “Sem Ana, blues” possui uma narrativa cíclica, marcada por repetições de frases e de situações. A linguagem do texto é metafórica, e as sentenças possuem ritmo e musicalidade. Estes procedimentos organizam a experiência do narrador, que é um sujeito marcado pelo abandono da amada Ana, ausente no texto como personagem, mas presente o tempo todo no discurso do narrador. Esse processo causa dois movimentos contrários no narrador: queda e aprendizagem. Verificamos também que o conto pode ser lido como uma metáfora da criação literária, já que a trajetória do narrador/eu-lírico é também a construção de um discurso. Ele busca Ana na vida, mas parece só encontrá-la em sua própria fala. O conto registra uma busca do inatingível, que se faz pela fala poético-musical do narrador, próxima das cantigas trovadorescas. A herança lírica medieval reside na linguagem simbólica e musical do conto, bem como no canto do amor marcado pela melancólica dramaticidade indicada pelo blues no título. O narrador por sua vez é um sujeito romântico, cuja escrita é um preenchimento poético do silêncio deixado por Ana |
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